O cenário de juros altos tem feito com que as pessoas migrem os investimentos da poupança para outros tipos de aplicação. Somente no primeiro quadrimestre deste ano, foram sacados mais de R$ 30 bilhões das cadernetas de poupança, afetando o crédito imobiliário.

Em entrevista recente à rádio Cruzeiro FM de Sorocaba, o vice-presidente do Interior e diretor Regional do Secovi na cidade, Flavio Amary, analisou o momento econômico e comentou os impactos positivos e negativos das novas regras.

“O problema dessa situação é que grande parte dos recursos para o financiamento imobiliário, o chamado funding, é proveniente da caderneta de poupança. Como consequência, os bancos começaram a limitar e aumentar as taxas de juros dos financiamentos. Em contrapartida, o conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ampliou de R$ 800 milhões para R$ 5 bilhões os recursos destinados ao financiamento habitacional dentro do programa pró-cotista. Além disso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) também alterou as regras dos chamados depósitos compulsórios, direcionando mais de R$ 22 bilhões para novas operações do Sistema Financeiro de Habitação (SFH)”, observa Amary.

Segundo o vice-presidente do Secovi-SP, essas medidas do governo buscam recompor, ao menos parcialmente, a diminuição do saldo da poupança. “São medidas positivas, mas não são suficientes para solucionar a queda no volume de vendas e de lançamentos por causa da escassez de crédito imobiliário. Ademais, a tendência ainda será maior de saque do que depósito nas cadernetas de poupança, uma vez que as pessoas buscam resultados melhores para suas aplicações”, comenta.

Momento econômico

Na entrevista, Amary destacou que todos os setores da economia estão sentindo os efeitos do atual momento econômico do país, que apresenta sinais negativos. “Esse conjunto de arrocho no orçamento federal também trouxe um impacto forte no Ministério das Cidades, diminuindo o volume de negócios no mercado imobiliário. Por isso, as empresas devem estar permanentemente readequando o orçamento para enfrentar o atual momento e também se preparar para quando a economia voltar a crescer. Mas, diferentemente de outros setores, na área imobiliária a gente não consegue apertar um botão e começar a fabricar mais. Nosso mercado demanda muita preparação, principalmente nas aprovações e nos licenciamentos ambientais, assim como nas adequações das legislações de maneira mais ampla”, destaca.

Crise também gera oportunidade

Embora o mercado consumidor esteja mais restrito, Amary avalia que este é um bom momento para quem deseja adquirir a casa própria. “Não tem mais aquele que compra imóvel para valorizar, como nos últimos anos. Porém, existem boas oportunidades de negócios para quem quer comprar imóvel para uso e realizar o sonho da casa própria e sair do aluguel”, afirma.