O presidente do Secovi-SP, João Crestana, acompanhado do vice-presidente de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Sindicato, Caio Portugal, subscreveu nessa quinta-feira, 16/10, às 11 horas, o Protocolo Ambiental da Construção Civil Sustentável com o governo do Estado, por meio das Secretarias de Meio Ambiente e da Habitação, representadas na ocasião por seus titulares, Xico Graziano e Lair Krähenbünl, respectivamente.

Para Tércio Carvalho, coordenador de Planejamento Ambiental da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, algumas estatísticas, como a extração de dois terços de madeira de florestas naturais, justificam a assinatura do Protocolo Ambiental com o setor. “O segmento é responsável pela geração diária de mais de meia tonelada de resíduos por habitante no Estado. Também, a cada tonelada de cimento produzido, joga-se no meio ambiente meia tonelada de dióxido de Carbono”, explicou.

Na avaliação do técnico, a maturidade atual do setor produtivo e o nível de consciência dos empresários propiciaram a elaboração dos termos do Protocolo Ambiental, cujas principais metas são propiciar condições favoráveis para alavancar a sustentabilidade econômica do segmento; e promover a cooperação técnica e institucional entre governo do Estado de Sâo Paulo, indústria, loteadores, arquitetos, construção civil e incorporadores.

Metas – O documento assinado traça diversos parâmetros para nortear a atividade produtiva dentro de um ambiente sustentável, tais como: utilização de critérios de sustentabilidade no desenvolvimento dos projetos habitacionais; uso de insumos certificados ambientalmente, como madeira certificada; redução dos resíduos nos canteiros de obras, e distribuição do material gerado para reúso dentro da própria cadeia produtiva da construção; desenvolvimento urbano sem supressão da vegetação existente; adoção de atitudes sustentáveis provenientes da capacitação e educação de todos os agentes da cadeia produtiva.

Para Carvalho, o bom consumidor irá privilegiar os bons construtores e empreendimentos. “Entretanto, será preciso que os empreendedores imobiliários executem cada linha dos termos do protocolo.”

Oportunidade – O presidente do Secovi-SP, João Crestana, vê a inciativa como oportunidade única. “Toda a diretoria da entidade está empenhada na defesa da sustentabilidade ambiental e cultural e da responsabilidade social de nossas empresas. O foco está no desenvolvimento urbano equilibrado, de maneira a atender os anseios da sociedade, com cumprimento das leis”, enfatizou.

As estatísticas mundiais são preocupantes, conforme Crestana. “Os Estados Unidos gastam U$ 600 bilhões na indústria de armamentos, acabaram de injetar a mesma quantia no socorro aos bancos e só investem U$ 10 bilhões em sustentabilidade. Atitudes corretas como as porpostas por este protocolo nos inspiram a reverter um quadro de escassez dos bens naturais. Temos de pensar no futuro das gerações”, concluiu.

O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, falou que São Paulo servirá de exemplo para o restante do País. “É o governo legislando com base nas informações de quem produz. Temos o desafio de legar às futuras gerações um Brasil sustentável.”

Poder público – Traçar diretrizes comuns e unir a cadeia da construção civil e imobiliária com o poder público foi uma atividade bastante complexa, conforme avaliação do Secretário Estadual de Habitação, Lair Krähenbühl. “É uma demonstração de sensibilidade com as causas ambientais e habitacionais, além de representar a busca por equilíbrio de ações.”

Krähenbühl, que também é presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), lembrou que o governo já adotou medidas inovadoras nos projetos de habitação popular, como aumento do pé direito das unidades e do número de dormitórios; uso de pisos especiais e adoção do desenho universal, para atender as necessidades de deficientes físicos e pessoas com mobilidade reduzida. “Tudo isso tem foco na sustentabilidade e na qualidade de vida da população. Que os empresários imobiliários adotem as medidas em suas empresas e ajudem a mudar a mentabilidade do País”, ressaltou o secretário.

Alicerces – O secretário Estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, falou da importância de trabalhar com agendas positivas e classificou o Protocolo Ambiental da Construção Civil Sustentável como excelente exemplo de superação. “Queremos implantar novos conceitos e processos que transformem dificuldades em oportunidades”, ressaltou.

Para que a sociedade acredite nas ações políticas são necessárias decorrências objetivas. “Nesse sentido, o documento assinado hoje estabelece condições mensuráveis, pois os certificados ambientais serão expedidos para as empresas que agirem de acordo com o que está estabelecido. Vamos transformar boas intenções em realidade”, assegurou Graziano.

Inicialmente, a Secretaria do Meio Ambiente vai acompanhar o cumprimento de três aspectos:

Madeira – Em novembro deste ano, todas as madeireiras paulistas estarão cadastradas. A partir de 2009, serão expedidos selos “Madeira Legal” para o setor atacadista. Esse selo comprovará a conformidade de reflorestamento do produto;

Areia – Será aumentada a fiscalização e o processo de extração será reformulado pelo Estado;

Argila – Aumento da fiscalização.

“Processos econômicos muito aquecidos pedem mais cuidados ambientais e de sustentabilidade, bem como mudanças com convencimento e articulação. A agenda positiva estabelecida hoje terá de ter resultados”, concluiu o secretário Graziano.

Participaram do evento, realizado na sede da Secretaria do Meio Ambiente, os presidentes do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, da Apeop – Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas, Arlindo Moura, e da Aelo – Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano, Luiz Eduardo Camargo, entidades que assinam o documento juntamente com Asbea – Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura, e Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo -, cujo presidente, Paulo Skaf, esteve representado por João Claudio Robusti.

Confira, no link abaixo, a íntegra do Protocolo, .