A necessidade de concentrar suas atividades num único endereço levou a Serasa a organizar um concurso de projetos, entre vários escritórios de arquitetura especializados no segmento de espaços corporativos. Após vários dias de deliberação, a Serasa selecionou o projeto apresentado pelo escritório “Edo Rocha Espaços Corporativos”.

O briefing dado por ela exigia espaço bem planejado para abrigar os diversos escritórios, com circulação perfeita e saudável integração entre as áreas administrativas e operacionais. Mas, acima de tudo, o projeto deveria dar uma atenção especial ao conforto e à mobilidade do grande número de deficientes físicos que trabalham na empresa. Pedia também para que o conjunto fosse imponente e fizesse com que os funcionários sentissem orgulho por trabalhar na Serasa.

O projeto elaborado pelo escritório “Edo Rocha” conseguiu atingir esses objetivos: a sede da Serasa é hoje ponto de referência, por exprimir toda uma responsabilidade ambiental. O paisagismo também é um dos pontos altos. Interagindo com o projeto arquitetônico, foi além dos requisitos estéticos, já que houve a preocupação de preservar e recuperar as características ambientais originais da área e de seu entorno.

Foram mantidas também as árvores originais, muitas delas remanejadas, e incorporadas apenas plantas de pequeno porte e arbustos. Os canteiros possuem desenho cuja leitura contrapõe-se às linhas da arquitetura. Com a conclusão das obras, a nova sede da Serasa recebeu a certificação NBR 9050, conferida pela Fundação Vanzolini, em razão das condições adequadas e seguras que o prédio oferece a portadores de todos os tipos de deficiência. Ela é também a primeira edificação a ter este certificado no Brasil.

O trabalho envolveu a modernização de um edifício preexistente e a construção de dois outros, um deles subterrâneo, para formar um conjunto de 18 mil metros quadrados. O lote arborizado com 10 mil m² situa-se parcialmente em corredor comercial, onde é possível construir até dois pavimentos. O restante está localizado em zona residencial e engloba a área do primeiro edifício. “Se ele fosse demolido, só poderíamos construir subsolos ali”, detalha o arquiteto Edo Rocha, presidente do escritório. Essa condição determinou o retrofit, que incluía a instalação de heliponto na cobertura do edifício e sua atualização tecnológica e funcional.

Durante as obras, foi constatada grande irregularidade na resistência dos pilares, o que implicou o reforço geral da estrutura, para que suportasse o peso dos helicópteros. As fundações foram rebaixadas para permitir a ampliação do térreo semi-enterrado, transformado em acesso principal.

Todos os sanitários e escadas foram refeitos e os elevadores substituídos. O prédio ganhou shafts para as diversas instalações. Nas fachadas, brises metálicos protegem a face norte. Dois outros edifícios foram construídos no lote, preservando-se as árvores existentes. O bloco A foi implantado na frente do prédio mais antigo e a ele se integra pelo térreo, em dois níveis. Hoje, a nova sede da Serasa dá orgulho a quem nela trabalha.

O edifício conta com rampas cuja inclinação não é superior a 15 graus; portas, passagens e catracas especiais e com largura adequada para cadeirantes; corrimãos; “piso tátil”, com relevos e rugosidades, para deficientes visuais; banheiros masculinos e femininos adequados em todos os pavimentos, desde o subsolo; sintetizador de voz nos elevadores (informa o andar em que se está e se vai subir ou descer) para os deficientes visuais; indicadores em braile nas teclas dos elevadores; portas automáticas para facilitar tráfego de deficientes visuais (dotadas de sensores, abrem-se mediante aproximação); guias rebaixadas no entorno do prédio; software especial para deficientes visuais (dotado de leitor de tela); impressora em braile; vagas demarcadas na garagem para motoristas portadores de deficiência que tenham carros adaptados; interruptores de luz, relógios de ponto, alarmes ao alcance de usuários de cadeira de rodas e anões; e mesas com tampos reguláveis.

Vidros de alta performance e painéis de alumínio composto renovaram as fachadas do prédio preexistente. Com dois pavimentos e fachada com estrutura metálica e pele de vidro dupla e translúcida, o novo volume oferece vista para os jardins entrecortados por espelhos e quedas d’água. Ele abriga recepção, CPD, diretoria e auditório, enquanto a maior parte do setor operacional está localizada no bloco B. Na parte posterior deste está posicionado o bloco C, composto por três níveis subterrâneos destinados a restaurante, vagas de garagem e áreas técnicas.

A integração das diversas áreas foi promovida através da adoção de layout do tipo open space com cerca de 1.200 estações de trabalho e apenas 14 salas fechadas destinadas à presidência, aos diretores e superintendentes. Este layout, aliado ao conceito de modularidade do projeto de arquitetura permite grande flexibilidade para mudanças e uma adaptabilidade muito grande aos sistemas de iluminação, ar condicionado e segurança. A laje permitiu uma regionalização que propiciou grande sinergia entre departamentos e áreas afins, integrando funcionários e melhorando a comunicação interna. Para as reuniões foram criados pools de salas em todos os andares. No total, são 27 ambientes fechados, incluindo a sala do conselho (com 20 lugares) e 7 abertos.