O vice-presidente de Tecnologia e Relações de Mercado do Secovi-SP, Alberto Du Plessis, esteve em Cannes, França, no final de novembro, onde participou do Mapic 2008 – Feira Internacional para o Varejo Imobiliário, realizada no Palais des Festivals. Integrado também por um programa de conferências e workshop, o evento reúne anualmente representantes de diversos países, principalmente do Continente Europeu.

“Foi a primeira vez que estive no Mapic. Gostei bastante do evento, que é muito bem organizado”, relatou. “Assim como o nosso Salão Imobiliário, lá existem estandes de empresas, de empreendimentos, e, em paralelo, acontece uma série de conferências”, complementou.

Particularmente, duas palestras atraíram a atenção de Du Plessis. Uma delas, proferida por Ira Kalish, doutor em Economia e diretor global do Delloite Research (EUA), sobre o atual momento da crise (Strategies for Retailers in a turbulent business environment/Estratégias para o varejo em um turbulento ambiente empresarial). Kalish acredita que o primeiro momento da crise atingiu severamente o setor financeiro e que os reflexos pesados virão em 2009, quando ela chegará ao setor produtivo. “Enquanto no Brasil a expectativa geral é de recuperação mais rápida, o palestrante aposta em dois anos de crise na área produtiva em países da Europa.”

Outra opinião considerada interessante pelo vice-presidente foi expressa por Arthur Rubinfeld, diretor global de marketing da Starbucks Coffe Company – espécie de McDonald’s que se espalhou pelo mundo. Para ele, empresas que trabalham com produtos em escala (Wal Mart, por exemplo) serão menos afetadas pela crise, porque já atuam com um baixo patamar de preços e, além disso, as pessoas vão continuar consumindo alimentos. No topo da pirâmide, estão as empresas de nicho – grifes de luxo de roupas, relógios etc –, setor que tem mercado pequeno e cativo.

Para os dois especialistas, quem mais sofrerá os efeitos da crise são as empresas que atuam numa faixa intermediária – que não se encaixa nem entre as de produtos de massa nem as de nicho. Estas, segundo eles, precisarão de estratégias claras, bem definidas, para obter ganhos de escala e baixar preços.

“Apesar de não terem citado o Brasil, ambos acreditam que os impactos da crise também devem chegar com intensidade reduzida nos países que compõem o BRIC.”

Concentração de investimentos – Alberto Du Plessis comentou ainda sobre workshops com exposição de vários produtos. “Muita novidade da Europa oriental, Polônia, Hungria, Rússia Ucrânia, Casaquistão, e da Ásia, dentre outras nações. Devido à grande concentração de investimentos nesses países, havia uma gama considerável de produtos expostos na feira.”

Segundo ele, o destaque ficou por conta dos empreendimentos mistos, compostos por shopping centers, com áreas de lazer e residencial anexos. “Blocos inteiros, com dez torres de apartamentos, um grande shopping center, área de lazer, com praças, no meio; enfim, quase um bairro novo. Acho que existe uma nítida tendência, principalmente nesses países anteriormente citados, de criar empreendimentos mistos, inclusive com torres comerciais.”

Na percepção do vice-presidente do Secovi-SP, de maneira geral, não há expectativa de se investir em novos projetos. Apenas para ilustrar, empresas que pretendiam abrir quarenta shopping centers cancelaram ¾ dos empreendimentos. “Houve muito corte de investimentos futuros. A maioria dos empresários pretende concluir projetos em curso, mas brecou violentamente novos investimentos.”

Varejo – Na área de varejo, as grandes lojas ainda não enxergam o Brasil como oportunidade, preferindo investir, devido às facilidades, em shoppings de pequeno porte nos países da Europa Oriental e Ásia Central, em cidades com população entre 500 mil e um milhão de habitantes. “O Brasil tem elevado potencial para atrair essas redes de varejo, mas sua imagem é mal explorada no Exterior”, diz Du Plessis, acrescentando que, no Mapic, por exemplo, países como Cazaquistão e Ucrânia apresentaram seus empreendimentos. “Temos mais potencialidades e produtos muitos melhores, que não são exibidos em feiras internacionais como esta”, lembrou, “Em São Paulo, só na Vila Olímpia, há dois shoppings em construção que poderiam ser expostos no Exterior para atrair a atenção de grandes redes, de grifes, etc, de diversos países.”

Ele afirma não saber qual seria o caminho mais adequado para aumentar a participação brasileira nesses eventos internacionais, mas insiste na necessidade urgente de ampliar a visibilidade do País. “Não sei se algum órgão governamental poderia assumir essa tarefa e também estudar a concessão de incentivos para que empresas e empreendimentos fossem divulgados no Exterior.”

Saiba mais
Mapic – Feira Internacional para o Varejo Imobiliário

A feira atrai os principais representantes do setor de diversos países, de investidores a varejistas, incluindo centros comerciais e cidades. Proporciona oportunidade para que empresas apresentem idéias e novidades, conheçam tendências, troquem experiências e encontrem condições de se expandir no mercado internacional. Outras informações em www.mapic.com.