O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da abertura da 79ª edição do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), dia 3/10. O evento acontece em Brasília até 5/10, ocasião em que serão comemorados os 50 anos de trabalho da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Lula não quis falar de números da construção civil ou da economia, mas ressaltar que as iniciativas de seu governo para o desenvolvimento do mercado imobiliário deram certo. O presidente falou, no entanto, que está preocupado em duplicar os recursos para o setor, justamente para impedir que os erros do passado se repitam. “O Brasil está com problemas de mão-de-obra. Há falta de profissionais de diversas áreas”, lembrou. Para exemplificar, Lula disse que pretende encomendar o levantamento geofísico do país, trabalho que consumirá R$ 300 milhões dos cofres públicos, mas que terá de ser adiado pela falta de geólogos.

Apesar da escassez de trabalhadores especializados, o presidente lembrou que o crescimento acelerado do país é o grande responsável por essa situação, uma vez que o Brasil passou por longos períodos de desemprego, nos quais não se percebeu a falta de profissionais qualificados.

Lula afirmou que seu governo continuará a ouvir as necessidades do setor. “Vocês tiveram coragem, competência e inteligência de apresentar propostas. O aquecimento da construção civil é resultado da humildade e da competência dos empresários e do governo. Agora, precisamos resolver alguns gargalos, porque em breve faltarão, também, insumos e mão-de-obra básica, como pedreiros e azulejistas.”

O presidente disse que o Brasil cria alguns dogmas que devem ser rompidos, como, por exemplo, que governo e empresários não poderiam resolver problemas em parceria. Ele lembrou que o setor imobiliário passou por 20 anos de paralisia, e foi vítima dessa lógica dogmática perversa. “Mas o que não foi feito, passou. Precisamos pensar em médio prazo”, sugeriu Lula.

Para ele, os momentos difíceis são os melhores para trabalhar e dar passos largos adiante. “Vamos rediscutir uma série de leis para que o Brasil seja um país ISO 14.000”, brincou.

Reformas – O presidente Lula falou sobre as reformas fundamentais. A tributária, de acordo com ele, não segue adiante porque é difícil conciliar interesses. Mas adiantou que em breve será construída uma nova política tributária para o país. Quanto à reforma trabalhista, o dirigente lembrou que por duas décadas o país não gerou novos postos de trabalho, mas viu aumentar o quadro de aposentados. “Gasta-se o necessário com os aposentados, que não são os responsáveis pelos problemas da previdência.”

Ele ressaltou que a lei geral das micro e pequenas empresas estabelece uma nova forma de relação trabalhista. “Mas temos de convencer a sociedade que é possível discutir a lei trabalhista, sem tirar direitos dos trabalhadores, mas aperfeiçoando a legislação aos avanços tecnológicos. Há um tabu sobre esse assunto.”

Para o presidente, governo e sociedade civil devem construir conjuntamente o que falta. “Muita coisa já mudou nesse país. Estou convencido que entramos no círculo virtuoso. Todos são responsáveis e o governo não colocará dificuldades para fazer o que for preciso. Enquanto houver empresários dispostos a investir no Brasil, não faltará crédito à produção”, garantiu.

No segundo dia do 79º Enic acontecem os painéis das Comissões Ténicas da CBIC.

Dia 4/10, a Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC, presidida por João Crestana, também presidente do Secovi-SP, vai debater os seguintes temas:

Palestra Sebrae – Lei complementar 127/2007 das micro e pequenas empresas, com André Spinola

Modelo Habitacional Mexicano, com Ana Maria Castelo, da FGV/SP; e João Cláudio Robusti, presidente do SindusCon-SP

Novo mercado imobiliário – pequenas e médias empresas, com Enio Pricladnitzki, vice-presidente do Sinduscon-RS; Romeu Pasquantonio, da Bovespa; Regis Dallagnese, da Rio Bravo Investimentos e Fábio Nogueira, da Brazilian Mortgage

Dia 5/10 (sexta-feira)

Segurança Jurídica Ambiental, com Antonio Herman Benjamin, Ministro do Superior Tribunal de Justiça; Mario Mantovani, diretor da Fundação SOS Mata Atlântica; Nilde Lago Pinheiro, consultora ambiental

Propostas de melhoria do crédito imobiliário, com Carlos Vianna, da Acceture