Basilio Jafet e Octavio de Lazari: Brasil precisa que reformas andem

Cerca de 40 anos atrás, o PIB do Brasil era de US$ 238 bilhões. No mesmo ano, o PIB chinês era baixo, na casa dos US$ 180 bilhões. Hoje, as posições se inverteram: é o Brasil quem está bem abaixo dos números registrados pela China. Enquanto o PIB daquele país alcança os US$ 15 trilhões, o brasileiro fica no patamar de US$ 1 trilhão.

As razões para essa diferença são muitas. Desde o investimento na educação de base até as vultosas quantias de ienes despejados em infraestrutura, a China, nos próximos cinco anos, deve passar os Estados Unidos no ranking mundial de riqueza.

A percepção é de Octavio de Lazari, presidente de um dos maiores conglomerados financeiros do mundo, o Bradesco. “É possível ao Brasil crescer mais e estar em um lugar diferente de onde estamos”, disse, em reunião com empresários do setor imobiliário, na sede do Secovi-SP. “Não precisa ser em ritmo chinês, de mais de 10% ao ano. Se crescermos entre 3% e 4% ao ano, mas de forma prolongada, o resultado já será espetacular”, complementou o executivo.

Para presidente do Bradesco, agenda econômica do governo fe-
deral está correta e destrava a economia

Para superar esse desafio, Lazari listou uma série de medidas a serem adotadas pelo governo. A principal delas é a aprovação da reforma da Previdência. “E não adianta uma reforma que economize R$ 600 bilhões em dez anos. Se isso acontecer, em cinco anos precisaremos voltar todos às mesas de negociações, o que vai ser muito ruim”, frisou, chamando a atenção para a necessidade de a solução ser aplicada “de uma vez só” – ou seja, economizar R$ 1 tri em dez anos.

 

Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, fez coro. “Como bem disse Octavio, essa reforma é o abre-alas das demais mudanças que o governo precisa fazer. Na esteira dela, virão outras reformas que são imprescindíveis, como a simplificação tributária e fiscal”, sustentou. 

Entre as demais ações voltadas ao crescimento, Lazari destacou a necessidade de investimentos na educação de base, em saúde, infraestrutura e segurança; estímulo à competitividade por meio de abertura comercial; arrefecimento da incerteza regulatória e da insegurança jurídica e diminuição da proteção e da intervenção estatal na economia. O executivo também destacou que o Banco Central deverá reduzir os juros para a casa de 5,75% em 2020, como forma de estímulo à economia.

Mais de 200 pessoas prestigiaram palestra do presidente do Bradesco

“A nova agenda econômica está correta. Ela respeita o teto de gastos, corrige a Previdência, prevê abertura comercial e mantém a independência do Banco Central”, disse. O resultado disso será o aumento do protagonismo do setor privado e a melhora no ambiente de negócios.

Para o presidente do Bradesco, destravando a economia, geram-se empregos. “Temos 25% da população desempregada ou desalentada. Precisamos arrumar trabalho para essas pessoas de acordo com as qualificações que elas têm hoje”, afirmou. A indústria, incluída a da construção, na visão do executivo, é o segmento econômico com mais potencial de absorção dessa mão de obra.

Crédito – “Em 2018, o Bradesco foi o banco que mais concedeu financiamentos imobiliários. Foram R$ 15 bilhões de crédito, contra R$ 13 bilhões da Caixa Econômica Federal”, ressaltou Basilio Jafet.

Lazari disse que crédito imobiliário é um dos quatro principais produtos de financiamentos do banco. “Hoje, desembolsamos cerca de R$ 1 bilhão por mês de financiamentos a imóveis para pessoa física. É uma carteira que fideliza o cliente, além de ter um nível de inadimplência muito baixo”, sustentou.

O executivo vê enorme potencial para o crédito imobiliário crescer no Brasil, onde a participação em relação ao PIB é de apenas 9%. “Imagina se tivéssemos o mesmo nível do financiamentos do Chile, que é de 20% em relação ao PIB.”

Lazari disse, inclusive, que, obedecendo a uma série de critérios do Bradesco, o repasse de alguns financiamentos estão sendo feitos até mesmo com imóveis na planta.

Confira a apresentação de Ocatvio de Lazari.