Na manhã desta segunda-feira, 4/7, empresários e lideranças de bancos, associações e entidades do mercado imobiliário nacional participaram da 11ª Adit Invest 2016, evento realizado no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo.

No painel de abertura, o presidente do Secovi-SP, Flavio Amary, falou das dificuldades em ter dois governos: um afastado e outro interino. “Vivemos as dificuldades da interinidade e da falta de resultados positivos concretos. Todavia, o cenário está mudando e percebemos um aumento dos índices de confiança da população e dos empresários na economia e no futuro do País. O momento é de reversão de expectativa”, disse, completando que ainda são necessárias medidas macroeconômicas para diminuir as taxas de juros, assim como incentivar o crédito, a poupança e os investimentos externos. “Para tanto, é necessário desburocratizar, reduzir custo e dar segurança jurídica para o processo.”

Investir na LIG – Gilberto Abreu, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), falou que em todo o mundo há necessidade de subsidiar famílias de baixa renda e sem poder de compra. “Mas o tamanho desse subsídio no Brasil deve ser revisto, pois a política anterior comprometeu o governo e a saúde financeira do programa Minha Casa, Minha Vida”, disse.

Abreu defendeu o investimento na LIG (Letra Imobiliária Garantida), como instrumento para atrair o investidor internacional. O executivo contou que representantes do conselho europeu de covered bonds participaram, a convite da Abecip, da elaboração de um modelo adaptado à realidade brasileira. O trabalho foi encaminhado para análise dos técnicos do Banco Central, e a expectativa é de ver o instrumento regrado até o fim deste ano.

Sobrevivência – Gilberto Occhi, presidente da Caixa, tranquilizou o público, dizendo que o banco tem volume de recursos, mas a alta da inflação e dos juros devem ser controlados por serem danosos a qualquer investimento de longo prazo. Disse, ainda, que as faixas 2 e 3 do Minha Casa, Minha Vida estão com recursos garantidos e que a faixa 1,5 está adequada à necessidade do cidadão. Por ora, a faixa 1 será objeto de análise de viabilidade.

Occhi anunciou que foi criada uma nova diretoria voltada unicamente para o atendimento de pessoas jurídicas. “Entendemos que há grande dificuldade de vendas e alto volume de distratos. Nessa nova diretoria, vamos analisar caso a caso e auxiliar as empresas na negociação de suas dívidas. Vamos liberar recursos e reconstruir planos de vendas para atravessarmos esse momento de recessão”, explicou.

Hora da verdade – O presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins, enfatizou que o momento é especial e tem de ser tratado com conservadorismo, ou seja, com controle do gasto público, visão de futuro, atendimento a nichos regionais e adaptação de custos ao bolso do comprador. “Temos instituições sólidas e sairemos melhores desse momento de instabilidade. O boom imobiliário mascarou a ineficiência de projetos e a desqualificação da mão de obra. Agora, temos de chegar ao mercado que queremos, melhorando os instrumentos existentes.”

Martins falou da insegurança jurídica, altamente prejudicial ao setor e aos interesses dos investidores estrangeiros. “O momento é de encarar a verdade e tirar a aura de mocinhos dos segmentos trabalhista e ambiental. Também temos de discutir os distratos, tema de alta complexidade”, ressaltou.

Durante o evento, o presidente da Caixa desmentiu notícia sobre a possível fusão da instituição financeira com o Banco do Brasil. Também, disse que será aberto do diálogo com os desenvolvedores urbanos, a fim de debater a possibilidade de a Caixa financiar o “combo” compra do lote, cesta de materiais de construção e assistência técnica para construção da moradia. “Esse tema é de nosso interesse”, concluiu Gilberto Occhi.