Vale a pena ser um profissional ético?

*Fernanda Pereira Lisboa

Recentemente tivemos a oportunidade de ministrar uma aula de Ética, na qual os alunos questionaram: vale a pena ser um profissional ético?

Num primeiro momento, essa indagação, suscitada ao final de um curso, deixaria qualquer professor pronto a considerar que sua missão de educador foi “para o espaço” e que o melhor a fazer seria recolher-se e buscar uma nova atividade ou, definitivamente, abraçar a missão de que a educação tem o poder transformador.

A atuação profissional nas grandes cidades como São Paulo tem suscitado o surgimento de novas carreiras ou ampliação do escopo de determinadas profissões, como o de administração condominial. Assim, atividades passam a ser complexas e, em contrapartida, os profissionais, além da prestação de serviços regular, assumem novos deveres dentro de padrões éticos (os quais, muitas vezes, não encontram parâmetros pré-determinados).

Nesse aspecto, abraçando a missão transformadora que a educação tem o poder de provocar e, identificando nesses profissionais a pró-atividade em busca de conhecimento, abordaremos alguns assuntos que interessam a todos os administradores.

É necessário mencionar as questões atuais como: o declínio de valores que a sociedade vivencia e na qual está inserida, a conduta incompatível com a dignidade do exercício profissional, e, por fim, os problemas peculiares que surgem no exercício da profissão de administrador em decorrência de como o conceito da ética tornou-se frágil.

Abordar esses assuntos significa ampliar não só a necessidade de preservação de direitos dos clientes, mas também dos deveres dos profissionais que se vêem vulneráveis diante de práticas abusivas e de natureza duvidosa (prática de taxas de administração abaixo do mercado, conduta incompatível com as práticas regulares, oferta de “propinas” para síndicos etc). Tais situações, quando disseminadas entre os administradores de condomínios, faz crer que os que agem corretamente, dentro de princípios e padrões éticos, estão errados, enquanto os demais, eles sim, estão corretos!

Não devemos nos perder diante dessas situações, que são exceções de condutas, e não podem servir de pretexto para disseminar padrões incompatíveis no mercado. As empresas devem competir com as similares, cada uma dentro de seus parâmetros próprios, pois só é possível comparar coisas iguais.

Mais do que nunca, é preciso estabelecer pilares que fundamentem o exercício da profissão de administrador. Em contrapartida, esse profissional precisa servir-se de direitos como seriedade e eficácia, para garantir sua efetividade em prol do cliente e da sociedade, pois é preciso deixar somente ao encargo do mercado “separar o joio do trigo”.

*presidente do Capítulo Brasileiro do IREM e instrutora da Universidade Secovi