Durante evento realizado pela vice-presidência de Incorporação do Secovi-SP com a Caixa Econômica Federal, dia 25/2, na sede da entidade, a nova superintendente Nacional do banco, Bernadete Maria Pinheiro Coury, o vice-presidente de Desenvolvimento Urbano e Governo, Jorge Hereda, o superintendente do Estado de São Paulo, Maurício Antonio Quarezemin, e o superintendente Institucional, Augusto Bandeira Vargas, apresentaram mudanças adotadas pelo agente financeiro para aumentar a velocidade na concessão de financiamento à produção e aquisição.
Hereda enfatizou que a Caixa tem intenção de permanecer na liderança do financiamento imobiliário. Conforme o dirigente, o trabalho realizado até o momento pelo banco permitiu a redução de juros anunciada há aproximadamente 30 dias. “A melhoria de qualidade da carteira do banco deu-se em razão da organização dos créditos e da concorrência entre os bancos, que ajuda a desenvolver a política nacional de habitação para o país.”
Turbulências externas e pessimismo interno não podem interferir no crescimento do segmento imobiliário, de acordo com Hereda, porque há grande interesse do investidor internacional no Brasil. “Não é bolha, pois haverá crescimento sustentado”, defendeu. Conforme números apresentados pela Caixa, foram contratados, em 2007, R$ R$ 15,2 bilhões em crédito imobiliário, número que corresponde a um crescimento de 14% em relação a 2006. Para este ano, o orçamento do banco para habitação é de R$ 20,3 bilhões.
Mudanças – Bernadete anunciou diversas mudanças de procedimento adotadas pela Caixa a partir deste ano, resultantes de sugestões dos empresários do setor. “Como executora de políticas sociais do governo, a Caixa avalia as sugestões da iniciativa privada para que as mudanças permitam incluir mais famílias no crédito imobiliário”, explicou.
A superintendente Nacional ressaltou as vantagens do programa Pró-cotista, que visa a atender famílias independentemente da faixa de renda e que ficavam à margem por haver descasamento entre o preço de avaliação do imóvel e da renda. Esse programa beneficia a classe média e os compradores do primeiro imóvel.
Já a redução de 0,5% nas taxas de juros para cotistas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aliada à ampliação dos prazos de financiamento permite a inclusão de maior número de famílias ao crédito imobiliário. A redução da taxa efetiva de juros em todas as faixas atendidas com recursos oriundos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo deu-se em função da inadimplência baixa e da captação recorde de recursos da poupança em 2007.
Pessoa Jurídica – A falta de competitividade do produto da Caixa voltado para o financiamento à pessoa jurídica fez com que o banco buscasse soluções para ajustar o produto às condições de operação do mercado empresarial. Para tanto, foram criadas as plataformas regionais da construção civil – quatro na cidade de São Paulo –, voltadas ao atendimento especializado às empresas do setor, independente do tamanho.
Também, a Caixa implantou o volume jurídico único do processo e reduziu de 2% para 1% o custo da TAO – Taxa de Acompanhamento da Operação com recursos da poupança. Ainda, a análise de engenharia passou a ser feita em duas etapas: a pré-instrução, em 10 dias e a análise conclusiva, em 30 dias. “Queremos tornar a análise do projeto da empresa mais objetiva”, ressaltou Bernadete.
Com o aumento de empresas listadas na Bolsa de Valores, a Caixa resolveu trabalhar com limite prévio de financiamento e com a contratação em duas fases: pré-contrato com validade de até 180 dias; e assinatura com antecedência de até 15 dias, sem a necessidade de reunir todos os compradores, com a possibilidade de trabalhar com correspondente imobiliário. A assinatura de contrato com cláusula suspensiva – eliminando a necessidade de agregar os compradores em data e local determinados – já foi aprovada pela direção da Caixa, mas ainda não foi adotada por razões operacionais, ou seja, o agente financeiro precisa rever rotinas e sistemas para implantar tal mudança.
A Caixa também passa a adotar a adimplência premiada – pagamentos regulares das parcelas do “pré-chaves” – como item preponderante de avaliação de crédito do comprador. Com esse mecanismo, o banco pretende ampliar o volume de recursos para o tomador de crédito em 20% (FGTS) e 30% (SBPE). “Vamos avaliar o perfil da família e sua capacidade de assumir crédito de longo prazo.
Para o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) o orçamento para 2008 é de R$ 1 bilhão e os orçamentos já estão garantidos até 2010. “Até março, os parâmetros do programa já estarão definidos”, garantiu Bernadete. Ela aproveitou para anunciar a reformulação do simulador de financiamento, já disponível no site da Caixa.
Regionalização – O evento promovido pela vice-presidência de Incorporação do Secovi-SP foi transmitido simultaneamente para as regionais do Sindicato em Bauru, Campinas, São José dos Campos e São José do Rio Preto. Inclusive, a regionalização e interação dos mercados da capital, interior e litoral fazem parte das metas do superintendente Estadual da Caixa, Maurício Antonio Quarezemin, que atuou 16 anos na superintendência de Bauru e passou os últimos anos em Londrina, Campo Grande e Cuiabá. “Queremos uma aproximação maior com o segmento e entender as demandas.”
Quarezemin explicou o funcionamento das ilhas de habitação e das plataformas de atendimento. Os serviços têm o propósito de resgatar o processo de assinatura de contrato nas superintendências regionais. Onze praças do país estão com projeto-piloto. O superintendente falou de sua intenção de visitar todas as superintendências do Estado de São Paulo e as regionais do Secovi no interior para aperfeiçoar o atendimento. “Há 825 agências com espaço específico para atender habitação. Queremos descentralizar processos, exceto as etapas de avaliação do imóvel, análise de risco e assinatura do contrato na presença de gerente da Caixa”, explicou.
Banco do Brasil – Jorge Hereda afirmou que o FGTS tem condições de liberar mais recursos para os bancos particulares operarem com essa fonte de recursos. “Há liquidez para isso.”
Com tradição em crédito imobiliário, a Caixa não teme a forte concorrência com os agentes financeiros privados e o Banco do Brasil. “Nenhum banco sobrevive sem crédito imobiliário na prateleira. É legítima a procura por novos fundings e novas condições de operação. Quem não tiver habitação no portifólio vai perder clientes”, analisou Hereda.