O evento Tendências do Mercado Imobiliário, realizado dia 17/5 pela vice-presidência de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP, foi encerrado com palestra do economista Eduardo Giannetti da Fonseca. Para ele, a economia brasileira caminha para a normalização, após dois anos de queda. A sua previsão para este ano é de um crescimento de 3% a 3,5%. “Não é espetacular, mas muito melhor.”

Para o economista, dois fatores são temerários: o baixo crescimento econômico e a tendência de pressão inflacionária, que vem atingindo o teto da média estabelecida pelo governo.

Outro componente que deve ser observado de perto, de acordo com Giannetti, é o movimento de deterioração das contas externas, que pode levar a um déficit da conta corrente da ordem de 3% e criar uma vulnerabilidade futura. Porém, ele não acredita em graves desequilíbrios, e arrisca um crescimento interno de longo prazo entre 5% e 6%, caso sejam adotadas mudanças estruturais.

A economia mundial, na análise do economista, apresentou dois destaques em 2012, e que estão impulsionando a recuperação, ainda que lenta, dos Estados Unidos e da Europa: a mudança da postura do banco central europeu e a desaceleração significativa dos países emergentes, inclusive o Brasil. Giannetti afirmou que o panorama de retomada do crescimento norte-americano aponta para um índice de 2,5%. Entretanto, a revolução energética já iniciada, e que vai torná-los autossuficientes na produção de óleo de xisto, é que vai tirá-los da crise.

Brasil – Eduardo Giannetti afirmou que o Brasil alcançou elementos estruturais favoráveis. O primeiro deles foi a reação positiva diante da crise global, possível porque o País saneou as contas externas, e mantém reservas de U$ 370 bilhões. O segundo fator apontado por ele foi o dinamismo do mercado doméstico, seguido da continuidade das políticas macroeconômicas (câmbio flutuante, austeridade fiscal e independência do Banco Central).

“A mobilidade social permitiu que 10% dos pobres tivessem aumento de renda de 9%, e 10% dos ricos, elevação de 1%”, exemplificou. Apesar de 62% dos gastos das famílias em ascensão serem para alimentação, vestuário e moradia, essa mudança de estrato social permitiu o acesso a bens e serviços necessários.

Pirâmide etária – A queda na taxa de fecundidade registrada dos anos 1950 para cá – média de 5 a 6 filhos, para 2 a 3 filhos – está estreitando a base da pirâmide etária. Porém, o topo ainda é estreito, porque a população acima de 65 anos ainda é baixa. Essa transformação tem promovido o aumento do número de pessoas economicamente ativas, trabalhando e com poucos dependentes. “Note-se que 70% da renda de uma pessoa são geradas entre os 30 e 64 anos. E a nossa demografia é bastante favorável”, enfatizou. No entanto, é preciso investir no capital humano, com alocação de recursos nos setores mais produtivos.

Giannetti apontou problemas graves no atual governo federal e chegou a comparar a atuação da presidente Dilma Rousseff à gestão de Ernesto Geisel, durante o regime Militar. A justificativa do economista é que a gestão atual escolhe setores para subsidiar investimentos e adotou o microgerenciamento econômico, o que fez com que o Banco Central perdesse o “jogo de cena” junto à sociedade, gerando desconfiança no cumprimento das metas.

Para ele, o maior risco é o governo não controlar a inflação pelo uso da política fiscal, mas sim pelo controle de determinados produtos. “Não há perigos eminentes, mas é preciso monitorar”, opinou.

O economista mostrou-se confiante com o crescimento do mercado imobiliário, porque há grande potencial de crescimento do crédito. “Imóvel é patrimônio, investimento para a vida. Acredito em uma década positiva para este segmento de sustentação da economia“, concluiu.