A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, participou de encontro Olho no Olho do Secovi-SP, dia 31/8, e juntamente com o vice-presidente de Governo, Jorge Hereda, e a superintendente Nacional de Habitação, Vera Vianna, detalhou as mudanças nos financiamentos com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e da poupança.

Antes, o presidente do Secovi-SP, Romeu Chap Chap, lembrou o papel da Caixa como principal agente financiador do mercado imobiliário, desde a extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH) até a retomada dos financiamentos pelos bancos privados, fato que trouxe para o mercado uma nova realidade. “Graças à série de medidas adotadas pelo governo federal para desobstruir as operações de crédito imobiliário, às resoluções do Banco Central do Brasil e às leis que convergiram para a criação de um novo marco regulatório no financiamento habitacional, diariamente surgem novidades como prazos mais longos e prestações fixas”, enfatizou o dirigente.

Na avaliação de Chap Chap, as mudanças da Caixa surgem para que o agente financeiro se alinhe às condições dos demais agentes financeiros. “Como maior órgão financeiro da habitação, ela mostra preparo para repensar modelos e ir ao encontro da modernidade que, finalmente, envolve o SFH.”

Novidades da Caixa – Anunciadas em Brasília no dia 28/8, as mudanças nos financiamentos da Caixa estão fundamentadas na ampliação do prazo de 20 para 30 anos para os financiamentos pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). Operações com recursos do FGTS terão redução média de 35% no prêmio mensal de seguros e a taxa de administração passa, a partir de 1º setembro, de R$ 25,00 para R$ 21,43. As contratações com recursos da poupança terão a taxa pós-fixada reduzida de 11,3% a.a. para 10,4% a.a. para imóveis residenciais com valor de avaliação entre R$ 130 mil e R$ 200 mil. Prestações debitadas em conta ou folha de pagamento, a taxa de juros é ainda mais baixa para o mutuário, chegando a 10,02% ao ano. A Caixa também está oferecendo linha de financiamento de imóvel comercial para pessoas jurídicas com prazo de 120 meses.

As medidas traduzem a iniciativa de a Caixa rever seu modelo de governança corporativa, cujo objetivo principal é qualificar o agente financeiro como interlocutor entre os governos estaduais e outras instituições do País. “Desde quando foi criado o PAC, a Caixa vive um momento muito especial, reafirmando seu caráter de banco público e fomentador de desenvolvimento”, lembrou Maria Fernanda, completando que as novas medidas tiveram repercussão maior que a esperada. “Isso comprova que estamos no caminho certo.”

O vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Hereda, ressaltou que a redução de 35% do prêmio do seguro será percebida na queda do valor da prestação. “Temos consciência de que as medidas são importantes somente se forem aderentes ao mercado. Como banco público, tentamos regular o mercado e atingir as famílias que compõem o déficit habitacional.”

Conforme Hereda, em São Paulo já se discutem mudanças no atendimento, com a implantação de um novo modelo de gestão, baseado em atendimento de qualidade e fim da regionalização. Na capital de São Paulo a contratação poderá ser feita na mesma superintendência de relacionamento do início ao fim, e o desligamento pode ser feito em agência a ser escolhida pelo cliente. No início de setembro, a Caixa vai anunciar mudanças no seguro de término de obra.

Burocracia e crescimento – O estímulo à formalidade no setor da construção civil e à produção, além da continuidade do PAR (Programa de Arrendamento Residencial), foi ressaltado pelo presidente do SindusCon-SP, João Cláudio Robusti. “Também não podemos esquecer que, apesar das mudanças, ainda há burocracia no processo de concessão de financiamento.”

Já o vice-presidente do Secovi-SP, João Crestana, falou da importância de a Caixa oferecer atendimento diferenciado à pessoa jurídica. A comparação entre o volume de aplicação de recursos da poupança com recurso do FGTS também foi apresentada por Crestana. “A Caixa sempre foi pioneira em produtos. Basta ajustar alguns aspectos para que mantenha a liderança no financiamento imobiliário.”

A expansão do prazo de financiamento para 30 anos é emblemática, na avaliação de Flávio Prando, diretor de Programas Habitacionais do Sindicato. “Essa mudança vai trazer para o SFH grande parcela considerável do mercado popular. Além de ser estímulo à concorrência de outros bancos”, ressaltou, completando que o banco precisa modernizar seu sistema operacional e estabelecer meta de operar fortemente na cidade.

Maria Fernanda garantiu que o banco não tem a pretensão de esgotar o processo de modernização de concessão do crédito imobiliário com as mudanças anunciadas. Apesar de os 30 anos de prazo causar mais impacto, a redução do custo do seguro traz a perspectiva de redução do custo para o cliente final, considerando os contratos de longo prazo. Aumentar o financiamento à produção e aplicar todos os recursos do FGTS alocados para habitação, cumprindo a política habitacional do governo, são alguns dos compromissos da Caixa para os próximos meses.

As aplicações de recursos para o PAR foram suspensas este ano porque não havia condições de receber novos projetos porque o estoque viabilizado já era muito grande. De acordo com Hereda, na primeira quinzena de setembro serão divulgados os valores possíveis de contratação do Programa ainda neste ano.