Estar síndico apesar da aparente simplicidade surpreende pela quantidade de tarefas, visíveis apenas quando assume o cargo. O isolamento é freqüente e as conseqüências dependem do resultado decorrente da sua eleição. Comumente são três os tipos de processos eleitorais: candidatura de consenso, candidaturas oriundas de disputas internas e, candidatura espontânea.

Uma candidatura de consenso leva vantagem na estabilidade necessária a qualquer gestão. Disputas internas, sem um elevado nível de debate, resultam em conflitos pós-eleitorais e, o pior dos quadros, candidatura sem nenhum critério de discussão entre os moradores: o famoso “pára-quedista”, sendo praticamente impossível prever o futuro desta modalidade de gestão.

Independente dos processos no final quase sempre o síndico acaba mesmo é sozinho. Raramente encontra colaboradores assíduos e gradualmente distancia-se do restante da comunidade.

Conflitos de todos os lados, ocasionados por brigas de vizinhos, falta de dinheiro, inadimplência e uma vasta legislação a ser cumprida, tornam o cargo conflituoso e de alto risco, afastando cada vez mais os condôminos. Isto tem favorecido o surgimento do “sindico profissional”, contratado para comparecer no condomínio uma ou duas vezes por semana, a um custo que nem todos podem ou querem pagar, sem entrar ainda na questão dos critérios de contratação, vital nesta modalidade profissional.

Outro dado importante: enquanto os demais cargos eletivos (vereadores, deputados entre outros) afastam o eleito da comunidade, o síndico, pelo contrário, fica frente a frente com os eleitores. Existem vizinhos que não tem o menor escrúpulo em praticar ofensas pessoais, chegando ao absurdo de agressões físicas.

Quer fazer um teste? Basta aplicar o Regimento Interno, votado pelos próprios moradores. É raro encontrar um condômino que admita seu erro, e ainda classifica o síndico como intransigente. De imediato, podemos dizer que existe aí um elemento cultural, basta ler a pesquisa realizada medindo o comportamento das pessoas no trânsito de São Paulo: não existe culpados nos acidentes ou brigas, a culpa é sempre do outro motorista.

Todos estes fatores colocam o síndico no “olho do furacão”.

O quer fazer?

Em primeiro lugar, cabe ao conjunto dos condôminos que se constituem como vanguarda construírem soluções que incentivem a participação direta na gestão do seu condomínio, observando a Convenção, Regimento Interno, a vasta legislação em vigor e, principalmente as relações sociais inerentes à vida em condomínio.

Em segundo, ter clareza da necessidade de profissionalizar a gestão condominial, definindo o perfil para o cargo de síndico, dos funcionários e, principalmente da administradora, que deverá auxiliar em mais de 120 tarefas burocráticas necessárias aos condomínios. As principais entidades do setor AABIC e Secovi SP produzem materiais referentes ao assunto, como exemplo o “Manual do Síndico”, que no momento está esgotado, mas o Secovi-SP está preparando uma nova edição, e “Como contratar uma Administradora”, além de revistas mensais, servindo de guia aos síndicos e condôminos.

Em terceiro, aplicado os critérios anteriores, acompanhar efetivamente a gestão do condomínio. Como sugestão, indicamos: examinar o resumo da prestação de contas, tirando suas eventuais dúvidas com os conselheiros eleitos e, participar das assembléias, principalmente das anuais de prestação de contas. Outro alerta importante: procure dicas e instruções diversas em sites como o Sindiconet; feiras, como a Expo Sindico e cursos voltados ao setor imobiliário.

Em quarto, os condôminos devem dedicar uma parte do seu tempo ao condomínio, apoiando ou criticando construtivamente o síndico e a administradora, caso contrário, poderá ver seu patrimônio desvalorizado ou até dilapidado e, o que é pior: pagar a conta.

Juraci Baena Garcia é diretor de Condomínios da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP e titular da Villagua Administradora de Condomínios