A cerimônia de posse da nova diretoria do Secovi-SP,realizada dia 28/9, no Anhembi, em São Paulo, foi pontuada porhomenagens e compromissos.

Romeu Chap Chap, que portrês mandatos consecutivos presidiu a entidade, foi o porta-voz do setordurante homenagem ao ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que recebeu a láurea?Personalidade Secovi do Ano?.

Reconhecido por seutrabalho e sua colaboração decisiva para o desenvolvimento da indústriaimobiliária e da habitação, Furlan foi lembrado também por seudesempenho em abrir as fronteiras do País para o comércio internacional.

Chap Chap ressaltou a capacidade de interlocução doex-ministro junto ao governo federal, trabalho que possibilitou aredução de alíquotas e impostos incidentes sobre materiais deconstrução. ?Com isso, houve diminuição do custo final da habitação?,ressaltou o dirigente.

Além dessa medida pontual, ChapChap lembrou da série de resoluções que estimularam os agentesfinanceiros do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) aoperar com maior intensidade com crédito imobiliário, proporcionando amelhoria das condições de financiamento para aquisição de imóveis, bemcomo a queda dos juros, a expansão dos prazos e a concorrência entre osbancos.

?Como ministro, Furlan contribuiu para que opresidente Lula pudesse cumprir a promessa de priorizar a habitação egerar empregos, para ele, uma questão de honra.

E comohomem, fez ver a todos o seu grande amor por este país, mostrando que,com seriedade e dignidade de propósitos, cada um de nós pode fazer a suaparte na tarefa de levar o Brasil pelos caminhos do desenvolvimentoperene?, destacou Chap Chap.

Importanteatividade ? O ex-ministro Furlan brincou que nasceu com o Secovi, em1947, e estendeu a homenagem recebida a toda a equipe de governo dopresidente Lula, que, de acordo com suas palavras, ?trabalhou integradacom a cadeia produtiva do setor?.

Furlan classifica aatividade da construção civil e imobiliária a mais importante do país eressaltou que as melhorais obtidas para o segmento resultaram de muitodiálogo entre governo e iniciativa privada. ?Criamos, inclusive, asecretaria de Comércio e Serviços para interagir com o setor?, lembrou oex-ministro.

Ele ressaltou que o governo federal temtrabalhado para desenvolver e estimular a produção imobiliária e quandotomou a decisão de desonerar alguns itens a cesta de materiais deconstrução foi com o objetivo de atingir a população de baixa renda. Deacordo com Furlan, hoje há mobilidade social e as famílias com rendareduzida são potenciais compradores de imóveis.

Para oex-ministro, o Brasil inicia um ?novo surto de capitalismo saudável?,cujos resultados ainda não são possíveis mensurar. ?A quantidade degruas e guindastes é a medida da dinâmica e efervescência do setor?,enfatizou, lembrando que seu pai, Atílio Furlan, disse-lhe que aprosperidade de uma cidade deve ser medida pela quantidade de novostelhados. ?E eu tenho visto muitos novos telhados pelo Brasil afora.?
A credibilidade do país alcançada nos últimos cinco anos desperta,de acordo com o homenageado, o interesse dos investidores estrangeiros.Apesar disso, o setor imobiliário ainda tem de trabalhar para removerobstáculos, como a burocracia. ?Tramita no Congresso um projeto de leipara a criação do sistema nacional de cadastro, cujo princípio éprivilegiar o cadastro positivo. Há espaço para redução de custostributários e burocracia?, enfatizou Furlan.

De acordocom o ex-ministro, a láurea recebida fará parte da memória de seus maisde 50 meses de exercício na atividade pública. ?Como já disse, essa éuma homenagem a toda a equipe do governo Lula?, afirmou. ?O maior anseioda família é ter um imóvel. Isso melhora a auto-estima da população edesenvolve a nação. Como dizem os representantes da União Nacional daConstrução0, nos próximos anos o setor vai representar mais da metade doPIB do Brasil?, concluiu.

Transição ? Romeu ChapChap não ressaltou a construção civil como sustentáculo dodesenvolvimento da nação em seu discurso de transição do cargo depresidente do Secovi-SP para o engenheiro João Crestana. Ele enfatizou apostura de estimular o diálogo produtivo e permanente com governo elideranças empresariais e sindicais. ?Buscamos o entendimento, adotandoa política olho no olho?, asseverou.

Ele lembrou asdiferentes metas apresentadas durante as cerimônias de posse pelas quaispassou, mas se ateve à lembrança de Severino: ?competente operário quehavia trabalhado anos atrás em uma de minhas obras, então desempregado,pois eram poucos os novos empreendimentos?.

ConformeChap Chap, Severino morava na rua, não tinha o que comer nem vestir. Masnão queria esmola e sim trabalho e esperança. ?Em respeito a ele, e àsua esperança, permaneci, mais uma vez, na presidência do Sindicato. Nãoteria paz de espírito enquanto não pudesse colaborar, proporcionando aele e aos milhares de brasileiros ?Severinos? uma resposta?, lembrou,completando que na solenidade de posse ocorrida em 1º de setembro de2005, anunciou os resultados positivos alcançados pelo trabalho conjuntodo Secovi, da CBIC, da Abecip e outras entidades participantes.

Após várias vitórias, que resultaram na retomada docrédito imobiliário e, conseqüentemente, na produção e comercialização,em 2006 Chap Chap foi em busca de Severino. Soube, após váriastentativas, que ele está trabalhando na construção de um prédio lá naZona Leste.

