No painel Administração de Serviços Condominiais, realizado no primeiro dia do Enacon (Encontro das Administradoras de Condomínios) Secovi-SP, foi apresentado um vídeo com declarações de quatro síndicos e seis gerentes prediais. Eles falaram das dificuldades enfrentadas no dia a dia da gestão condominial e das mudanças necessárias para superar dificuldades e solucionar problemas.

Para os síndicos, as administradoras desconhecem as necessidades dos prédios, empregam profissionais sem qualificação e conhecimentos necessários para os apoiarem, além de faltar confiança, competência, transparência e infraestrutura de atendimento. Do lado das administradoras, a principal reclamação é o baixo reconhecimento público ao trabalho das empresas.

Como serão as administradoras no futuro?

A presidente da Abadi (Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis), Deborah Mendonça, disse que é preciso solucionar uma equação desafiadora composta, por um lado, do desejo do síndico por qualificação profissional dos gerentes prediais e tecnologia voltada à gestão e, por outro lado, do sentimento de desvalorização das administradoras, que trabalham por preços cada vez menores e que inviabilizam, inclusive, a oferta de serviços adicionais. “Com margem, é possível investir em tecnologia e atendimento personalizado e diferenciado.”

Como a competição entre as administradoras de condomínios tem sido pelo preço, e há uma demanda por mudanças, por parte dos síndicos, a saída é a conscientização das empresas da importância de mudar a atuação. Na opinião de Eduardo Zangari, diretor de Relações Institucionais da Aabic (Associação Brasileira das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), o mercado caminha para a concentração do segmento de administração de condomínios em poucas empresas. Hoje, em São Paulo, há 400 administradoras, entre pequenas, médias e grandes. “A guerra de preços e a sucessão nas empresas familiares impulsionarão essa mudança”, disse. Trocando em miúdos, só ficarão as melhores. E isso significa que a escolha pelo preço dará lugar à escolha pelo melhor serviço.

O vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, Hubert Gebara, afirmou: “Nós somos os culpados pelo rebaixamento da nossa atividade empresarial, porque renegociamos contratos derrubando os preços de atendimento.”

Como valorizar as administradoras frente aos clientes?

Para Deborah, a autorregulamentação poderá elevar a percepção de valor da administradora. Ainda, as empresas devem implantar procedimentos e uniformizar serviços para trabalhar em escala.

Zangari acredita que a administradora precisa criar níveis de serviços. “Pesquisas mostram que as pessoas têm necessidades comuns na prestação de serviços”, disse. Além disso, as gestões administrativa e financeira são de responsabilidade da administradora e a operacional é do síndico. Para ele, se a empresa se envolver na gestão operacional, pode melhorar a sua avaliação final.

Na opinião de Sérgio Meira, diretor de Condomínios da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, e também coordenador do painel, esse segmento de mercado é desunido. “Vamos manter o preço elevado para sanear o mercado”, sugeriu.

Hubert Gebara recomendou solucionar tecnologicamente tudo o que for possível e investir em marketing. “O condomínio só conhece a administradora na hora de pagar. O gerente predial deve estender o trabalho para o conselho e os condôminos. Vamos deixar para ele o relacionamento social com o cliente.”

Como as entidades de classe podem apoiar as administradoras na solução desse desafio?

“Com eventos como esse. Cursos, valorização e capacitação dos funcionários das administradoras”, respondeu Deborah. Zangari acrescentou os programas Proad e Procond. Para Gebra, o principal é abandonar as vaidades. “A união do setor tem de superar as vaidades pessoais. Hoje, é muito fácil destituir uma administradora.”

Como utilizar as novas tecnologias, se há síndicos que querem o atendimento personalizado?

Segundo Deborah, é fortalecendo o back office para ganhar agilidade. “A informatização é uma realidade que não irá mudar. Valorizando o tempo, ganha-se economia de escala”, disse.

Zangari acredita que deve-se criar estratégias, analisar informações recebidas e adotar um bom sistema de CRM (Customer Relationship Management).

Sergio Meira defendeu o controle das novas ferramentas de comunicação pela administradora.

Gebara falou das dificuldades de administrar conflitos e neuroses e que as novas tecnologias devem ser decifradas “antes que elas nos devorem”.