O programa Minha Casa, Minha Vida, ampliou as perspectivas para o mercado de imóveis econômicos e super econômicos. O assunto foi tratado por jovens especialistas, que explicaram as peculiaridades desse promissor segmento durante plenária setorial realizada em 23/6, pela vice-presidência de Comercialização e Marketing, área conduzida no Secovi-SP por Elbio Fernández Mera.

Daniela Ferrari, diretora de Negócios da Tenda, foi uma das convidadas para compartilhar seu conhecimento e falar sobre as oportunidades do segmento. Segundo ela, a empresa hoje está focada na faixa de 3 a 10 salários mínimos (chegando até a 15 salários) e tem pretensão de atuar na faixa de até 3 mínimos. Como diferenciais competitivos, conta com lojas estrategicamente posicionadas para captar de forma mais eficiente os clientes; e a tecnologia construtiva incorporada da Gafisa, a partir de experiência com a Odebrecht, voltada a agilizar a produção.

“Estes dois pilares devem otimizar o ciclo de produção, lançamentos e vendas desse segmento”, disse. Para sustentar o crescimento, as empresas dispostas a trabalhar no mercado de habitação econômica precisam utilizar de forma mais eficiente os recursos disponíveis.

Em termos de mercado imobiliário, o Estado de São Paulo tem hoje uma demanda de moradias estimada em 300 mil unidades, sendo 247,3 mil até 3 salários mínimos e 59,6 mil na faixa de 3 a 10 mínimos. Conforme analisou Daniela, os subsídios destinados pelo programa Minha Casa, Minha Vida à faixa de zero a 3 salários financiam aproximadamente 10% da demanda existente só na cidade de São Paulo.

“Há mercado para 10 anos de atuação. Os anos de 2009 e 2010 serão de transformação, de vencer desafios, demonstrar capacidade produtiva e concretizar um crescimento estruturado do setor”, opina. Ela chama a atenção ainda para a necessidade de evoluir o controle de demanda e créditos outorgados pelo programa, para evitar concentração de lançamentos e permitir equilíbrio e oportunidade para todos.

Experiência mexicana – Ao comentar o programa habitacional implantado no México, citou desenvolvimento tecnológico e velocidade na aprovação de projetos como grandes propulsores da transformação operacional no Infonavit. Tamanho foi o sucesso, que o plano mexicano não só se manteve após eleição presidencial na qual venceu o candidato da oposição, Vicente Fox, como também recebeu mais investimentos.

Daniela Ferrari reforçou a necessidade de promover um crescimento sustentado do setor, para assegurar a longevidade do programa. “Secovi tem feito seu papel, unindo todas as vozes, mantendo um importante canal aberto com a administração pública. Setor é atendido com grande receptividade, pois o governo o considera sério e comprometido.”

Nesse cenário, o mercado deve dar relevância aos segmentos mais impactados socialmente, já que a expectativa é de se lançar 300 mil unidades no Brasil, a grande maioria na faixa de 3 a 10 salários. Há oportunidade também na faixa de 0 a 3 mínimos, pela facilidade de se trabalhar, apesar das margens apertadas e da necessidade de qualidade. Conforme explicou a especialista, o ciclo tem de ser rápido: menos tempo e mais produtos.

“Bendita Crise”, enfatizou Fernández Mera. “Caso contrário, nunca iríamos convencer o governo que, sem subsídios, não funciona”, complementou, acrescentando que os subsídios vieram, e muito melhor do que se imaginava.