O quarto mês deste ano foi marcado pelos primeiros sinais de mudanças na economia. A inflação voltou a ocupar as manchetes, com ênfase para a discussão da alta no preço dos alimentos, carestia globalizada em um mundo integrado pelas comunicações.
O receio do retorno da escalada inflacionária acendeu um alerta à autoridade monetária e, após sete meses de estabilidade da taxa de juros básica em 11,25%, decidiu-se pela elevação preventiva em cinco décimos.
Diante de um quadro com aumento da percepção de incertezas quanto ao futuro da economia, o mercado de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo provavelmente sentiu um esfriamento e registrou comercialização de 2.786 moradias, 36,5% inferior ao resultado excepcional de março. Mesmo assim, o total escoado é o melhor resultado verificado em abril desde início da série histórica de vendas, iniciada em 2004. As vendas de abril foram 19,2% superiores às do quarto mês de 2007.
De acordo com o Departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP, responsável pela realização mensal da pesquisa, o indicador de desempenho Vendas Sobre Oferta (VSO), em porcentagem, foi de 14,8% em abril, a segunda melhor performance do ano.
“Um fato interessante é a desenvoltura do segmento de três dormitórios, que ficou com uma fatia de 44,9% de tudo que foi escoado em abril”, considerou Celso Petrucci, economista chefe do Sindicato.
Ao considerar o primeiro quadrimestre deste ano, a participação de mercado de três dormitórios é semelhante. O nicho foi responsável por 42,9% do total de 11.264 unidades vendidas de janeiro a abril, inclusive. Já o segmento de dois dormitórios representou 30,5% desse total. Apartamentos e casas de quatro dormitórios foram responsáveis por 24% das vendas deste ano.
O total escoado neste ano – até abril – foi 40,6% superior ao verificado em igual período de 2007. Em valores, foi movimentado algo em torno de R$ 3,6 bilhões, um crescimento de 39,8% no volume transacionado em relação ao mesmo período do ano passado.
Relevante considerar que o índice médio de desempenho mensal, expresso pelo indicador VSO, foi de 14,1% ao mês neste ano. No primeiro quadrimestre de 2007, o mesmo indicador foi de 11,1% ao mês.
A produção imobiliária também cresceu. De acordo com a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), 8.653 unidades foram lançadas na capital paulista de janeiro a abril, contra o lançamento de 7.334 habitações nos quatro primeiros meses de 2007. Ou seja, incremento de 18%.
Alberto Du Plessis, vice-presidente de Tecnologia e Relações de Mercado do Secovi-SP, destaca a importância do setor para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 5,8%. “O ótimo desempenho da construção civil, de 8,8%, e das edificações – leia-se indústria imobiliária – foram responsáveis em grande parte por essa elevação”, diz, acrescentando que a economia brasileira beneficia-se do bom desempenho da indústria imobiliária. “Mas a manutenção da desenvoltura do setor só será garantida por meio da estabilidade da inflação, para que não haja novos apertos na política monetária.”