Estrangeiros voltam -Gilberto Mifano (BMF/Bovespa) considera 2008 um ano “inesquecível”, em função das vertiginosas quedas, provocada pela saída dos investidores estrangeiros (“O investidor pessoa física mostrou muito mais maturidade”). Segundo ele, 2009 não vai ser fácil, mas também apresentará grandes oportunidades. “O problema hoje é falta de visão. O nome do jogo é liquidez. O capital estrangeiro que migrou para títulos públicos norte-americanos vai retornar. A maioria dos investidores é institucional e têm de garantir rendimentos aos seus clientes. O Brasil não mexeu nas regas do jogo, como fez a Rússia e ainda é um país muito barato. Os estrangeiros vão voltar a investir aqui, basta que governo e empresários não façam bobagens e se convençam de que o mundo não acabou nem vai acabar. Se não acreditarmos nisso, ninguém comprará imóveis, vamos desinvestir, não haverá produção”, sentenciou. Luiz França (Abecip) salientou que o crédito imobiliário ainda participa timidamente do PIB (apenas 2% contra 17% no Chile, por exemplo). Há grande espaço para crescer. “No Brasil não corremos o risco de um afrouxamento na concessão de financiamentos, como aconteceu nos EUA. A própria Selic limita o volume de pessoas aptas a obter crédito. Os regulamentos são rigorosos, de forma que não teremos suprime nacional”. Bons projetos terão crédito – O presidente da Abecip destacou que deverão ser financiadas este ano, no Brasil, cerca de 300 mil unidades (seis vezes mais do que foi feito em 2004). A previsão é totalizar R$ 30 bilhões em crédito, número dez vezes maior em relação a quatro anos atrás. “Em 2009 devem ser feitos alguns ajustes, também em função do crescimento do PIB. Quanto maior, maior a renda. Também não vejo problemas quanto ao pagamento das prestações, pois a TR deverá continuar baixa. Tudo o que for construído e entregue será financiado. Há uma demanda média de R$ 1,4 bilhão/ano por financiamentos habitacionais, em diversas faixas de renda. Bons projetos, com boa velocidade de vendas terão crédito”. Auto-estima e lição de casa – A visão do economista Paulo Rabelo de Castro é menos otimista, prevendo agravamento da situação economia para o segundo trimestre do ano que vem. “Ainda não estamos no fundo do poço, mas a má notícia é que o poço tem fundo”. Porém, isso se aplica mais ao mercado de ativos, e não ao de crédito imobiliário, que apenas começou no Brasil. Castro considerou a boa percepção mundial quanto às condições nacionais. “Antes faziam troça de nosso excesso de rigor. Hoje, admiram. O risco de uma crise bancária no País é um conjunto vazio, pois nosso grau de alavancagem é controlado por um acordo da Basiléia”. Para ele, a atual situação se constitui em oportunidade de se fazer um resgate dos políticos, cientes de que a sociedade não compactua com o processo de distribuir dinheiro e socializar prejuízos. “Corremos o risco de transformar a política, o que é bom”. O economista considera que, ao final da crise, surgirão moedas competindo com o dólar, promovendo o reequilíbrio do comércio. “Se o Brasil tiver auto-estima, reconhecer sua capacidade de crescer e fizer a lição de casa (reformas) e preservar as liberdades políticas e sociais, seremos o lugar onde o mundo poderá colocar seu dinheiro, e teremos tempos formidáveis pela frente.”]]>