Com as eleições em segundo turno se aproximando, teremos a vitória de um dos lados da polarização que está sendo construída em nosso País. Com início nos movimentos de 2013 e potencializada pela descoberta de inúmeros atos de corrupção, com valores nunca vistos, o próximo presidente encontrará um país dividido.
A falta de confiança, o enorme déficit fiscal e a dificuldade econômica que a população brasileira está vivendo estão demorando demais para passar. O número de empresas insolventes e famílias endividadas ainda está aumentando, e é preciso um pacto pelo Brasil para reverter essa situação imediatamente.
O atual presidente buscou construir essa união e não conseguiu. Mas o próximo presidente precisa dessa união e do apoio de todos em prol de um país governável e capaz de sair desta cilada em que nos encontramos.
Os pontos básicos e mínimos para uma recuperação econômica todos sabem e vão enfrentar antes mesmo da posse, em 2019. As reformas da Previdência e do Estado, fundamentais para um ajuste fiscal capaz de trazer de volta o nosso potencial, deverão fazer parte das primeiras ações do próximo presidente.
Seria muito bem visto que um dos candidatos estendesse as mãos sinalizando o apoio, em caso de derrota, a esta agenda mínima necessária e, ao mesmo tempo, pedisse o apoio em caso de vitória.
O novo presidente do STF tem sinalizado interesse na possibilidade de um pacto entre os três poderes, para que tenhamos capacidade de sair desta situação, que está insustentável.
A união para enfrentarmos os problemas é, cada vez mais, indispensável. Não podemos mais ter um grupo político favorável a determinados assuntos apenas quando está no poder, e quando passa para a oposição, muda de opinião.
Maturidade política e pensar mais no Brasil são aspectos que precisam fazer parte das decisões de nossos governantes. A renovação pela qual passou nosso parlamento sinaliza que a população cansou de boa parte dos políticos tradicionais.
Temos todas as condições para construirmos um país forte e influente, globalmente, com capacidade de competir com as grandes economias mundiais. Mas precisamos, antes disto, ter solucionados nossos problemas internos e, para isso, a união política, após as eleições, é fundamental.
Claro que a oposição sempre faz um papel importante e necessário em qualquer governo e em qualquer democracia consolidada. Entretanto, com o crescimento da polarização, a divisão foi instalada em nossa sociedade, inclusive com uma grande parcela da sociedade descrente e cética em relação ao meio político.
Embora o discurso das duas candidaturas presidenciais seja também polarizado, um ato de grandeza e de estadista seria propor esse pacto pela governabilidade. Muitas vezes desaconselhados pelas assessorias, em virtude dos efeitos negativos que isso possa trazer, que ao menos faça parte de um dos primeiros gestos, após o resultado das eleições, a humildade do vencedor em pedir apoio e a grandeza do derrotado em apoiar. Muitas das reformas e das mudanças fundamentais têm de ser feitas por meio de emendas constitucionais, o que depende de apoio da maioria do Congresso.
O mesmo vale para o Poder Judiciário, que deve manter a independência, mas também pregar a união pelo Brasil.
Afinal, nosso sofrido povo brasileiro, independentemente da ideologia partidária ou do ceticismo político, espera e precisa de um presidente que tenha a capacidade de trazer um novo ciclo de crescimento econômico. Certamente, isso só será possível com apoio e união dos governantes e dos brasileiros.
Flavio Amary é presidente do Secovi-SP e reitor da Universidade Secovi