O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia amanhã a criação de uma linha especial de crédito de R$ 3 bilhões para capital de giro para o setor da construção civil. Segundo ele, serão recursos da Caixa Econômica Federal (CEF) e não virão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O custo do financiamento ainda não foi definido, disse Mantega, “mas, seguramente, será a taxas abaixo do mercado”. A medida será mais uma resposta para irrigar o setor e evitar uma desaceleração muito forte do boom imobiliário dos últimos dois anos.

No 3º Encontro Nacional da Indústria, a principal cobrança dos empresários a Mantega foi a falta de irrigação de liquidez às empresas, enquanto o governo tem se preocupado em garantir a liquidez ao sistema bancário.

Para o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, “o governo tem que dar um sinal acelerado de que vai cortar gastos públicos para sobrar investimentos e garantir que a economia real não seja afetada pela crise de modo tão forte”.

O ex-presidente do Banco Central (BC) Carlos Langoni concorda com Gerdau na avaliação de que o governo precisa reduzir gastos fiscais, pois, segundo ele, o setor público tem pouca “bala na agulha” para aumentar investimentos de forma a “socorrer o esfriamento da expansão da economia real”.

Ele citou que a China, por exemplo, anunciou um pacote de US$ 280 bilhões para investimentos em ferrovias como forma de minimizar o impacto da crise na economia do país. Mantega disse que liberar compulsório e outras medidas para aumentar a liquidez dos bancos eram necessidades de curtíssimo prazo. Para o setor produtivo, ele citou que foi ampliado o crédito para a área agrícola e que o governo vai irrigar a área de construção civil com crédito a custos mais baixos.

O ministro refutou as críticas de descontrole fiscal e disse que o governo mantém todos os seus projetos de investimento para 2009, inclusive o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, sugeriu que o governo amplie o prazo de pagamento de impostos, “em caráter extraordinário”, de forma a ajudar na liquidez de pequenas e médias empresas, que a seu ver podem ficar inadimplentes com a União em função da crise financeira.

O ministro Mantega, entretanto, disse que o governo pode cogitar a medida, “mas tem que olhar qual seria o impacto de uma desaceleração de receitas sobre as contas públicas, diante da perspectiva de queda de lucros das empresas”.

Fonte: Azelma Rodrigues | Valor Online | 28/10/2008