Tivemos muito para comemorar ao findar o mês de junho. A CBIC ?Câmara Brasileira da Indústria da Construção entregou à ministra DilmaRoussef, no Rio de Janeiro, proposta de uma política de Estado para HIS? Habitação de Interesse Social.

A proposta foi bemrecebida e a ministra respondeu aos empresários que chegou a hora de asrepresentações da sociedade debaterem com maturidade sobre a matéria, eque a iniciativa privada será protagonista na implantação destapolítica.

A Fundação Getúlio Vargas, em conjunto com aErnst & Young, publicou o trabalho ?Brasil sustentável: Potencialidadesdo Mercado Habitacional?, no qual procurou delinear cenários até o anode 2030.

O estudo levou em conta os indicadoreshabitacionais de mais de 20 países, a fim de fornecer elementos para odebate da questão e para subsidiar o planejamento das empresas.

Dentre outros aspectos, o trabalho indica que o mercadobrasileiro enfrentará grande desafio para atender sua demandahabitacional, pois, em 2.030, o Brasil terá mais de 233 milhões dehabitantes distribuídos em 93,1 milhões de moradias. Em 2.007, éramos189 milhões de brasileiros em 56,2 milhões de domicílios. Ou seja, onúmero de moradias crescerá mais de 65% no período.

NoBrasil, assim como no restante do mundo, se observam mudançassignificativas na distribuição da pirâmide etária. Em 1.990, a idademédia do brasileiro era de 25,6 anos, expectativa de vida de 66,3 anos eapenas 36,4% da população tinha 30 anos ou mais.

Em2007, a idade média já era de 29,8 anos, a expectativa cresceu para 72,4anos e 45,7% da população tinham 30 anos ou mais. Em 2030, a idade médiaserá de 36 anos e quase 60% da população terá 30 anos ou mais. Portanto,haverá mais adultos aptos a formar família e demandar moradias.

O Brasil não conseguiu reduzir seu passivo habitacionalnos últimos anos. Em 2005, havia a necessidade de 7,8 milhões demoradias, somente para cobrir o déficit oriundo da inadequação dosdomicílios e da coabitação familiar.

Além dos esforçosque deverão ser empreendidos para o combate ao déficit, estima-se queseriam necessários investimentos de R$ 59 bilhões somente no ano de 2008para reposição de moradias ou para conservação das mesmas, afinal nossoparque habitacional está envelhecendo.

Estes e outrospontos deixam clara a importância que tem para o País a questão docrédito imobiliário. Se em 2007 o volume de crédito ofertado no Brasilfoi de apenas 1% do PIB, projeta-se para 2.030 uma forte expansão dofinanciamento habitacional, que representará 4,7% do PIB. Ou seja,espera-se crescimento anual de 11,2% nos próximos 23 anos, bem acima docrescimento econômico de 4% ao ano projetado pela Fundação GetúlioVargas. Isto significa que naquele ano serão concedidos R$ 290 bilhõesem financiamentos habitacionais.

Pode parecer utópicosonhar com cenário tão favorável para o mercado imobiliáriohabitacional. Porém, se há cinco anos tentássemos vislumbrar o cenárioque vivemos hoje, também imaginaríamos que estávamos sonhando. Arealidade mostrou que o mercado, as empresas e os consumidores vêmrespondendo favoravelmente ao desenvolvimento experimentadorecentemente.

Só falta mesmo o governo eleger ahabitação de interesse social como primeira linha da sua pauta, pois, seatendida esta demanda e o País crescer 4% ao ano, podemos prever ummercado imobiliário sustentável e perene, no mínimo, até 2030.