Quarto país em certificações Leed, selo de sustentabilidade concedido pelo Green Building Council, o Brasil atingiu na semana passada a marca de 100 empreendimentos certificados pela organização. Algo considerado uma realidade muito distante quando a instituição, que fomenta a construção sustentável, chegou ao país, em 2007.

— A sustentabilidade ganhou consistência e tornou-se mais viável, o que favoreceu o desenvolvimento dos empreendimentos brasileiros — diz Marcos Casado, diretor técnico e educacional do GBC. — Em 2012, havia uma média de 16 registros por mês em busca da certificação, ao passo que nos primeiros cinco meses de 2013 o número cresceu mais de 40%, chegando a 22 solicitações mensais.

Responsável pela certificação Aqua, que é baseada no processo francês Démarche HQE (Haute Qualité Environmentale), a Fundação Vanzolini também registra crescimento significativo de suas certificações. No mercado desde 2008, a instituição já certificou 107 empreendimentos verdes. E viu o número de certificações concedidas dobrar a cada ano. Nesse período, o mercado também viu surgirem novas opções de materiais e o consequente barateamento de muitos deles. Hoje, o valor de uma construção verde fica, em média, entre 1% a 7% mais caro que empreendimentos comuns. E já há construtores que relatam ter os mesmos custos para as duas formas de se construir. Há seis anos, essa diferença chegava a 30%. Ainda assim, menos de 1% dos lançamentos feitos no Brasil são de edifícios sustentáveis. Ou seja, há um longo caminho a percorrer.

— A construção civil brasileira cresceu nos últimos cinco anos, porém, pouco se evoluiu tecnologicamente. Com o boom imobiliário dos últimos anos, muitas construtoras se quer pensaram em trabalhar com edifícios sustentáveis já que estavam vendendo bem. Mas com a estabilidade do setor e o consecutivo aumento na concorrência pelas vendas, acredito que os empreendimentos lançados com certificação passarão a ter a preferência dos compradores — diz Bruno Casagrande, responsável pelo Desenvolvimento de Negócios do Processo Aqua.

No setor comercial, os avanços são maiores, já que há maior reconhecimento internacional. Assim, construtoras que investem em novos prédios de escritórios, visando principalmente atrair empresas multinacionais, sabem que precisam investir em sustentabilidade. Não à toa, 65% das edificações já certificadas Leed ainda são prédios comerciais e de escritórios. Segundo pesquisa do grupo Frances Havas, o mercado está disposto a pagar até 10% a mais por um empreendimento sustentável, já que isso agrega valor ao nome da companhia. No mercado residencial, a exigência ainda é menor. Mas, segundo Casagrande, esse cenário também já começa a mudar.

— Alguns empreendedores habitacionais estão mais preocupados. Tanto que de 2011 para 2012, o número de unidades habitacionais sustentáveis certificadas Aqua mais que dobrou.

Os benefícios da adoção das medidas vão da redução de ao menos 30% no consumo de energia, de 50% no volume de água consumida, de 35% nas emissões de gases de efeito estufa e de 65% na geração de resíduos, além da economia operacional mínima de 8%.

Fonte: O Globo, 5/7/13