Com o mote “O mercado imobiliário como alavanca do desenvolvimento econômico e social da nação”, a Semana Imobiliária, composta da Convenção Secovi e do Salão Imobiliário(entre 27 e 30/9, no parque Anhembi, capital), encerra sua quarta edição em meio a um cenário positivo para o setor. Foram mais de 50 mil visitantes – que tiveram ao seu dispor cerca de 30 mil ofertas em unidades em estandes espalhados por mais de 16 mil metros quadrados -, e que absorveram uma extensa programação de palestras e atividades paralelas, abrangendo toda a cadeia da indústria imobiliária. Os eventos integraram a Semana Imobiliária, que foi aberta dia 26/9, com a cerimônia de premiação do Master Imobiliário, no Clube Atlético Monte Líbano (zona Sul da capital). Também, durante a Convenção, ocorreu a solenidade de posse da nova diretoria do Secovi-SP e a entrega da láurea “Personalidade do Ano Secovi” ao ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.

Ainda, durante a Convenção Secovi, o secretário de Estado da Habitação e presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Lair Krähenbühl, e o Secretário estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano, firmaram protocolo ambiental de cooperação para implantação de medidas para consolidar o desenvolvimento sustentável no setor da construção civil.

O mercado imobiliário no litoral e interior – quase duas horas de exposição, conduzida pelo vice-presidente do Interior do Sindicato, Milton Bigucci, revelou o atual mercado imobiliário regional estadual com grande propriedade, na tarde do primeiro dia da Convenção Secovi (27/9). E a conclusão foi uma só: “o interior paulista é a ‘bola da vez’ no cenário da cadeia imobiliária estadual, e as razões são diversas, dentre elas a vocação dos consumidores (locais e da capital) pela compra de imóveis, a grande abertura de crédito e capitais em todos os níveis, e a alta qualidade de vida dos municípios, ora servidos por um cabedal de facilidades logísticas que atraem cada vez mais uma população jovem e economicamente ativa. Ainda, no sábado, 29/9, a palestra Cenário Atual do Mercado de Loteamentos voltou a abordar a dinâmica do setor regional, mostrando como a comercialização de unidades habitacionais com financiamentos de longo prazo está impactando o mercado de loteamentos.

Ambas as atividades contaram com a participação do diretor geral do Secovi Campinas, Rui Scaranari. Segundo o dirigente, além de outros diferenciais, Campinas segue uma tendência mundial, que é a de criar áreas urbanizadas no entorno de grandes aeroportos (a exemplo de Viracopos). “Também assistimos a um crescimento notável do mercado de terceiros, incrementado pela atuação da Rede Secovi na região”, disse. Embora as condições positivas do setor na cidade – hoje o município tem cerca de 200 mil pessoas interessadas na compra de imóveis – o diretor não negou sua preocupação com a burocracia e morosidade da prefeitura na aprovação de projetos. ‘Atualmente, uma aprovação demora de 4 a 6 anos, no mínimo, e, embora estejamos na luta para melhorar a situação, não vejo um horizonte favorável”, revelou Scaranari.

Vale do Paraíba – segundo João Dantas, há tempos a região foi escolhida para sediar a maioria das megaempresas que estão no Brasil. Hoje, existem no Vale cerca e 66 mil empreendimentos em construção, o que representa aproximadamente 6,6 mil unidades em oferta. O destaque, como na maioria dos municípios paulistas, inclusive capital, é para o apartamento de 2 dormitórios com suíte, “a receita pronta do sucesso”, segundo Dantas, para o qual as grandes empresas fizeram e fazem verdadeiros “bancos de terras” na região, para futuro investimento. Ainda de acordo com o dirigente, as cerca de 50 empresas que atuam na microregião do Vale do Paraíba aprenderam, ao longo do tempo, a financiar com recursos próprios, o que, de certa forma, é uma vantagem. “Ainda sou reticente quanto à relação entre pequenas e grandes empresas com capital aberto. Acho que esse fenômeno pode gerar uma queda de preços – no vale, o metro quadrado chega a ser comercializado a R$ 2,5 mil – e temo por uma demanda fraca para toda essa futura produção”, disse.

