O Secovi-SP (Sindicato da Habitação) realizou, em parceria com o SindusCon-SP, o seminário “Projeto, especificações e controle de execução para atender a Norma de Desempenho de Edificações”. O evento aconteceu na sede do Sindicato na quarta-feira, 22/5.
Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP, declarou que foram necessárias muitas horas de dedicação para a Norma de Desempenho representar, de fato, um salto da construção civil brasileira em direção àquilo que é esperado da produção de imóveis num país que vivencia acelerado processo de desenvolvimento. “Agora, cada empresa precisa ter seu caminho de implantação, seu caminho de instruir, informar e fazer com que seus profissionais compreendam como trabalhar com a Norma”, disse Borges, na abertura do evento.
Publicada no dia 19/2 deste ano, a ABNT NBR 15.575 – Desempenho de Edificações Habitacionais, mais conhecida como Norma de Desempenho, passará a ser exigida nos projetos protocolados a partir de 19 de julho de 13.
Sérgio Watanabe, presidente do SindusCon-SP, considera este um “importante momento” da construção brasileira, escrito a várias mãos. “Norma é para dar parâmetro de competitividade e assunto estratégico do setor. É proteção ao consumidor e à concorrência desleal”, disse.
Flávio Prando, presidente em exercício do Secovi-SP, destacou as responsabilidades que a NBR 15.575 estabelece. “A Norma de Desempenho se constitui em um novo contrato com a qualidade na incorporação e construção de empreendimentos imobiliários. De um lado, há o compromisso do setor em garantir o desempenho das habitações. De outro, há o compromisso dos usuários em cuidar para que esse desempenho não seja afetado por mau uso. Cria-se, assim, uma nova cultura, com direitos e obrigações devidamente ajustados”, disse Prando.
No primeiro painel do evento, Carlos Borges definiu a Norma de maneira simples. “A Norma de Desempenho procura traduzir as necessidades humanas, numa visão de longo prazo, em requisitos técnicos. O mais importante dela é a questão da vida útil e da qualidade no longo prazo. As responsabilidades são mais claras e rastreáveis”, afirmou.
O vice-presidente do Secovi-SP destacou a importância da troca do nome da NBR 15.575, que antes estabelecia sua aplicação para edifícios habitacionais de até cinco pavimentos, para edifícios com quaisquer números de pavimentos, tornando-a mais abrangente. Embora haja reclamações da dificuldade de sua adoção por uma parte do setor, Borges afirmou que a Norma é factível e absolutamente aplicável por empresas de quaisquer portes.
O coordenador da Comissão de Estudos de revisão da Norma de Desempenho, Fábio Villas Boas, afirmou que a Norma é obrigatória e deve ser cumprida. “Ela deve ser usada ao nosso favor. Documentando todo o processo, as empresas estarão respaldadas”, disse. “A vantagem da Norma é o ‘jogo combinado’, já que ela tem o caráter de explicitar as coisas. Com o seu uso, fica muito claro o que será entregue ao cliente.”
Para Maria Angélica Covelo Silva, da NGI Consultoria e Desenvolvimento, mais importante do que a Norma é a metodologia por trás dela. No segundo painel do seminário, a engenheira lamentou a falta de cultura dos profissionais brasileiros para especificar por desempenho. “A Norma não é complexa, nós é que tivemos o mau habito de não exigir desempenho de nada”, declarou.
Painéis apresentam as seis partes da Norma de Desempenho
Vera Hachich, engenheira da Tesis, falou sobre a importância de se fazer ensaios de materiais em laboratório para testar desempenho e durabilidade em conformidade às normas técnicas. Já Jorge Batlouni Neto, do SindusCon-SP, e Francisco Graziano, da Poli-USP, falaram sobre desempenho de estruturas. Engenheira do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Luciana Oliveira apresentou a parte referente ao desempenho de fachadas e paredes.
Ercio Thomaz, do IPT, no painel sobre desempenho de pisos, comentou que a acústica é um dos principais problemas identificados como não atendimento aos requisitos de desempenho, gerando muitas reclamações de moradores importunados pelo barulho que passa de um apartamento para outro. Uma das soluções apontadas por ele é a instalação de piso flutuante, que usa uma manta entre o piso e a laje, e também precisa atender normas de instalação.
Sobre desempenho de coberturas, um dos requisitos da Norma é que essas tenham resistência para outras cargas além do telhado, como granizo, informou Ricardo Pina, coordenador de um dos grupos de trabalho da Norma. Já o forro, para coberturas que necessitam dele, deve suportar o peso de objetos que serão instalados, como luminária e varal.
“Fator decisivo para a Norma de Desempenho engrenar será a sua exigência por parte de quem especificar os projetos”, disse Maria Angélica ao final do evento.