As adversidades climáticas recentes – furacão Katrina, tsunami na Ásia, enchentes em Santa Catarina e seca no Rio Grande do Sul, só para citar algumas – mostram que a sociedade precisa discutir e implementar ações para reduzir os efeitos do aquecimento global no planeta. Essa foi a conclusão do seminário “Mudanças Climáticas e a Construção Civil”, ocorrido em 6/5 na sede do SincusCon-SP e apoiado pelo Secovi-SP.

O secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Xico Graziano, afirmou que há muito ainda a ser feito para combater as mudanças climáticas. “Essa agenda não é vitoriosa, porque está só começando.” Ele reconheceu, porém, que há avanços, afinal alguns setores de ponta já olham para o meio ambiente como algo que agrega valor.

Longo prazo – Rachel Biderman, coordenadora adjunta do Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVCes-FGV), informou que estudos sobre o tema comprovam que as atividades econômicas afetam o clima. “E os fenômenos extremos são cada vez mais frequentes”, completou. Na opinião do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, o segmento está engajado na luta para barrar o aquecimento global. O desafio, segundo ele, é incluir as empresas de pequeno e médio porte e os edifícios antigos no projeto.

Na visão do titular da Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Cidade de São Paulo, Eduardo Jorge, o combate ao aquecimento global é um projeto de longo prazo. “Nós não vamos superar esse problema em menos de 40 ou 50 anos”, previu o secretário, justificando que é impossível mudar da noite para o dia os hábitos de consumo da população.

Urgência – Fabio Feldman, secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade, concordou com o secretário, mas ressaltou que “temos pouco tempo para agir”. Na construção civil, disse ele, é preciso, inclusive, repensar projetos. Feldman é favorável a uma tributação diferenciada para os produtos sustentáveis. “Uma lâmpada mais eficiente deveria pagar menos imposto.”

Lembrando que o setor imobiliário é muito fragmentado, Marcelo Takaoka, presidente do conselho deliberativo do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), defendeu maior intercâmbio entre as partes. “Poucas empresas chamam o administrador predial na fase de projeto”, disse, lembrando que 80% do impacto produzido por um edifício está no uso, e não na fase da construção. “Depois que o prédio está pronto, é mais difícil torná-lo eficiente”, ressaltou.