O grupo de Novos Empreendedores do Secovi-SP (NE) abriu seu calendário de atividades realizando o Encontro NE com o economista Gustavo Franco, na terça-feira, 23/1. Com o tema “Novas perspectivas para o Brasil”, o ex-presidente do Banco Central apresentou um panorama político-econômico do Brasil, analisando mais de oito décadas do País.

Filiado do Partido Novo desde o final de setembro de 2017, Franco preside a fundação Novo, responsável por desenvolver o programa de governo para a campanha 2018 do partido. O economista deu um “teaser” de como o Novo pretende se posicionar em relação à economia, e apresentou algumas propostas.

“Falamos de reforma hoje em dia na acepção antiga, como algo que precisamos fazer para nunca mais ter que tratar de determinado tema, quando, na verdade, reforma deveria ser uma agenda permanente de qualquer organização que se pretende inovadora e progressiva. Fazemos isso nas nossas empresas, por que não fazer no País também? O governo não deve ser aquilo que empata a vida do alheio, mas uma organização que alastra a inovação”, declarou.

Gustavo Franco mencionou a preocupante baixa produtividade do Brasil e a estagnação do seu modelo econômico, em relação a outros países, em quase quatro décadas e citou dois eixos básicos de atuação na economia: redução do custo do capital e aumento de produtividade.

Em sua explanação, afirmou que, desde o Plano Real, o País está à procura de uma nova vocação, de um novo jeito de fazer a economia funcionar, e não achou ainda. “A recessão durante o governo Dilma Rousseff, com a queda acentuada do PIB per capita, indica que não achamos a fórmula para o País crescer, obedecida pelo princípio da responsabilidade fiscal e um ambiente de globalização.”

Carolina Ferreira e Rodrigo Fonseca, do Secovi NE, coordenam os debates

Não faltaram críticas ao sistema tributário (de 190 países, o Brasil ocupa o 180° lugar em ranking de complexidade tributária do Ease of Doing Business), à falta de ação do governo diante de um relatório do Banco Mundial que aponta a possibilidade de corte de custos na máquina pública federal equivalente a 8,36% do PIB, à discrepância de salários entre funcionários públicos e privados, à baixa exportação da produção por multinacionais por imposições do governo e ao atual modelo de previdência, que privilegia o administrador do dinheiro (governo) e não o cotista (cidadão), que deveria, na realidade, deter esse poder.

O economista elogiou a decisão do atual governo em formalizar pedido de adesão à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), segundo ele, uma das mais importantes decisões dos últimos tempos, e que muitos talvez não tenham se dado conta. “Isso deflagra uma quantidade gigante de agendas nos mais variados setores para o Brasil aderir a convênios internacionais, que vão abrir a economia de múltiplas maneiras”, comentou. E também a reforma trabalhista. “Quem precisa de uma nova vocação é a Justiça do Trabalho”, disparou.

O evento contou com a presença do presidente do Secovi-SP, Flavio Amary, e foi coordenado por Rodrigo Fonseca, integrante do Secovi NE.