“Se voltarmos à inflação – que, segundo recentes notícias, já está em queda – todos os anos de estabilidade econômica irão por água abaixo”, sentenciou Celso Petrucci, diretor executivo do Sindicato e da Universidade Secovi, além de membro do Conselho Curador no FGTS, durante o Encontro Secovi do Mercado Imobiliário do Grande ABC, realizado no último dia 5/8, na sede da Acigabc – Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC, representante regional do Secovi-SP.

Petrucci trouxe algumas notícias alviçareiras durante a sua palestra “Mercado Imobiliário – Abertura de Capital – Tendências e Desafios”, a exemplo da evolução da dita classe média brasileira, que agora representa mais de 50% da população, segundo pesquisas recentes da Fundação Getúlio Vargas; a própria notícia da tendência de queda da inflação e, um dos fatos mais animadores para o setor: o financiamento imobiliário com recursos da caderneta de poupança bateu seu recorde em junho último, desde a sua criação em 1964, superando a casa dos R$ 3,3 bilhões em apenas um mês.

Ainda segundo o especialista, os anos de 2006 e 2007 serão marcados pela captação de algo em torno de R$ 20 bilhões na Bolsa, por parte das grandes empresas imobiliárias “embora esta tenha apresentado uma de suas piores quedas nos últimos meses”, disse. “Algumas empresas do setor já apresentam lucros que beiram os R$ 2 bilhões nesse período”, completou. Para o diretor do Sindicato, o gigantismo do mercado não deixa rastro de devastação, mas sim um profícuo terreno para as empresas “mais modestas” atuarem com tranqüilidade. “2008 será o ano da consolidação, pois a abertura de capital já propiciou a expansão imobiliária em praticamente uma centena de cidades (com perfil de 100 mil habitantes) em todo o País. Esse fenômeno também traz uma maior profissionalização do nosso mercado”, analisou.

Crescimento regional também é fruto da elitização legislativa da capital – a Região Metropolitana do Grande ABC foi uma das que mais cresceu em termos imobiliários no âmbito nacional ao longo dos últimos meses. Assim como lá, outras localidades se destacam, e isso se dá em função de vários fatores. “Um deles é a ‘elitização’ dos estatutos e planos diretores da capital, aliada ao alto custo do terreno”, revelou Petrucci. Santos, Campinas e São José dos Campos, por exemplo, já formam uma das maiores ‘manchas’ urbanas do mundo, de acordo com ele. Apesar de muitas vezes sofrer conseqüências das barreiras legislativas, a expansão imobiliária avança e, mesmo com a demanda alta para o crédito em todos os níveis, nunca a inadimplência no setor esteve tão baixa – algo em torno de apenas 2%. “Hoje, a operação de crédito imobiliário é a mais sadia do País, e, se o cenário político e econômico continuar do jeito que está, teremos um extraordinário mercado para, pelo menos, os próximos 15 anos”, considerou.

Segmento econômico é tendência forte e lucrativa – com mais de três décadas de atuação no mercado, Celso Petrucci aponta o segmento de dois dormitórios como um dos mais confiáveis em termos comerciais, seja em qual região ou contexto for. “Inclusive, várias das grandes empresas já criaram subsidiárias para esse segmento de imóveis, a exemplo da Cyrela, Gafisa, Klabin e Lopes, exemplificou. “O Futuro do mercado está centrado na classe média e média baixa”, reforçou.

Desafios – nacionalizar, interiorizar e internacionalizar o mercado, além de criar estatísticas e pesquisas fortes, fiéis e confiáveis, a partir da unificação de informações oriundas das diversas entidades e organismos atuantes do setor, são alguns dos desafios vislumbrados para os próximos anos na esfera imobiliária, ainda de acordo com o diretor. “A concentração de informações no registro eletrônico, a criação de um cadastro positivo, assim como a padronização de contratos aliada ao desenvolvimento de tecnologias e processos de produção, são alguns dos outros pontos fundamentais para o equilíbrio do processo de crescimento da indústria imobiliária brasileira. Mas, para tal, precisamos de uma alta dose de vontade política”, finalizou.

O Encontro Secovi do Mercado Imobiliário do Grande ABC contou com a coordenação de Milton Bigucci, presidente da Acigabc e vice-presidente do Interior do Secovi-SP, e com a participação de Ricardo Gonçalves, engenheiro civil e membro da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Sindicato, por meio da palestra “A valorização patrimonial e a manutenção predial”.

Ao comemorar seus 20 anos, Acigabc prestigia Novos Empreendedores – “O mundo mudou, e cada um de nós deverá cavar seu próprio espaço. Vamos encontrar o caminho e as respostas em eventos e ações como esta de hoje”, vislumbrou Milton Bigucci Jr., coordenador do Grupo Novos Empreendedores (NE) ABC paulista, oficializado durante o Encontro. Para Bigucci Jr, seu trabalho na região girará em torno de foco e objetivo próprios, sempre priorizando novas propostas que favoreçam um debate democrático e saudável com os setores produtivos e com o Estado. “Com sustentabilidade e coesão de idéias”, afirmou. O coordenador-geral do NE, Tony Gonçalves, agradeceu o empenho e engajamento do núcleo local, e na oportunidade traçou um breve perfil do NE e suas realizações. Gonçalves acredita que, após um processo regional de integração – além do ABC, hoje, o NE já está presente em pólos como Campinas, Jundiaí e São José do Rio Preto -, os participantes do Grupo naturalmente migrarão para os vários ramos de atuação no escopo do Sindicato, agregando valor, e sem ter a necessidade de romper com o NE. Outras informações no site www.secovine.com.br.