O conceito de sustentabilidade vem sendo usado de maneira equívoca por empresas e consumidores. A opinião é de Newton Figueiredo, fundador e presidente do grupo Sustentax, que palestrou no primeiro evento do ano do PQE – Programa Qualificação Essencial. “O termo sustentabilidade tem sido usado para qualquer coisa. A gente precisa qualificar o que é sustentabilidade, senão tudo o que ouvimos sobre ela acaba virando um discurso vazio”, afirmou.

A palavra sustentabilidade, por si só, explicou o palestrante, significa capacidade de sustentar. “Mas sustentar o quê? A humanidade? O desenvolvimento do país? O condomínio?”, provocou. Para Figueiredo, esse é o equívoco mais comum e também o mais difícil de ser superado.

A confusão que muitos fazem entre sustentabilidade empresarial e filantropia também foi citada por ele. Ser sustentável empresarialmente, segundo Figueiredo,            é fazer com que a empresa tenha rentabilidade e perenidade. “As companhias foram criadas para dar lucro para quem nelas apostam recursos”, disse. Em contrapartida, esse lucro não pode ser amealhado de qualquer maneira, mas sim com ética e responsabilidade – atributos que delineiam o modelo de governanças das empresas.

Rentabilidade se tem por meio de demanda, se possível, crescente; a demanda se conquista com produtos e serviços competitivos; estes, por sua vez, se consegue com inovação  e diferenciação no mercado; por fim, produtos e serviços de qualidade devem ser produzidos e oferecidos de maneira que possam agregar valor e mitigar riscos na visão que tem interesse em adquiri-los.

Nova postura empresarial – Na visão de Newton, as empresas precisam traçar estratégias para mitigar riscos sociais e reduzir o impacto de suas atividades na sociedade. No entanto, muitas acabam se perdendo ao fazê-lo, pois partem de falsas premissas. A primeira delas é achar que conhecem as expectativas dos clientes. Pesquisa de uma entidade ambiental constatou que 78% das empresas desconhecem completamente o que seus clientes e prospects pensa sobre sustentabilidade.

Outro equívoco é achar que o consumidor não diferencia empresas com políticas socioambientais. “95% dos brasileiros acham importante comprar coisas de empresas verdes”, disse Newton. Mais: de acordo com o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) 85% dos brasileiros dão preferência para produtos fabricados segundo padrões ambientalmente corretos. Soma-se a isso o fato de 62% dos consumidores estarem dispostos a pagar 10% mais caro em produtos verdes.

“Mas para que as empresas obtenham sucesso é preciso que o discurso ecológico delas reflita em suas práticas. É preciso ser genuíno nessas práticas. O consumidor não se deixa enganar”, disse Newton.

O palestrante também citou o mito de que demonstrar preocupação com o planeta pode ajudar a imagem das empresas. “Nossa ordem de preocupações é: família, amigos e emprego, comunidade onde mora, bairro, cidade, país, e só depois o planeta”, sequenciou Newton, fazendo referência ao grande volume de propagandas de empresas cujo apelo é o de “salvar o mundo”.