*Fernanda Lisboa

A maioria dos indivíduos atuantes em qualquer condomínio ou administradora de imóveis já está familiarizada com o fato de que o preço da prestação de serviços de administração é o ponto sensível que facilita ou trava uma contratação. Embora as empresas ou profissionais apresentem em seus portfólios/currículos cursos ou programas de certificações nacionais ou internacionais, no momento da contratação vem à tona a boa e velha pergunta: “Qual é a sua taxa?”. Esse questionamento é o que por vezes define ou inviabiliza uma contratação.

A pergunta está equivocada, pois inicialmente há uma contraprestação de serviços (que descaracteriza o termo “taxa”) e, num segundo momento, importa ressaltar que a decisão da contratação e de remuneração não pode ser pautada exclusivamente no critério “preço”. O contratante que se pauta exclusivamente por esse critério, certamente não fez a melhor opção.

É certo que o mercado imobiliário brasileiro, seja pela falta de sistematização, seja pela falta de profissionalização dos prestadores de serviços, está, ainda, em franca evolução. Nesse contexto, as pequenas e médias administradoras encontram-se pulverizadas, e passam por transformações rumo à diferenciação, a exemplo da busca pela Certificação do Programa Qualificação Essencial – PQE, que em 2008 completou dez anos de atividades.

E os profissionais? A iniciativa do Secovi-SP em propiciar sua qualificação e aperfeiçoamento começou em 2001, com o Programa de Certificação Internacional de Administradores de Propriedades Residenciais e Gerentes de Condomínios (ARM – Accredited Residential Manager), resultado de parceria entre Secovi e Institute of Real Estate Management – IREM, uma das mais significativas associações do setor em âmbito internacional e atuante em países como Rússia, China, Espanha e Japão. Inovador, o programa trazido pela Universidade Secovi ampliou as perspectivas dos interlocutores do setor no Brasil.

De lá para cá, verificamos vários avanços, como o advento da certificação de graduação superior, o CPM (Certified Property Manager), que gradua profissionais em administração de propriedades imobiliárias e de bens (com portfólios de vários tipos de propriedades: residencial, comercial, industrial etc). Embora essa espécie de certificação ainda seja um fato recente no País, a união de profissionais qualificados e com os mesmos interesses resultou na criação do Capítulo Brasileiro do IREM.

Os membros titulados do Brasil conhecem e se esforçam para manter sua distinção, que está fundamentada na exclusividade e titulação com reconhecimento internacional. É essa exceção que confere um ar de privilégio aos integrantes do IREM, que, além da experiência de administração internacional, detêm um modo de pensar ou de proceder (nas atividades administrativas) que o fazem se afastar do comum e do usual.

O exemplo contribui para a resposta à indagação inicial de que os detentores dessa titulação contam com uma marca de qualidade (padrão internacional), que excede limites e promove uma “evolução silenciosa”. Somente pela distinção será possível identificar os “genéricos e os de marca”, privilegiando os segundos (pela técnica, pela ética, pelo conhecimento), visando, por fim, resguardar o mercado.

Embora tal “princípio ativo” possa induzir ao pensamento de que o valor dos serviços desses profissionais graduados seja elevado, a experiência prova que fatores como a preocupação com aperfeiçoamento, especialização e conhecimento, revela comprometimento com códigos de ética, entre outros, e imprime critérios no ato da contratação, afastando, assim, problemas gerados por aqueles que disseminam uma prática nociva de suas funções no mercado.

*presidente do Capítulo Brasileiro do IREM e instrutora da Universidade Secovi