Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede), candidatos à Presidência da República, foram sabatinados nesta segunda-feira, 6/8, em Brasilia, por representantes de diversas entidades de classe que representam a construção civil.
Flavio Amary, presidente do Secovi-SP, participou do evento. “Pudemos mostrar aos presidenciáveis o tamanho do nosso setor, que representa 7,3% do PIB nacional e o que precisa ser feito para que geremos mais empregos e mais renda”, diz o dirigente da entidade.
José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), mostrou que, quando o governo cria programas de estímulo à construção, imediatamente o setor responde com a geração de empregos para a sociedade brasileira. Exemplos disso foram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida, que fez com que a construção civil alcançasse 3,09 milhões de empregos em 2014. “O Minha Casa Minha Vida gera 450 mil empregos diretos, além disso tem a capacidade de envolver empregos em outros 62 segmentos da economia”, destacou Martins, mostrando o impacto do setor da cadeia produtiva horizontal que tem uma grande capacidade de propagação.
O executivo também comentou a perda de 980 mil empregos diretos e indiretos, resultado da queda do investimento com a caderneta de poupança, que passou de R$ 113 bilhões (2014) para R$ 43,2 bilhões (2017). Martins destacou ainda que o investimento necessário para manter a infraestrutura existente é de 3,0% do PIB. “Para termos um crescimento de 4% da economia para atingir a qualidade de vida do leste europeu seria necessário investir 5% do PIB. No entanto, em 2017 tivermos apenas 1,4% do PIB. Ou seja, deixamos de criar 1,7 milhão de empregos diretos e 960 mil indiretos”, diz. Também citou o custo das obras paralisadas. Destacou que 0,65% do PIB Potencial foi perdido com as obras paralisadas. Ou seja, 42,4 bilhões por ano que poderia ter sido gerado de riqueza.
Estiveram na pauta as reformas necessárias para o desenvolvimento macroeconômico, pontos fundamentais para a retomada da confiança, corte de gastos públicos, carga tributária, o programa Minha Casa, Minha Vida, Parcerias Público-Privadas, desburocratização, concessões, diminuição do tamanho do Estado, destinação dos recursos do FGTS para financiar habitação, infraestrutura e saneamento, entre outros.
Marina Silva, da Rede, destacou a importância de programas como o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), e disse que irá ampliar a proporção de investimento no setor de infraestrutura, passando dos atuais 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para, pelo menos, 4% do PIB. “O Programa Minha Casa, Minha Vida é uma dívida do País aos brasileiros. Com ele, garantimos não só moradia, mas amparo emocional para a população menos assistida”, disse.
Para Geraldo Alckmin, do PSDB, o Brasil se tornou caro e pouco competitivo ao longo dos últimos anos. E a solução para reverter esta realidade é a abertura comercial e diminuição da interferência do governo na atuação empresarial. “Nossa ideia é desburocratizar, desregulamentar e estimular a atividade empreendedora para destravar a economia. Precisamos investir em moradia, saneamento básico e infraestrutura modal e, para isso, devemos usar o FGTS”, disse. Caso seja eleito, o ex-governador de São Paulo quer realizar, ainda no primeiro ano de mandato, as reformas tributária, previdenciária, política e de Estado. “A nossa meta é zerar o déficit em menos de dois anos. Política fiscal boa não tem déficit e abre espaço para investimento, daí a necessidade das reformas”, defendeu.
A Reforma do Estado é uma das bases da proposta do senador e ex-governador do Paraná Álvaro Dias, do Podemos. “O Brasil não pode ser um brinquedo entregue nas mãos de aventureiros que querem aprender a governar”, destacou. Segundo ele, não há solução para os problemas que afligem o Brasil no modelo em que o País se apresenta. “É por essa razão que não há recurso para fomentar o desenvolvimento, como no setor da construção, responsável pela geração de empregos no País”, disse. O candidato anunciou que, se eleito, terá um Conselho Consultivo para ouvir o setor da construção. “Quem quer conhecer o setor, tem que conversar com ele”.
