Cerca de 200 empresários participaram do lançamento da Revista Vida Imobiliária, realizado dia 23/9, na capital paulista.

A belíssima publicação conta com a participação do presidente do Conselho Consultivo do Secovi-SP, Romeu Chap Chap, que lidera o conselho editorial da revista, ao lado de nomes de expressão no cenário imobiliário nacional, como o presidente da CBIC, Paulo Simão, e o secretário estadual da Habitação, Lair Krähenbühl.

Conforme Chap Chap, a força da revista em Portugal, sua consistência e a proposta de ser um ponto de encontro e informação do mercado serviram de estímulo para que assumisse mais um desafio em sua trajetória empresarial e institucional. “A chegada de uma nova publicação dirigida ao setor imobiliário e, sem dúvida, mostra de que esse mercado está vivo, ativo, efervescente de projetos e perspectivas”, assina nas páginas de abertura da revista.

Reflexos do cenário mundial no mercado nacional – A reunião empresarial que marcou o lançamento da ‘Vida Imobiliária’ foi palco de rico debate sobre a atual crise mundial e seus efeitos no ambiente nacional.

António Gil Machado, diretor da revista, apresentou análise revelando as razões que levaram à atual turbulência na Europa. “A valorização do mercado de residências foi muito rápida, o que comprometeu a capacidade de pagamento, por conta da defasagem em relação aos salários dos compradores. A euforia fez com que bancos fizessem pressão para emprestar, oferecendo financiamentos de mais de 100% do valor do imóvel. Com o revés provocado pela elevação dos custos das matérias-primas, em especial o petróleo, inflação, juros altos e menor oferta de empregos resultaram em inadimplência. A liquidez secou e os financiamentos foram reduzidos. E sem financiamento não existe mercado imobiliário.”

Quanto aos reflexos para o segmento brasileiro, Machado fala que existem duas visões: “Há os que acham que a Europa está longe e que o que acontece lá não se vai repetir aqui; e há os que acreditam que estamos num mercado integrado, de forma que a notícia ruim de lá também o é no País. De toda forma, é preciso saber que a baixa liquidez internacional representa menos investimentos no Brasil, que só será efetivamente refúgio dos capitais se apresentar estabilidade política e segurança jurídica, dentre outros aspectos. De toda forma, a crise pode ser boa para o Brasil aprender a evitar o risco da hiperinflação imobiliária. O mercado local vai continuar se desenvolvendo, mas num processo mais lento, com mais capital nacional e de forma saudável”, conclui.

Motivos para investir no Brasil –Valdir Milani, representante do EuroHypo, um dos três maiores bancos alemães em ativos, e Manuel Adrião, CFO do Sonae Serra Brasil (segmento de shopping centers), reafirmaram a disposição de continuar investindo no País.

“É preciso separar as coisas. Num primeiro momento, Brasil, China, Rússia e Índia serão afetados por força da inevitável contaminação dos mercados. Mas a redução dos investimentos será temporária, pois os mercados vão se ajustar. Estamos aguardando autorização do Banco Central para abrir um escritório no País. Importante destacar que o investimento europeu é menos oportunista que o norte-americano. Vem de forma mais lenta, mas vem. É preciso considerar que o mercado imobiliário sofre com a ineficiência econômico-financeira. Um terreno pode se valorizar infinitamente – veja o exemplo da Av. Faria Lima”, disse Milani.

“O Brasil tem condições para crescer. Os impactos serão de curto prazo. Queremos fazer muitos shoppings centers, aproveitando o mercado potencial dos municípios brasileiros – 53 deles com mais de 500 mil habitantes. Temos quatro projetos já aprovados e a meta é realizar três empreendimentos por ano”, completou Adrião.

Opiniões

Paulo Simão, presidente da CBIC – “Se a crise mundial não for longa, seremos afetados, porém menos do que outros países. Acabo de voltar de um evento imobiliário na Escócia. A Europa está em desânimo total. Porém, fica claro que o porcentual maior dessa crise é financeiro e não imobiliário. O grande vilão foi o investimento financeiro utilizado dentro do mercado de imóveis, o que no Brasil foi pouco percebido, pois nosso sistema de financiamento é muito mais conservador. Portanto, nossa situação é diferente. O volume de crédito imobiliário não chega a 4% do PIB (há países em que alcança 80% ou mais). Importante é que vamos aprender com a crise e, com serenidade, o mercado imobiliário nacional continuará a crescer e a se aprimorar, com a criação de novos elementos, como o cadastro positivo, a concentração da matrícula dos imóveis, etc.”

Décio Tenerello, ex-presidente da Abecip – “O mercado brasileiro é muito diferente do que há no resto do mundo. O ponto de originação dos recursos vem do próprio mercado. Em comparação com o cenário global, somos incapazes de produzir internamente uma crise como a que vemos lá fora. Há, porém, dois pontos fundamentais para garantir o incremento continuado do setor imobiliário: o crescimento sustentado do PIB e a maior oferta de empregos. Temos um grande déficit habitacional a vencer e, com essas condições, a crise internacional passará ao largo. Adicione-se que temos créditos direcionados: o FGTS e a caderneta de poupança, que vem registrando aumento no volume de depósitos. O momento é importante para estudar o que não devemos fazer. O crédito imobiliário para a baixa renda não faltará. Poderá ser menor e com juros um pouco maiores, mas será uma situação temporária. A partir do segundo trimestre de 2009 as taxas de juros devem começar a baixar e chegar aos níveis anteriores à crise atual no final do próximo ano.”