A Caixa não para de surpreender. Em reunião realizada no dia 22 de março, em Goiânia/GO, a CII (Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção) recebeu o diretor de Habitação da instituição, Teotônio Rezende. Além de apresentar números que demonstram uma saúde invejável que comentaremos a seguir, ele trouxe algumas novidades com as quais conviveremos nos próximos tempos.

A Caixa encerrou 2012 com mais de R$ 205 bilhões de saldo de financiamento imobiliário. Nada mal para quem, em 2003, acumulava apenas R$ 16,8 bilhões nessas operações. São mais de 3,850 milhões de contratos ativos, com prazo médio de 206 meses, 74% dos quais concedidos a pessoas com menos de 45 anos, e inadimplência (mais de 90 dias de atraso) de apenas 1,2%. A quota média dos financiamentos do SBPE (Sistema Brasileira de Poupança e Empréstimo) é de 71%, e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) alcança 75%. Isso significa que os devedores da Caixa, na média, fazem uma poupança para a aquisição do imóvel de aproximadamente 28% do valor da aquisição, o que demonstra baixo risco para a credora.

Para aqueles que acreditam que a Caixa afastou-se de sua finalidade social, resta explicar: os financiamentos para imóveis de valor acima de R$ 200 mil representam somente 11% da carteira, e os imóveis com valor abaixo de R$ 50 mil correspondem a 20% dos contratos. Por último, porém não menos importante, os contratos para famílias com renda acima de 10 salários mínimos na concessão de crédito representam 21% das operações, já aqueles direcionados às famílias com até 5 salários mínimos são 74% da carteira.

A Caixa tem como meta de contratação para 2013 o montante de R$ 126 bilhões, e pretende ampliar seu Market Share para 74% – em 2012 foi de 70%. Também desperta a atenção os financiamentos destinados à produção, que em 2007 representavam 14% das contratações da instituição e em 2012 atingiram 41% das operações. Houve, nos últimos anos, uma melhor distribuição de financiamentos pelas regiões do Brasil, com forte crescimento nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Foram 4.500 operações por dia, na média, processadas no ano passado.

Quanto ao programa Minha Casa, Minha Vida fases 1 e 2, os dados atualizados até 28 de março deste ano mostravam que as contratações haviam atingido mais de 2,455 milhões de unidades, assim distribuídas: 1,089 milhão na faixa 1; 1,070 milhão na faixa 2; e 296 mil na faixa 3, das quais mais de 45% em produção por empresas com faturamento anual de até R$ 15 milhões. Das unidades contratadas até março de 2013, mais de 1,113 milhão foram entregues.

Agora, a Caixa surge com algumas novidades que merecem ser comentadas. Ela firmou duas parcerias com empresas privadas visando a originação de negócios imobiliários e a operacionalização com mais agilidade e conveniência. O agente financeiro propõe que um contrato seja processado em 48 horas após a entrega da documentação, o que poderá ser feito, inclusive, pela internet. Ainda, a Caixa vai adotar, de imediato, o uso da Tabela Price e do SAM (Sistema de Amortização Misto) nas operações enquadradas no SBPE e no programa Minha Casa, Minha Vida. De acordo com o banco, o momento é propício para a adoção dessas medidas, pois com a mesma renda, o comprador poderá financiar 12% a mais pelo SAM, e 29% utilizando a TP.

Por sua vez, a contratação feita com os clientes anteriormente à formação do grupo, o chamado “pré-repasse” terá cláusula suspensiva, caso não seja alcançada a demanda mínima.

E para fechar o pacote de novos procedimentos, a Caixa pretende modernizar a sua relação com os clientes Pessoa Jurídica de menor porte, evoluindo para a plataforma utilizada para as grandes empresas, e vai oferecer taxa nominal de juros para produção imobiliária que varia de 8% ao ano para o FGTS, a 11,38% ao ano para empreendimentos comerciais produzidos com recursos do SBPE.

Tudo indica que estamos entrando em uma nova fase do crédito imobiliário. Fechamos o primeiro ciclo de retomada dos financiamentos à produção e aquisição, e agora iniciamos um período de crescimento sustentado, com modernidade, agilidade e cristalização da parceria com a Caixa, que atravessou com os empresários do setor anos de recessão e incertezas.

* Celso Petrucci é economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato da Habitação)