Você sabia que 97,5% da água disponível na Terra estão em mares e oceanos? Que dos 2,5% de água doce restantes, apenas 0,007% é encontrada em rios, lagos, atmosfera e locais de fácil acesso para o consumo humano?

Pensando na limitação deste recurso, que é vital para todos nós, a Regional do Secovi em Sorocaba realizou no dia 18/5 uma palestra para estimular o consumo consciente de água nos condomínios.

Ministrada pelo biólogo do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba), Luiz Augusto de Assumpção, a palestra contou com a abertura do vice-presidente do Interior e diretor Regional do Secovi em Sorocaba, Flavio Amary, e da diretora representante da área de Condomínios da entidade na região, Cleusa Maria Bersi. De acordo com Amary, este tema é de fundamental importância para que os síndicos, administradores de condomínios e condôminos possam fazer uma boa gestão dos recursos hídricos em suas residências e nas áreas comuns.

“Desde o final do ano passado estamos sentindo os graves efeitos da crise hídrica em várias cidades do Sudeste: em São Paulo, com a quase total falência do sistema Cantareira, em Itu e até mesmo aqui em Sorocaba, no bairro do Éden. O Secovi-SP tem desenvolvido várias ações e alertas no sentido de orientar sobre o tema e essa palestra é muito importante para conscientizar, pois economizar água é dever de todos e com medidas muito simples é possível reduzir o consumo em até 20%”, destaca o vice-presidente.

Apesar da escassez vivenciada em algumas regiões, nosso país tem uma situação privilegiada em relação ao resto do mundo. “O Brasil detém 11,6% de água doce superficial do mundo e o maior aquífero do planeta, o aquífero Guarany. Porém, a distribuição é desigual, 70% da água disponível para uso está localizada na Região Amazônica e o restante distribuída desigualmente por outras regiões do país”, explica o palestrante.

Segundo Luiz Augusto, alguns dos principais mananciais estão secando devido a pior estiagem dos últimos 100 anos. “Podemos citar o exemplo da principal nascente do rio São Francisco, na Serra da Canastra, que secou devido ao desmatamento de quase 80% das matas ciliares e a poluição. Isso afeta enormemente a economia local, impactando na pesca, na agricultura, na pecuária e no turismo da região”, lembra.

Outro impacto causado pela falta de água é o aumento da energia elétrica. “75% da energia produzida no Brasil é proveniente das hidrelétricas. Com a estiagem, essa produção ficou mais caro no país. Deste modo, quando reduzimos o consumo de energia, indiretamente também estamos economizando água. Como vocês podem perceber, a água é vital em quase todos os aspectos para nossa sociedade”, ressalta o biólogo.

Saneamento é saúde

Segundo pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 10% de todas as doenças registradas ao redor do mundo poderiam ser evitadas se os governos investissem mais em acesso à água, medidas de higiene e saneamento básico.

“O desenvolvimento sustentável das cidades passa pelos procedimentos do saneamento básico, como: tratamento de água, canalização e tratamento de esgotos, limpeza pública, entre outros. Com estas medidas é possível garantir melhores condições de saúde para as pessoas, ao mesmo tempo em que se garante a preservação do meio ambiente”, esclarece Luiz Augusto.

O palestrante destaca ainda a importância do saneamento para evitar a proliferação de doenças. “Cerca de 3,5 milhões de pessoas morrem por ano no mundo por problemas relacionados ao fornecimento inadequado de água, sendo que 1,5 milhão são crianças com menos de cinco anos de idade. A diarreia é a segunda causa de morte entre meninos e meninas nesta faixa etária e faz mais vítimas do que a AIDS, a malária e o sarampo juntos”, afirma.

Mas, segundo o biólogo do SAAE, Sorocaba está bem acima da média brasileira em saneamento básico. “Segundo o ranking da área elaborado pelo Instituto Trata Brasil em 2014, Sorocaba é a oitava melhor colocada entre os 100 maiores municípios do País”.

Programa de Gestão de Consumo em condomínios

A cada dez litros de água tratada, cerca de quatro litros se perdem devido a ligações clandestinas, infraestrutura desgastada, vazamentos, obra mal executada ou medições incorretas.

De acordo com Luiz Augusto, um Programa de Gestão de Consumo de Água no Condomínio é uma maneira eficaz de reduzir o consumo de água nos edifícios. “A demanda está cada vez maior, mas a oferta de água continua a mesma. Deste modo, o consumo deve ser cada vez mais consciente e eficiente. Os síndicos devem fazer um rígido controle do consumo de água do condomínio, monitorar possíveis vazamentos, incentivar a utilização de água de reuso para atividades menos nobres, além de fazer a instalação de dispositivos que economizem água, tanto nas áreas comuns, como nas unidades. Por último, é responsabilidade de todo cidadão denunciar qualquer desperdício de água”, conclui o palestrante.