Marcio Oliveira, da Lew Lara: “Ter tudo disponível, o tempo todo”

“Se a sua empresa tem um diferencial, prove.” Basicamente, esta é a principal recomendação de Marcio Oliveira, CEO e sócio da agência de publicidade Lew Lara, e que foi extraída de sua palestra na tarde de quarta-feira, 4/10, durante o Enacon (Encontro das Administradoras de Condomínios). Marcos Gubeissi, que é diretor de Administradoras da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, foi o coordenador do painel.

O empresário de publicidade e propaganda falou da necessidade de as empresas ampliarem o campo de visão quando se trata de análise da concorrência. Conclusões óbvias, formuladas a partir do estudo de marcas, produtos e serviços semelhantes devem ser descartadas. Deve-se olhar para outros mercados, que podem, inclusive, ser os agentes de mudança.

Oliveira usou como exemplos as marcas Apple, Netflix, Uber e Airbnb. Se observadas superficialmente, elas são, respectivamente, empresa de produtos tecnológicos, locadora on-line, aplicativo de transporte urbano e aplicativo de hospedagem. Com olhar apurado, elas passam a ser ferramenta para mentes criativas, produtora de conteúdo, o futuro da mobilidade nas cidades e a oportunidade de experimentar a vivência de um nativo.

Netflix, de acordo com ele, passou a competir com Hollywood e as suas produções cinematográficas e, mais perto da realidade cotidiana dos paulistanos, com os bares. “Nos últimos dois anos, eles registraram a queda de 34% no movimento. Vocês já pensaram que esses mesmos bares podem competir com as varandas gourmets dos apartamentos”, questionou.

Público atento para entender as mudanças do consumidor

A partir desse raciocínio, Oliveira completou a lista de empresas aliadas das varandas gourmets e, por conseguinte, das administradoras: iFood, ESPM Brasil, HBO, a própria Netflix e as distribuidoras de cervejas artesanais. “Todas essas marcas agregam valor ao condomínio”, enfatizou, sugerindo parcerias na oferta de serviços aos condôminos.

Conforme o publicitário, tais parcerias são possíveis, em boa parte, pelas mudanças de comportamento dos moradores dos residenciais, que hoje são formados por casais jovens e sem filhos, divorciados, jovens solteiros e empreendedores, com boas condições econômicas e que buscam conforto e comodidade, como, por exemplo, morar perto de estações de metrô.

Dois ouvidos e uma boca – Antes de qualquer coisa, a empresa precisa conhecer o consumidor da marca, do produto ou serviço oferecido e, para tanto, ouvir mais e falar menos, além de se conectar de vez nas redes sociais. “Vivemos com a geração ‘agoracêntrica’, que tem tudo disponível o tempo todo”, disse Oliveira.

Ouvir mais e falar menos é o recado de Oliveira

Para atender os ‘agoracêntricos’ moradores de condomínios, ele sugeriu às administradoras criarem aplicativos para celular com dicas variadas, como serviços de lavagem de carro a seco, manicure e pet shops. O guia do bairro não pode ficar de fora do serviço, que deve vir acompanhado do uso das mídias eletrônicas nos elevadores.

“Empresas devem ter pontos de vista sensíveis à sociedade, propósitos definidos para se destacarem. Fazer, antes de falar. Inovar e provar. Acredita que sua empresa tem um diferencial? Prove. O risco é grande, dá trabalho, mas vale a pena”, concluiu.

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