Esta notícia precisa chegar já ao comprador de imóvel, pois ele ainda está confuso por achar que a crise abalou nosso setor tanto quanto os demais, e não é bem assim. O mercado imobiliário já dá os primeiros sinais de reação, ao registrar significativo crescimento nas vendas. Em todas as cidades do País, especialmente São Paulo, o mercado imobiliário voltou a vender em janeiro, fevereiro e março, como se já estivesse espantando a crise e caminhando com vontade para superá-la com eficiência e maturidade.
Basicamente, três razões levaram a isso. A primeira é que os empreendedores, para debelar a turbulência global, criaram condições que facilitaram muito a aquisição do imóvel. Elas vão desde prazos maiores nos financiamentos e descontos de até 15% nos preços a menor valor de entrada.
Outra é que a eclosão da crise, em setembro, levou o comprador a afastar-se dos estandes de venda, criando uma demanda reprimida que agora começa a se afrouxar, muito em razão dessas promoções de venda, reflexo da turbulência. O empreendedor sabe que o comprador, em meio à crise, tira proveito da situação encontrando melhores oportunidades.
Finalmente, o crédito em geral havia minguado com a desaceleração, é verdade, mas não na mesma proporção no setor imobiliário, que opera com repasses carimbados, de destinação dirigida, originados da caderneta de poupança e do FGTS. As contratações de janeiro de 2009 com recursos da poupança atingiram R$ 1,9 bilhão, 17,45% a mais que no mesmo mês de 2008. Não que o setor seja um oásis na economia, mas não tivemos, por isso, os mesmos problemas de crédito.
Sem dúvida, a crise levou os agentes financeiros imobiliários a um processo de maior seletividade para emprestar ao setor imobiliário, e até hoje isso ainda é sentido. Mas jamais com a mesma intensidade que vimos nos demais setores, e o crédito tende a se normalizar no nosso mercado, como já estamos vendo acontecer: Os lançamentos de setembro para cá voltaram a vender, o comprador está de novo respondendo positivamente.
Evidentemente, não voltamos ainda nem ao ritmo de 2007, mas trabalharemos no ritmo de 2006, com a certeza de que começaremos a superar a desaceleração no segundo semestre. Isto sugere que confirmaremos a projeção feita pelo Secovi-SP, de 52 mil novas unidades lançadas em 2009 na Grande São Paulo, das quais 28 mil em São Paulo. Sem dúvida, é projeção abaixo do lançado em 2007 ou 2008, mas acima dos anos anteriores.
Assim, qualquer previsão realista aponta para um movimento bastante razoável do mercado imobiliário em 2009. A projeção da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) para este ano, de R$ 25 bilhões a R$ 28 bilhões de financiamentos ao setor, continua dentro da realidade. Representa um volume de crédito cinco vezes superior ao destinado ao setor em 2005 (R$ 4,8 bilhões), o que é muito bom, se considerarmos que fomos atingidos pela crise.
Fato é que as pessoas estão com a percepção de que o momento é de bons negócios e de se refugiar na segurança do mercado imobiliário, tanto que as incorporadoras estão tendo ótimos resultados nos lançamentos de março, algumas até antecipando assinaturas de contrato. É óbvio que essa demanda, reprimida desde setembro, tende a se diluir e a se normalizar. Mas há outros dados para otimismo. Já, já, vão surtir efeito os planos governamentais de recuperação, de trilhões de dólares, encetados pelos países de primeiro mundo, com reflexos bastante positivos em emergentes como o Brasil.
Além disso, o novo plano habitacional do governo Lula deve garantir a produção de um número considerável de novas unidades. Isto concorrerá, com certeza, para acelerar o mercado e reduzir o déficit habitacional do País, que hoje é de aproximadamente 8 milhões de moradias. Portanto, temos razões suficientes para acreditar em 2009.