Vendas aqueceram em julho

A Pesquisa do Mercado Imobiliário, realizada pelo Departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), apurou em julho deste ano a comercialização de 1.542 unidades residenciais novas. O resultado é 32,6% inferior às 2.288 unidades comercializadas em junho, mas, comparado às 1.238 unidades vendidas em julho de 2017, houve aumento de 24,6%.

No acumulado de 12 meses (agosto de 2017 a julho de 2018), foram vendidas 28.046 unidades, um aumento de 62,4% em comparação ao período de agosto de 2016 a julho de 2017, quando as vendas totalizaram 17.274 unidades.

Conforme dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), foram lançadas na cidade de São Paulo 2.629 unidades residenciais, resultado 6,5% inferior ao de junho (2.811 unidades) e 141,4% acima do de julho de 2017 (1.089 unidades).

Em 12 meses (agosto de 2017 a julho de 2018), os lançamentos acumularam 33.218 unidades residenciais na capital paulista, 57,1% acima do registrado no período anterior (agosto de 2016 a julho de 2017), com 21.143 unidades.

Comportamento dos imóveis econômicos – Para segmentar os imóveis econômicos, o Secovi-SP elegeu as faixas de preço enquadradas no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e os limites de preço do metro quadrado de área útil, com um limite de aproximadamente R$ 5.500,00, conforme a data e a cidade de lançamento do empreendimento.

Em julho, foram identificadas 3.419 unidades econômicas ofertadas – 18,7% do total disponível da cidade de São Paulo (18.306 unidades). No mês, foram vendidas 592 unidades e lançadas 1.573 unidades do segmento econômico, com VSO (Venda sobre Oferta) de 14,8%. Nos outros segmentos de mercado, a quantidade de imóveis ofertados foi de 14.887 unidades (81,3% do total), com vendas de 950 unidades, lançamentos de 1.056 unidades e VSO de 6,0%.

Oferta – A capital paulista encerrou julho com 18.306 unidades disponíveis para venda. Esta oferta é formada por imóveis na planta, em construção e prontos (estoque), lançados nos últimos 36 meses (agosto de 2015 a julho de 2018). O resultado mostra um aumento de 4,3% em relação aos números de junho (17.558 unidades) e redução de 11,1% em comparação ao comportamento de julho de 2017 (20.591 unidades).

Análise – A Pesquisa do Mercado Imobiliário deste ano continua apresentando vendas superiores às registradas no ano passado. Os números de julho superaram os apurados nos mesmos meses de 2014 a 2017. Contudo, por se tratar de mês de férias escolares, em geral, os resultados são inferiores aos de junho.

As 1.542 unidades comercializadas na Capital ficaram 24,6% acima das vendas de julho de 2017 e 32,6% abaixo das registradas em junho (2.288 unidades). A média de vendas para o mês de julho dos últimos quatros anos foi de 961 unidades.

Os produtos mais comercializados continuam sendo os imóveis compactos, com área útil de até 45 m², 2 dormitórios e tíquetes médios de até R$ 240.000,00.

De janeiro a julho, as vendas continuam apresentando crescimento (48,4%) em relação ao mesmo período do ano passado. “A expectativa é de que, nos próximos meses, essa diferença diminua, já que o segundo semestre do ano passado teve um bom desempenho”, assinala Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

Analisando os lançamentos por tipologia, prevaleceram no mês os imóveis de 2 dormitórios, com menos de 45 m², preços de até R$ 240.000,00 e situados, principalmente, na faixa do programa Minha Casa, Minha Vida. Em julho, a quantidade de lançamentos de imóveis econômicos (1.573 unidades) superou a de outros segmentos de mercado (1.056 unidades).

Nos primeiros sete meses, foram lançadas 10.697 unidades, um crescimento de 20,8% em relação ao mesmo período de 2017, quando os lançamentos totalizaram 8.858 unidades.

De acordo com Flávio Prando, vice-presidente de Intermediação Imobiliária e Marketing do Sindicato da Habitação, consolida-se a tendência de aumento da participação percentual dos imóveis do Minha Casa, Minha Vida, que passou de 17% de lançamentos no período de janeiro a julho de 2017, para 41% neste ano. “O cenário é semelhante no que se refere à comercialização, cuja participação saltou de 12% para 40%”, informa.

Apesar do bom desempenho dos imóveis econômicos, a média anual do VSO de 12 meses apresentou crescimento em todas as tipologias na comparação com a média do ano passado: imóveis de 1 dormitório passaram de 28,5% para 45,7%; unidades de 2 dormitórios evoluíram de 43,9% para 57,1%; o segmento de 3 dormitórios saltou de 35,4% para 40,1%; e imóveis de 4 ou mais dormitórios saíram de 25,5% para 31,1%.

O segundo semestre inicia com resultados positivos, mas ainda preocupa a falta de calibragem da Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo, já que grande parte dos lançamentos ainda é de projetos antigos, do Minha Casa, Minha Vida e dentro dos eixos de Estruturação Urbana. “Temos reiterado a necessidade de rever parâmetros como coeficiente de aproveitamento do terreno, valores de outorga onerosa, gabarito de altura das edificações, dentre outros itens legais que encarecem e inviabilizam novos projetos habitacionais”, diz o vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP, Emilio Kallas.

Para o presidente da entidade, Flavio Amary, as incertezas no ambiente político são motivo de grande preocupação, com importantes reflexos na economia. Ele lembra que os dados da pesquisa são de julho, período em que ainda não haviam se consolidado as campanhas eleitorais. “Enquanto persistir a indefinição política, principalmente no tocante à sucessão presidencial, os empreendedores não sentirão confiança para investir e os consumidores para assumir compromissos de longo prazo, como é a aquisição de imóvel. Superadas as eleições e iniciado o período de transição, poderemos ter novas perspectivas quanto ao futuro da economia”, afirma.