No dia em que o Brasil rememora a assinatura da Lei Áurea, que colocou uma pedra sobre a vergonha da escravidão, o Ampliar, entidade que há mais de 20 anos promove a profissionalização de jovens em situação de risco social, coloca em pauta um assunto difícil, espinhoso, sobre o qual pairam muitas crenças e interpretações ideológicas, e que carece urgentemente de bom senso e pragmatismo: a inserção do adolescente no mercado formal de trabalho.

A rede pública de ensino é falha. Faltam professores, por isso crianças e jovens saem mais cedo da escola vários dias da semana. As greves são frequentes. Resultado: mãe trabalhando, filhos em tenra idade ao deus-dará enquanto docentes e governos não entram em acordo…

Onde essa garotada fica quando não está na escola?

Enquanto isso, a legislação atual “protege” meninos e meninas menores de 16 anos de terem uma atividade laboral remunerada. Mas os chefes do tráfico não se intimidam em cooptar “aviõezinhos” entre os mais jovens das comunidades que dominam… E a Lei do Aprendiz, criada para suprir a lacuna entre 14 e 16 anos, impõe tantos deveres ao empregador, e prevê uma remuneração tão irrisória para os pequenos trabalhadores, que seu efeito prático praticamente inexiste.

Os profissionais que atuam no Ampliar lidam cotidianamente com o universo desses jovens de vida difícil, futuro incerto e famílias quase sempre desestruturadas. Para a entidade, uma coisa é certa: não se pode tapar o Sol com a peneira e fingir que as crianças e os jovens estão tendo suas necessidades atendidas. As carências são inúmeras, e vão desde a falta de bens materiais até a ausência da atenção e do afeto dos pais.

Chegou a hora de questionar as leis em vigor e de refletir: será que o trabalho é “ruim”? Estar num escritório não seria uma opção melhor do que ficar perambulando pelas ruas da comunidade, à mercê das más companhias e dos recrutadores de traficantes, sempre à espreita?

Sem paixões, sem demagogias, o assunto vai entrar em pauta com as participações do ex-Ministro do Trabalho Almir Pazzianotto, do desembargador da Vara da Família, Antônio Carlos Malheiros, do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos; do advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira (ex-presidente da OAB), do procurador de Justiça, Felipe Locke Cavalcanti, e do empresário Antonio Setin, entre outros.

O Ampliar conhece de perto o drama desses jovens, dessas famílias. Está na hora de enfrentar os problemas reais com as doses certas de sensibilidade e pragmatismo.

Evento gratuito, mediante à doação de um agasalho em prol da Campanha do Ampliar. Inscreva-se já: http://www.secovi.com.br/campanhas/eventos/2013/inscricao/debate-trabalho-adolescente.html