“Nos últimos seis anos, 19 milhões de pessoas migraram da classes D e E para C e passaram a ter capacidade de renda para solucionar sua condição habitacional, revertendo diretamente em demanda explosiva por imóveis em segmentos supereconômicos e econômicos. E nós não temos fontes suficientes de recursos para suportar toda essa demanda. O que faz crescer a capacidade de o mercado imobiliário usar as ferramentas alternativas para poder atender essa demanda nos próximos anos”, afirmou o consultor Pedro Klumb, em palestra no painel sobre Funding, realizada durante o 1º Congresso Secovi NE, em 24/6, na sede da entidade.

Para entender o funcionamento dessa fonte de recursos, Klumb e o consultor Sérgio Belleza Filho explicaram aos jovens empreendedores como funcionam os recursos de capital (private equity) e de dívida (debt), que nos últimos anos vêm ganhando espaço no mercado imobiliário e se tornando uma opção atraente a investidores interessados em diversificar o portfólio e para as empresas que buscam alternativas na captação de recursos. “Na maior parte dos casos há uma conjunção dessas operações”, afirmou Belleza.

“Do ponto de vista institucional, o Brasil está bem arrumado em relação à captação de recursos no mercado. Temos uma legislação razoavelmente completa, do ponto de vista da segurança jurídica, o que ajudou no crescimento do mercado imobiliário. A demanda é grande”, afirmou Klumb. “Aprender a usar de forma criativa esses instrumentos de agregação de recursos para o setor será um diferencial estratégico fundamental”, ressaltou Klumb, lembrando que o SFH, somado ao SBPE, não consegue atender mais de 30% do volume produzido no ano. “Os outros 70% são financiados por outras formas de recursos, como os fundos imobiliários.”

O painel, coordenado por Carlos Della Libera, contou ainda com a palestra de Ana Maria Castelo, consultora da FGV Projetos. Segundo ela, a elevada demanda pelo programa Minha Casa, Minha Vida reflete a explosão do déficit habitacional no Brasil nas últimas décadas, quando o cenário de hiperinflação, instabilidade econômica e jurídica e esgotamento dos recursos do FGTS levou à lona a política habitacional do país, que só agora volta a construir tanto quanto no seu auge, na década de 1980.

“Nós temos um déficit habitacional de 7,2 milhões, distribuído entre as famílias que moram juntas, as favelas, as moradias improvisadas e os cortiços. Em termos absolutos, o maior problema está no Estado de São Paulo, afirmou a especialista, que lembrou que o país possui um arcabouço institucional, que teve origem em 1964 e embora tenha sofrido revezes em períodos de inflação e juros elevados, conseguiu se manter e trouxe mudanças que consolidaram um sistema de financiamento habitacional que, ainda, precisa ganhar fôlego para ser capaz de atender as necessidades habitacionais do País.

“Nós temos os elementos para promover o crescimento sustentado, mas há aspectos importantes a serem considerados como política social, inserção das famílias no mercado de crédito, centralizaçao da matrícula do imóvel, entre outros”, afirmou Ana Maria.