?Não vou dizer que tudo está resolvido. Aocontrário, há muito a conquistar. Abrimos e pavimentamos o caminho.Agora, é preciso fazer a viagem. E, sem dúvida alguma, essa jornada seráfeita com absoluta competência por meu sucessor João Crestana e suaformidável equipe de diretores que hoje tomam posse?, observou,completando que ainda são inúmeros os objetivos, incansáveis asbatalhas, eternos os ideais a perseguir, e os valores a defender. ?Amissão do Secovi não tem fim.?

Novo momento ?Após a leitura do termo de posse por representante da Federação doComercial do Estado de São Paulo, o novo presidente do Secovi-SP, JoãoCrestana, falou sobre suas expectativas e metas para essa nova fase.?Com apoio dos meus companheiros de diretoria e, principalmente, dosassociados que nos elegeram com 98% dos votos, assumo a missão depresidir o Secovi com o compromisso de representar com seriedade um dosmais expressivos sindicatos do país.?

Crestana lembrouque o presidente Lula falou da necessidade de destravar o Brasil eaproveitou a oportunidade para assegurar que o setor imobiliário estápreparado para ser protagonista neste processo de eliminação de amarras,com firmeza e posições críticas quanto á visão de um país moderno,educado, livre e verdadeiramente democrático, com Legislativo eExecutivo valorizados e a imprensa livre.

O novopresidente falou sobre as décadas de retrocesso pelas quais o mercadoimobiliário foi submetido e que apesar da retomada, ainda falta muitopara voltar a produzir e comercializar como na década de 1980 e superara chaga vergonhosa do déficit habitacional. Além de manter a política dediálogo franco com diferentes lideranças do cenário político, econômicoe empresarial, Crestana pretende estender os debates aos movimentospopulares e às ONGs. ?Acreditamos no poder do diálogo e na capacidade deconvergência que marcas as grandes mudanças das nações.?

Ele afirmou que o direito à moradia, definido na ConstituiçãoFederal, deve ser garantido, assim como a educação, segurança e saúde. Epara diminuir o déficit habitacional de aproximadamente 8 milhões demoradias, o governo deve adotar a habitação como prioridade absoluta eter isso como convicção pessoal, assim como Vicente Fox, quandopresidente do México. ?Somente a iniciativa privada é capaz de produzirhabitações formais em larga escala. E afirmo que o setor formal quercolaborar efetivamente com o poder público na elaboração dessa políticaperene, que atenda as camadas populares?, defendeu o dirigente,completando que não é mais possível admitir que normas anacrônicas emá-vontade agravem o problema de escassez de moradias populares.

?A meta do mercado, para os próximos anos, é atenderefetivamente as famílias de mais baixa renda. E esse desafio precisa servencido para acabar com um dos mais graves indicadores de desigualdadesocial?, defendeu Crestana. Para atingir esse objetivo é preciso quefamílias sem capacidade de pagamento recebam subsídios diretos.

Desconcentração do FGTS – O novo presidentemencionou as duas fontes de recursos para a produção de novas moradias:a poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A primeiradelas tem injetado montantes substanciais de recursos para esse fim,resultado de um sólido marco institucional e da saudável concorrênciaentre os bancos.

O FGTS tem mais de R$ 50 bilhõesdisponíveis para habitação, mas o orçamento anual aprovado é sempreinferior a R$ 7 bilhões. Na avaliação de Crestana, a explicação paraesse paradoxo é que o canal de distribuição tem se mostrado ineficiente,também porque não há política nacional específica e adequada.?Coincidentemente, esses fundos são operados por um único agente, aCaixa Econômica Federal?, lembrou, completando que é legítimo oquestionamento pela sociedade civil sobre a possibilidade demodernização da operação desses recursos, já que o modelo é o mesmodesde a extinção do BNH.

?A Caixa trabalhou e continuatrabalhando em parceria com o setor, mas talvez ela possa, agora, seconcentrar somente na aplicação, financiando, em concorrência leal comoutros bancos?, sugeriu Crestana, completando que a operação dosrecursos poderia ser atribuída a uma administração paritária, comrepresentantes de governo, empresários e trabalhadores. ?A gestão neutracriaria condições para que os demais bancos financiassem com recursos doFundo. Por ser benéfica para o país, o Secovi defende a desconcentraçãoda operação dos recursos do FGTS.?

A permanência daexigibilidade dos recursos da poupança para habitação, a desoneraçãotributária, mudanças nos serviços cartorários, tornando-os mais ágeis ebaratos, apoio às pequenas e médias empresas diante de mudanças nomercado, mudanças na Lei de Zoneamento e no Plano Diretor da cidade, emudanças nas formas de definição de áreas e monumentos tombados sãooutras metas da nova diretoria. ?Outra medida importante é aproximarainda mais o Sindicato dos condomínios e síndicos, desenvolvendo novosprodutos e aprimorando os cursos oferecidos?, completou Crestana.

Conforme o novo presidente, a diretoria vai trabalharcom pragmatismo. ?Vivemos um novo momento. O empresário evoluiu, oconsumidor está cada vez mais exigente e informado. O créditoimobiliário tem crescido, com marco regulatório moderno e inteligente. Omaior compromisso desta diretoria é buscar mis, com ética, transparênciae seriedade para agregar novos valores ao mercado?, concluiu.