O candidato à presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, defendeu que o sacrifício fiscal em prol da retomada do crescimento econômico no Brasil seja feito nos primeiros seis meses de mandato. E garantiu: “vai valer a pena”. Segundo o ex-governador do Ceará, o setor da construção civil tem um papel importante na reviravolta econômica do Brasil, uma vez que responde aos estímulos, cria emprego e gera renda de forma rápida e a custos baixos. “Precisamos diminuir despesa e aumentar a receita no Brasil. E, com o setor da construção civil, isso é possível”, acredita Ciro. Ele defende investimentos imediatos nas áreas de Defesa, Saúde, Agronegócio e no setor de Gás e Petróleo. Em seu discurso, Ciro Gomes enfatizou que todas as mudanças propostas em sua campanha passam pelo redesenho do pacto federativo brasileiro.
Henrique Meirelles, do MDB, citou uma de suas promessas de governo – o ‘Programa Brasil Integrado’, um amplo projeto de infraestrutura urbana, interurbana e de longa distância. De acordo com o candidato, já foram traçadas estratégias de curto, médio e longo prazos, que passam pela retomada imediata de mais de 7 mil obras que estão paralisadas ou andando lentamente, com investimentos na ordem de R$ 80 bilhões; pela agilidade nas obras em andamento e aquelas com potencial para atração de recursos privados. Para Meirelles, o Brasil ainda precisa avançar em reformas para retomar seu crescimento.
Investimento e emprego – A agenda estratégica da indústria da construção, exposta em documento enviado aos presidenciáveis, apresenta temas e propõe medidas para reverter a retração do setor e fomentar seu potencial gerador de riquezas. A âncora dessa pauta é a retomada do investimento, com foco na infraestrutura, na habitação e no mercado imobiliário, e na geração de empregos. Dirigentes e empresários do setor avaliam que o próximo ciclo da economia não será estimulado pelo consumo das famílias, mas sim pelo investimento, tendo a geração de novos postos de trabalho como efeito direto da execução de obras e novos empreendimentos.
Para isso, é preciso melhorar o ambiente de negócios brasileiro, restabelecendo a segurança jurídica; retirar as amarras do crédito para financiamento de empresas e projetos; adotar práticas que garantam a livre concorrência e a participação de um maior número de empresas nos projetos; e apostar na qualificação do atendimento à população, com ações como a revitalização de centros urbanos e outros. As empresas da indústria da construção estão conscientes da incapacidade do poder público para liderar a recuperação do investimento e preparadas para assumir projetos nos diversos segmentos na infraestrutura, com ênfase nas modalidades de concessões e parcerias público-privadas (PPPs), da habitação e mercado imobiliário; e nos demais setores em que a construção é parceira e parte integrante da geração de riqueza. Após mais de uma década em que aprofundou sua modernização, seja nos seus processos produtivos ou na governança de suas empresas, a indústria da construção está pronta para contribuir com o novo ciclo de crescimento sustentado do Brasil.
Força da indústria – A indústria da construção é um dos setores mais importantes da economia brasileira, com influência direta na geração de riquezas – sua cadeia produtiva é formada por construtoras e incorporadoras; fabricantes e comerciantes de materiais, máquinas e equipamentos; fornecedores de serviços técnicos especializados; consultorias de projetos, engenharia e arquitetura.
Grande geradora de emprego formal e renda, responde por mais de 50% do investimento no Brasil e exerce importante papel social não apenas trazendo para o mercado de trabalho estrato da população menos escolarizado e qualificado, mas também contribuindo para a prestaçāo de serviços em diversos setores.
Em meio à uma crise econômica que combina forte retração no crédito para empresas e redução
significativa da renda das famílias, entre outros aspectos, a indústria da construção tem enfrentado perdas continuadas, tornando-se o único setor da indústria que não acompanhou os recentes sinais de reação da economia. Estimulada, pode alavancar um ciclo de crescimento mais robusto da economia.
Dados oficiais de 2016 registram que a cadeia produtiva da construção:
- Representa 7,3% do PIB nacional
- Emprega 11,6 milhões de pessoas
- Desembolsou R$ 200,8 bilhões com a remuneração de trabalhadores
- Registrou valor adicionado da ordem de R$ 460 bilhões
- Gerou R$ 112,5 bilhões em impostos e taxas naquele ano
Com informações da CBIC