Mariano: taxas de crimes cibernéticos crescem dois dígitos por ano

De acordo com informações do dfndr lab, no primeiro semestre deste ano foram detectados mais de 120 milhões de ataques cibernéticos – um crescimento de 96% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados constam do 4º relatório de Segurança Digital no Brasil. Ainda de acordo com o laboratório, o grande campeão de golpes é o WhatsApp: 57,4% dos ataques foram com phishing (meio para roubar informações pessoais) em links enviados pela ferramenta.

Foi para debater esse ambiente de ameaça digital que o Núcleo de Altos Temas do Secovi-SP (NAT) recebeu em 26/11 José Mariano Araújo Filho, delegado titular do DEIC/DIG (Departamento Estadual de Investigações Criminais/4ª Divisão de Investigações Criminais), da Polícia Civil de São Paulo, especializado em investigações de crimes cibernéticos.

“Hoje, o padrão de criptografia que protege um cartão de crédito leva 1 bilhão de anos para ser quebrado. Mas, com a computação quântica, a tarefa pode levar apenas 100 segundos”, afirmou Flávio Prando, vice-presidente do Secovi-SP, dimensionando o desafio que cerca empresas e cidadãos quando o assunto é segurança on-line.

Segundo o delegado, apesar de o mundo ter enfrentado um período de recessão, a taxa dos crimes cibernéticos cresce dois dígitos por ano. “Isso se deve ao aumento dos dispositivos móveis, à complexidade do mundo da tecnologia da informação, à expansão do acesso à internet, entre outros fatores”, listou.

“Até 2021, o mundo terá um prejuízo de US$ 6 trilhões com esses crimes”, alertou o delegado, referindo-se a ações como furto de propriedade intelectual, perda de produtividade, fraudes, interrupção e processos de negócios, danos a dados etc. Ainda segundo Mariano, hoje, o cibercrime já é o segundo ramo mais rentável para criminosos, atrás apenas do tráfico de armas. 

A ausência de leis locais que ‘conversem’ com os tratados internacionais, a falta de interação entre os agentes de investigação das mais diversas esferas de poder e entre as polícias de cada Estado, o fato de haver poucos especialistas sobre o tema e a burocracia são, para Mariano, os principais óbices para combater o cibercrime no Brasil.

“Se eu precisar fazer uma investigação em que tenha de falar com um agente de outro país, a Polícia Federal diz que o ponto de conexão com investigação em outros países é ela”, relatou, acrescentando que que terá de falar com a PF para que ela faça o contato. “Isso atrasa muito nosso trabalho”, exemplificou.

Para combater esses crimes, o delegado acredita ser necessário intensificar trabalhos de educação digital, o compartilhamento de informações, ações de governo e investimento em administração de riscos.