Com as mudanças na Caderneta de Poupança anunciadas pelo governo esta semana, o mercado imobiliário nacional pode sofrer duas interferências, de acordo com análise do economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci.
A primeira delas é sobre o futuro das aplicações dos poupadores, cujas contas terão incidência de Imposto de Renda. “Surge a dúvida se eles migrarão para outros ativos, e se haverá uma possível redução no ingresso de depósitos na poupança. Se isso acontecer, o volume de recursos direcionados ao financiamento à produção e aquisição de imóveis será alterado”, avalia Petrucci. Por lei, os bancos devem destinar 65% do saldo da poupança para o financiamento imobiliário dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Somente, em 2008, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) registrou captação líquida de R$ 13,9 bilhões, com investimento de R$ 30 bilhões em crédito imobiliário. “Se o crescimento for o mesmo do ano passado, provavelmente nada muda no setor.”
Por outro lado, as mudanças na poupança podem estimular o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). “Na busca de alternativas ao SBPE, o mercado secundário poderá aquecer”, ressalta Petrucci.
Na avaliação do presidente do Secovi-SP, João Crestana, inevitavelmente a Caderneta de Poupança sofreria algumas alterações. “Quando ela foi criada, o país registrava altos índices de inflação e hoje a realidade é de queda de juros. Apesar disso, a poupança é um instrumento querido pela população, tradicional e não pode ter sua credibilidade abalada por medidas radicais”, enfatiza Crestana.