“Temos uma dívida social, mas também uma excelente oportunidade empresarial”, declarou João Crestana, presidente do Secovi-SP, dia 12/5, durante o Encontro Secovi do Mercado Imobiliário de Capinas e Região, ao referir-se ao déficit habitacional brasileiro de 8 milhões de moradias. “Hoje, a média e baixa renda representam segmentos inexplorados. O futuro é o segmento popular”, sentenciou o dirigente.

A iniciativa, que atraiu dezenas de interlocutores da indústria imobiliária, além de representantes de entidades dos setores produtivo e governamental da região, aconteceu no Hotel Monreale, centro de Campinas, sob a coordenação da diretora geral da unidade do Sindicato na cidade, Kelma Camargo.”Estamos e estaremos sempre de portas abertas para o poder público e para toda a sociedade”, afirmou.

A diretora também ressaltou a atuação do Grupo Novos Empreendedores (NE) do Secovi-SP, a força e atuação de uma entidade do porte do Sindicato, o compromisso de parceiros de “longa data” como a Caixa Econômica Federal, e convocou a todos para a próxima edição do Salão Imobiliário São Paulo, que acontece em setembro, na capital, de 24 a 27 de setembro, cuja logística foi detalhada por Ricardo Matrone, show manager da Reed Exhibitions Alcantara Machado. “O ‘Minha Casa Minha Vida’ será a grande plataforma para a realização de negócios no Salão deste ano”, destacou Matrone.

Da mesma forma, o vice-presidente do Interior da entidade, Milton Bigucci, reconheceu a importância das parcerias e do Salão Imobiliário – um verdadeiro porta-voz nacional dos temas imobiliários -, e traçou breve análise da conjuntura do mercado frente às turbulências econômicas. “As empresas menores, e, portanto, tradicionais, têm seu lugar cativo no mercado”, refletiu. Bigucci ainda ponderou sobre as questões de sustentabilidade e responsabilidade social, temas posteriormente abordados em palestra dos líderes do NE. Seguindo o tom de saudação, Flavio Amary, diretor do Sindicato em Sorocaba e recém-empossado presidente da Aelo – Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano -, confessou que vislumbra o Secovi como uma grande família distribuída também pelo interior paulista. “Principalmente como dirigente da Aelo, reconheço que é preciso crescer, mas de forma sustentada”, disse.

Os desafios da Habitação – Ao traçar um interessante comparativo do impacto da crise nos diversos mercados em âmbito mundial, João Crestana não poupou esforços para que a plateia visualizasse claramente a tendência de plena estabilidade do setor no Brasil. “Vivemos uma situação atípica entre 2007 e 2008, quando atingimos um pico nas vendas. Hoje, os números revelam uma velocidade de cruzeiro, e também uma forte demanda para a média e baixa renda, que precisam ser prontamente atendidas”, considerou. “O mercado precisa sociabilizar suas informações, pois, seu grande marketing é o boca-a-boca. É preciso dialogar com as redes de relacionamento já consolidadas”, completou.

Para Crestana, a Habitação de Interesse Social (HIS) é o grande desafio do mercado nesse momento, e abarca alguns fundamentos que precisam ser seriamente observados, como a análise criteriosa dos projetos, a localização adequada do imóvel, sustentabilidade, infraestrutura, articulação de iniciativas públicas e privadas, ocupação urbana e sistemas viários adequados, dentre outros.

O mercado imobiliário e a construção sustentável – Pensar no agora, não no futuro. Com essa afirmação, Luiza Camargo, coordenadora do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade do Secovi NE (Novos Empreendedores), refletiu a urgência do tema alicerçado em três vetores básicos: economia, meio ambiente e sociedade. “Hoje, o mercado deve centrar-se no conceito de eco-eficiência, ou seja, produzir mais, com menos recursos naturais”, garantiu Luiza. “No Brasil, não existe empreendimento verde com mais de um ano de ocupação. Por isso, ainda não conseguimos mensurar investimentos ou custos nesse sentido. Ainda, temos muito que aprender e caminhar”, refletiu Roberta Bigucci, coordenadora adjunta do Secovi NE. “Com ética, transparência, comunicação, governança corporativa, e muito ‘pé no chão’, chegaremos lá”, analisou, ainda, a coordenadora do NE.

Por fim, Thomaz Assumpção, presidente da Urban Systems, encerrou os trabalhos com a palestra “Perspectiva do Mercado além da Crise”, na qual analisou os fluxos dos investimentos globais no setor, a partir de aspectos sócios-culturais. “A mudança do mercado imobiliário trouxe credibilidade e uma nova cultura econômica para o País”, considerou Assumpção.