Sorocaba, a Manchester brasileira – além disso, a excelência de seu sistema viário, aliado à tecnologia que rompeu as barreiras regionais, fazendo com que a cidade se projetasse nacionalmente, são fatores indutores para que o município crescesse 54% entre 2002 e 2003. Mas também nada adianta se não haver sustentabilidade, informa Flavio Amary, diretor regional da unidade do Sindicato na cidade. “Um dado positivo é o nosso IDH, um dos melhores do País”, sinaliza. Ainda de acordo com Amary, embora o destaque local ainda seja para os loteamentos fechados – 5% da cidade foi loteada nos últimos anos-, o mercado sorocabano se expande e atua em várias frentes, atendendo a praticamente toda a camada populacional.

Jundiaí é logo ali – a proximidade com a capital fez com que o município se transformasse em um formidável pólo de logística. De parque industrial invejável, Jundiaí, com seus quase 600 mil habitantes em 2006, tem um PIB que beira os R$ 10 bilhões, e pode ser praticamente considerada como 100% saneada. Contudo, o atual plano Diretor é restritivo e ainda inviabiliza empreendimentos, segundo José Roberto Orlando, presidente da Proempi, entidade que representa o Sindicato na região. “Nossa área de proteção ambiental envolve inclusive o centro da cidade. Para Orlando, o imóvel destinado à classe média ainda impera na região (56% da produção), mas todas as faixas são atendidas confortavelmente e, pela quantidade de empreendimentos que aguardam licenciamento na prefeitura, o panorama local deverá mudar radicalmente na próxima década.

Oeste paulista, prosperidade e qualidade de vida ao alcance de todos – um incrível centro gerador de negócios e serviços instalado em uma área totalmente confortável, onde o acesso a áreas e terrenos não encontra obstáculos complicados. Assim é a região de São José do Rio Preto – e aqui também podemos citar a cidade de Bauru, aonde o Sindicato também possui uma sede regional -, município de turismo forte, que alia qualidade de vida e oportunidade de vida de forma que raramente se vê em outras localidades brasileiras. Tradicionalmente conhecida por sua vocação acadêmica – hoje Rio Preto aloja 8 centros acadêmicos, com mais de 110 mil alunos – a cidade multiplica seus centros tecnológicos, o que revela também um crescimento empresarial da ordem e 36% nos últimos meses de 2007. “Precisamos de mais produtos imobiliários para um público na faixa etária entre 20 e 30 anos”, revela Joaquim Ribeiro, diretor geral do Secovi no município. Em Rio Preto, 7% da população vivem em condomínios fechados, e, já em 2012, a projeção é que esses núcleos habitacionais superem a casa de 50 unidades na região. “Mas este número deverá ser bem maior, em função da situação privilegiada do mercado imobiliário atualmente”, completa Ribeiro. Preocupado com o mercado de baixa renda, o dirigente compactua com a opinião de seu colega do Vale do Paraíba, João Dantas: “precisamos buscar parcerias público e privadas, além disso, o setor precisa voltar os olhos seriamente para as questões de meio-ambiente”, diz.

De acordo com o vice-presidente do Interior, Milton Bigucci, Bauru, dada à proximidade com Rio Preto, apresenta praticamente o mesmo cenário imobiliário regional, mas sente a necessidade de uma forte produção de galpões, pois, segundo o diretor local, Riad Elia Said, existe forte demanda para tal.

Baixada Santista é redescoberta – um quase fenômeno vem crescendo nos últimos meses em praticamente toda a Baixada Santista – mais nitidamente na Praia Grande – que é o surgimento acelerado de empreendimentos de padrão médio e alto em toda a orla, muito em função do advento da abertura de capital. “Resta saber se haverá procura para tanto”, polemiza Domingos Augusto Nini de Oliveira, representante do Sindicato na região. De acordo com Nini de Oliveira, a tempos o litoral deixou de ser apenas um lugar para imóveis de segunda residência, ou mesmo cidade dormitório para a força de trabalho da capital paulista. “O público local é o que mais compra”, afirma. O dirigente também deu largo destaque para a pujança portuária da Baixada Santista de uma forma mais abrangente. “Além disso, as empresas também foram atraídas pela sensível melhoria da infra-estrutura local , e pelas atuais facilidades de acesso de suas novas vias”, ponderou, dentre outras questões, Nini de Oliveira.