Flavio Amary, presidente do Secovi-SP, participa da abertura do evento

Na terça-feira, 13/6, o Secovi-SP (Sindicato da Habitação) sediou o Workshop Implementação do BIM (Building Information Modeling). Esta foi a sexta edição do roadshow promovido pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), por meio da Comat (Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade), com o intuito de democratizar o conhecimento sobre o tema e oferecer subsídio à implementação da metodologia nas empresas do segmento da construção.

Na abertura do evento, Flavio Amary, presidente do Secovi-SP, falou da urgência do tema para o Brasil, em vista da adoção mais avançada em outros países. “O BIM é de suma importância para o mercado imobiliário e é papel da nossa entidade, em parceria com outras, promover encontros como esses, cujo objetivo é disseminar, incentivar e debater tecnologias que já estão à disposição, para que, de forma unida, possamos construir melhorias para o nosso setor.”

Para Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP, o BIM é um caminho irreversível. “O uso da metodologia é uma realidade absoluta no mercado e a questão, agora, é de que forma vamos trabalhar. Além de permitir uma melhoria enorme na qualidade dos projetos, do levantamento das quantidades, da gestão do planejamento físico, das facilities do pós-obra, o BIM potencializa uma série de vantagens. Seja por exigência da legislação e de políticas públicas, seja porque pretendemos sobreviver no mercado, o BIM é um caminho sem volta”, afirmou Borges, destacando ainda um maior nível de colaboração e de relacionamento entre os projetistas e as construtoras na utilização do BIM. “Sem essa integração, não conseguiremos os resultados pretendidos.”

O consultor Rogério Suzuki apresentou a Coletânea Implementação do BIM para Construtoras e Incorporadoras, disponível para download gratuito no site da CBIC. As ações descritas estão contidas no projeto de disseminação do BIM, uma iniciativa CBIC e Senai Nacional. Assinada por Wilton Catelani, a publicação traz os principais passos para a implantação da plataforma. Está organizada em cinco volumes: Fundamentos BIM, Implementação BIM, Colaboração e Integração BIM, Fluxos de Trabalho BIM e Formas de Contratação BIM.

De acordo com enquete realizada com participantes do roadshow nas cinco capitais por onde já passou, 34% afirmaram entregar empreendimentos no prazo, 32% com custo abaixo do previsto e 12% disseram que não irão adotar BIM. Suzuki alertou para o perigo de empresas não perceberem os sinais de mudança e serem engolidas por quem é mais rápido. “É fundamental inovar para sobreviver”, disse. “BIM implica em gestão de mudança, é a implementação de uma forma de pensar, de uma cultura.”

Segundo pesquisas consultadas por Suzuki, enquanto todas as outras indústrias evoluem em receita e produtividade por funcionário, a construção civil decai – uma das causas é a falta da adoção de tecnologia. “Nosso arranjo produtivo é diferente. Temos dificuldades intrínsecas ao nosso negócio, mas, usando uma boa tecnologia, conseguiríamos suavizar essa queda.”

Representantes das desenvolvedoras de softwares de BIM Trimble, Graphisoft e Autodesk apresentaram suas soluções, todas enfatizando o uso de formatos abertos que permitem interoperabilidade e continuidade na modelagem, já que há mais de 200 softwares no mercado.

Foram apresentados três cases do uso da plataforma. Paulo Sanchez, diretor técnico da Sinco Engenharia e líder do Projeto Disseminação do BIM, usa a tecnologia desde 2011 e já fez 30 empreendimentos modelados. Para ele, um dos principais ganhos foi no planejamento das obras. Com BIM, sua equipe consegue fazer previsão com seis meses de antecedência, fundamental para o departamento de suprimentos comprar os materiais necessários e o de engenharia se programar para as etapas de obra que estão por vir. São feitas reuniões mensais com todos os envolvidos para acompanhar a evolução. Segundo ele, antes de 2011, todas as suas obras atrasavam. Depois, com a transparência e a gestão oferecidas pelo BIM, é possível cumprir o que promete aos clientes.

Rodrigo Girardi, diretor da Quattro D, alertou para a necessidade de maior comunicação dos projetistas com incorporadoras e construtoras; atenção na contratação, com o detalhamento esperado e definição da entrega do projeto em 2D ou BIM; e o BIM ser visto dentro da gestão de mudança. “O BIM deve ser considerado um polo gerador de mudança da empresa. Não pode ser visto somente sob o aspecto da engenharia, mas sim, de inovação. Ele muda o modelo de negócios da empresa, que passa a olhar para o BIM como parte estratégica dos seus movimentos.”

Diretor da Dox, Francisco Vasconcellos passou a visão do BIM dentro de uma empresa de gerenciamento de projetos, abordou a importância estratégica da ferramenta e do seu poder de geração de informação de qualidade, além dos visíveis e rápidos resultados. “Implantação do BIM não é apenas a compra de um software, mas consiste em uma grande mudança de postura da empresa: mudar e padronizar processos, escolher software, treinar pessoas. O ganho e o retorno são facilmente medidos e vêm de imediato”, afirmou Vasconcellos, que também é vice-presidente Administrativo e Financeiro do SindusCon-SP.

Estiveram presentes no evento Raquel Ribeiro, representando o presidente da Comat/CBIC, Dionyzio Antonio Klavdianos; representantes das secretarias municipais de Urbanismo e Licenciamento, de Serviços e Obras e de Verde e Meio Ambiente; e representante da secretarial estadual da Habitação.

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