Abertura do Enic em Brasília

A necessidade de tocar as reformas indispensáveis ao bom andamento da economia e do País foram destaque na abertura da 89ª edição do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), evento realizado na capital federal pelo Sinduscon-DF e promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

“O Brasil não pode parar”, disse José Carlos Martins, presidente da CBIC, apelo também expressado pelo Secovi-SP em recente anúncio publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo. “O Congresso precisa votar as reformas da Previdência e Trabalhista. Também urge que dê direção a outras importantes medidas para o nosso setor, como a modernização dos processos de licitação e de licenciamento ambiental”, afirmou, a uma plateia de aproximadamente mil empresários e políticos, como ministros de Estado e congressistas.

Martins pontuou que o capital demanda essas mudanças como forma de ter previsibilidade e ver credibilidade na gestão pública. Dyogo Henrique Oliveira, ministro do Planejamento, sustentou que o governo federal “continuará enfrentando os grandes problemas” do Brasil, garantindo o máximo empenho de esforços para que as reformas avancem o quanto antes.

Outro dedo na ferida foi a abordagem da insegurança jurídica sofrida pelas empresas da indústria imobiliária. “Vivemos dias em que não vale mais o que está escrito em contrato e em lei, mas sim o que as pessoas acham que está escrito”, enfatizou, em relação aos distratos. “Este é um grito de um setor que  não aguenta mais.”

Flavio Amary, presidente do Secovi-SP, já demonstrou firme posicionamento acerca do assunto. Para ele, se o direito de romper um contrato unilateralmente vale para o comprador, pela mesma lógica, deveria, também, vigorar para o incorporador.

Martins, da CBIC, lembrou que o setor da construção, responsável por cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto),  já empregou mais de 3 milhões de pessoas com carteira assinada. Com a crise, entretanto, viu-se obrigado a demitir mais de um milhão de trabalhadores.

Outro pleito apresentado pelo setor foi mais sensibilidade por parte das instituições financeiras no que concerne à falta de liquidez de muitas construtoras. Isso, em decorrência também da crise. Como o ciclo do empreendimento imobiliário é de longo prazo, muitas companhias iniciaram suas obras em um momento favorável da economia, esperando que, no futuro, iriam conseguir comercializar essas unidades. Como os resultados foram reversos, essas mesmas empresas, sem conseguir caixa, veem-se hoje em dificuldades para quitar empréstimos.

“Falta ao setor financeiro o máximo de sensibilidade. As empresas de pequeno e médio porte não estão conseguindo pagar esses compromissos. Não porque não querem, mas sim por causa da crise”, disse.

Gilberto Occhi, presidente da Caixa, afirmou que não faltará crédito imobiliário ao setor, tanto para a produção como para aquisição. Lembrou, ainda, que as cifras destinadas ao financiamento imobiliário neste ano são de R$ 80 bilhões.

Bruno Araújo, ministro das Cidades, sublinhou que entregará 170 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida faixa 1 neste ano. Também contratará outras 440 mil unidades ao longo de 2017 para as faixas 1,5; 2 e 3. Fez, também, alusão a um marco de sua gestão frente à Pasta em 12 meses de governo. “Em um ano neste ministério, que é um dos maiores contratadores de obras do País, percebemos que só somos bons contratadores se formos bons pagadores. Quando assumimos, éramos inadimplentes. Depois de muito trabalho, além de pagar as contas que estávamos devendo, reduzimos nossos prazos de pagamento”, comemorou, fazendo menção honrosa a pessoas que o auxiliaram nesse desafio. Como exemplo, citou a secretária nacional da Habitação, Maria Henriqueta Alves, que, antes de assumir o cargo, integrava a Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, cuja presidência é exercida por Flávio Prando, vice-presidente de Intermediação Imobiliária e Marketing do Secovi-SP.

O Enic 2017 prossegue até sexta-feira, dia 26/5. Mais informações em www.cbic.org.br.