No segundo dia da Convenção Secovi (1º/9), o público teve a oportunidade de assistir a uma apresentação de Peter Bolton King, diretor da RICS (Royal Institution of Chartered Surveyors), sobre padrões internacionais de medição de propriedade e de ética.

Na abertura de sua palestra, King mostrou um vídeo feito pela RICS, intitulado “Mundo em transformação”, que aponta, por exemplo, que a população urbana hoje já representa 54% da global, percentual que deve chegar a 66% em 2050, totalizando 6,3 bilhões de pessoas.  A expectativa é que a produção da indústria da construção cresça 70% nos próximos dez anos, com investimento superior a US$ 15 trilhões. Os dados são do último relatório RICS Future.

Há muitas oportunidades para o setor, mas vários desafios também: em 2030, a demanda por energia e água será, respectivamente, de 45% e 30% maior do que em 2012, segundo dados da ONU, fora as questões climáticas, que exigirão construções e cidades mais resilientes. “Vamos ser deixados para trás se não nos adaptarmos”, disse King. “Real Estate é ativo em expansão em várias partes do mundo e precisamos aumentar a confiança do mercado nele.” E aí entra a missão da RICS, que é desenvolver e aplicar padrões e promover o profissionalismo e a ética no setor.

Um dos trabalhos em desenvolvimento pela organização, com apoio do Secovi-SP no Brasil, é o estabelecimento de padrões de medição de propriedades, fundamental para a transparência na realização de negócios. Cada país tem peculiaridades na medição. Na Espanha, por exemplo, inclui-se piscina ao ar livre na medição de áreas, enquanto na Índia podem ser incluídos estacionamentos externos e áreas comuns na medição. Nos Estados Unidos, às vezes usam o conceito de espaço com ar-condicionado. “A diferença é, globalmente, de até 24% no cálculo de área. Comparam-se coisas diferentes. Não há consistência, não há acordo. Por isso resolvemos fazer um padrão mundial de medição de propriedades, o IPMS. Tudo tem que ser feito com ética”, enfatizou o diretor da RICS.

“Ética e transparência estão se tornando cada vez mais relevantes no mundo”, disse King. “Há padrões éticos mundiais na medicina, no direito, na contabilidade, entre outros, mas no comércio imobiliário, não”, citou o diretor. Esta é outra lacuna a ser preenchida pela RICS – a criação do IES (International Ethics Standards), por meio de uma coalizão com mais de 50 integrantes, entre eles o Secovi-SP. “Vamos estimular empresas e órgãos governamentais a se comprometerem com os princípios estabelecidos no IES, cujos reflexos podem ser muito positivos no mercado imobiliário brasileiro. Aos poucos, a maneira de fazer negócios vai mudar”, disse.

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