Emevento exclusivo, dia 8/9, diretoria e associados do Secovi-SP, por meiodo NE, receberam o professor e economista Marcos Cintra na sede daentidade. O presidente João Crestana deu as boas-vindas ao convidado,destacando o trabalho de Cintra em prol de uma tributação justa.

“Ele foi uma dos que trouxe os estudos das instituiçõesde Douglas Norton, um dos programas que temos privilegiado aqui noSecovi. As instituições positivas que trazem para uma nação um custo detransação menor. Tudo fica mais fácil e barato em um País onde asinstituições prosperam, onde existe credibilidade, as instituições estãofortalecidas e a democracia é respeitada e a meritocracia passa nafrente dos privilégios”, salientou Crestana, acrescentando que Cintra écandidato à Câmara Municipal. “Cada um suas convicções, sua maneira deenxergar a cidade, mas não vamos desprezar nosso voto.”

Cintra agradeceu o convite e cumprimentou a diretoria do Sindicatopela visão política e cidadania. “Sou constantemente convidados parapalestras e, mesmo sabendo que sou candidato a vereador, não mencionam ofato. Como se fazer política fosse motivo de vergonha. Política pode serhonrada e deve ser respeitada. Há uma postura negativista de encarar aatividade pública.”

Em seguida, ele alertou sobre oscustos do congestionamento no trânsito na cidade de São Paulo. “A cidadevai entrar em colapso e essa cidade é o motor da economia brasileira erepresenta 12% do PIB nacional e 36% do PIB paulista”, informou oeconomista.

Segundo ele, algumas medidas foram tomadas,como a Lei 12.490/97, que criou o rodízio de veículos na cidade. “Já nãohá mais nenhum impacto positivo criado pelo rodízio municipal”, garantiuCintra, afirmando que uma das razões disso é o espantoso crescimento dafrota paulistana.

O congestionamento é um problemademocrático, pois afeta as pessoas tanto as que estão no transportecoletivo, quanto as que estão em seus carros de luxo. “Por isso, fizemosum estudo para mensurar qual o impacto que isso causa na economia.Dividimos os custos do congestionamento em dois tipos: custos deoportunidade do tempo parado e custos pecunionários”, informou.

O custo de oportunidade do tempo parado equivale aaproximadamente R$ 27 milhões por ano. Os custos pecuniários(combustíveis, poluentes, carga) chega a R$ 6,5 bilhões. O prejuízo comos congestionamentos totaliza mais de R$ 33 bilhões, o equivalente a 10%do PIB paulista que é de R$ 330 bilhões por ano. “O que esperar dofuturo”, indagou.

Para ele, “o potencial de expansão donúmero de veículos, em função do aumento da renda e do crescimentoeconômico, vai agravar ainda mais o problema ao longo do tempo. Algumacoisa precisa ser feita. O custo é gigantesco. A única solução éinvestimento em transporte público. É fundamental a construção de umsistema moderno e eficiente de transporte sobre trilhos, que tem noresto do mundo. São Paulo tem 65 quilômetros de Metrô. Para estarmos nomesmo patamar que Londres, Paris ou Nova Iorque, precisaríamos de 500quilômetros de Metrô. “, indicou Cintra. Isso vai demorar décadas. Atélá é preciso discutir medidas coordenadas como ampliação do rodízio,restrição ao transporte de carga com um análise mais detalhada,estacionamento, fiscalização veicular, pedágio urbano, entre outras.

Cintra também indicou a revascularização do leitocarroçável. “Observamos que uma demanda muito grande pelas vias arterias(principais ruas e avenidas) e excesso de ofertas nas vias periféricas.Será que a revascularização não faria com que o sistema de trânsitofluisse de forma mais homogêneo, utilizando o leito carroçáveldisponível e desobstruindo as vias arterias”.

“Ocongestionamento não acontece nas vias mais periféricas e sim nas viasarterias. Precisamos mudar a lógica do sistema viário brasileiro, que éa construção de grandes pistas. É preciso pequenas obras para remoção depequenos obstáculos para que o trânsito flua por vias paralelas. Éimpossível sair do ponto A e chegar no ponto B sem cair nas grandes viasarterias, que não são de acesso rápido e sim obstáculos que impedem apessoa de chegar ao seu destino. O problema é complexo e exige uma visãosistêmica da cidade. Vamos usar os recursos para remover obstáculos,unificar ruas, criar sistemas binários e, com isso, aliviar um pouco otrânsito de São Paulo”, finalizou Marcos Cintra.

Participaram do evento o coordenador-geral do NE, Tony Gonçalves; ovice-presidente Cláudio Bernardes, o ex-presidente Sergio Mauad, opresidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, entreoutras representantes de entidades e profissionais do setor.