No painel de encerramento do Enacon 2018, o filósofo e teólogo Luiz Felipe Pondé abordou o tema O Futuro da sociedade. “As mudanças vão acontecendo paulatinamente e não são percebidas”, disse. Pondé discorreu sobre vários aspectos dessa sociedade, passando por questões derivadas de faixa etária, tecnologia, mídias sociais, fake news, crenças e política.
Professor universitário de jovens na faixa etária entre 19 e 20 anos, o filósofo testemunha a mudança no perfil deste segmento há décadas: cada vez passam mais tempo no celular, tomam mais ansiolítico, têm menos libido e menos filhos. Segundo o IBGE, para cada 100 pessoas economicamente ativas, há 21 aposentados; em 2060, haverá 63. “A previdência vai quebrar mesmo”, afirmou.
Outra característica dessa sociedade do futuro é a longevidade acompanhada do adiamento do amadurecimento, segundo o filósofo. “Quanto mais condições de vida esses jovens têm, mais tarde eles saem de casa, porque isso implica em assumir responsabilidades”, teorizou. “Vivem uma crise de identidade gigantesca e não estabelecem vínculos.”
O uso ampliado da inteligência artificial, da tecnologia e das mídias sociais desencadeia o desaparecimento gradual da experiência da privacidade. “Você pode ser filmado ou ter conversas gravadas em qualquer lugar. Com a convergência com as mídias sociais e sua capilaridade, as pessoas se sentirão cada vez mais expostas. Nunca mais ninguém vai descansar”, alardeou Pondé.
Sobre a proliferação das fake news, ele acredita que a tendência é o descrédito e o compartilhamento será mais por engajamento com o posicionamento político ou a quem a notícia falsa ataca do que por crença em sua verdade.
Ao ser questionado sobre o futuro da religiosidade, “talvez achem que Deus é um algoritmo – uma superinteligência que processa alto volume de informações, numa velocidade gigantesca. A filosofia sempre disse que Deus é um superintelecto. Logo, Deus é a Amazon, a Alexa, que sabem tudo o que nós queremos”, ironizou. “O algoritmo é mais íntimo a nós que nós mesmos”, atualizou o filósofo a famosa frase de Agostinho “Deus é mais íntimo a nós que nós mesmos”.
Quanto à corrupção no futuro, o avanço no rastreamento e as pegadas digitais podem ser elementos a produzir transparência, capazes de levar à diminuição da presença da corrupção na sociedade do futuro, conforme Pondé.
Uma exposição de produtos e serviços para o segmento condominial completou a programação do Enacon, que contou com o patrocínio de Bradeco, Atlas Schindler, Comgas, Itilligence, Fortnox, Leroy Merlin, Vivo, Vila Velha, Intelbras, Carboroil, Empresta Capital, Graber, Grupo GBS, Group Software e Techem.
Confira as fotos do evento no flickr do Secovi-SP.