OBrasília Palace Hotel teve suas portas abertas em 1958. Nasceu parareceber as comitivas que iam conhecer a construção da nova capital doBrasil. Projetado por Oscar Niemeyer, o hotel obedecia aos conceitos domovimento moderno de arquitetura, com fachadas e pilotis livres, formasleves e suaves e os painéis artísticos de Athos Bulcão.

Com 13 mil m² de área construída, o hotel foi planejado para ter 160metros de comprimento e três andares, onde foram alojados 135apartamentos e um pilotis. O edifício tem também dois anexos, um dacozinha e outro destinado ao salão de festas, restaurante e bar. Estesegundo tem a forma de ameba, traço marcante de Niemeyer nas obras naPampulha, em Belo Horizonte, e no Ibirapuera, em São Paulo.

Símbolo do glamour, do savoir vivre e da modernidade que marcaram aBrasília dos anos 60, o hotel virou um símbolo nos seus primeiros 20anos. Hospedou grandes personalidades e artistas de todo o mundo, palcode grandes eventos.

Entre seus hóspedes ilustres,estiveram a rainha Elizabeth da Inglaterra, a primeira ministra IndiraGhandi, da Índia, Che Guevara, Fidel Castro, o presidente dos EUA,Dwight Eisenhower, o papa Paulo VI . Em 1959, o Brasília Palace foipalco do Congresso Internacional de Críticos de Arte, com a presença dePietro Ubaldi e Mário Pedrosa, que nele se hospedaram para discutir acidade modernista com críticos de todo o mundo.

Construído com dinheiro público pela Novacap (Companhia Urbanizadorada Nova Capital, empresa criada em 1956 com o objetivo de construirBrasília, no governo do presidente Juscelino Kubitschek), sucedida em1972 pela Companhia Imobiliária de Brasília (?Terracap?), o hotel foraarrendado, desde sua inauguração, pela empresa ?Prudência de GrandesHotéis?. Em 1978, por conta do curto-circuito que destruiu parcialmentesuas instalações, teve suas portas fechadas.

A empresaresponsável pela administração prometeu reabilitar o Brasília Palace em180 dias, mas o seguro não cobriu os prejuízos.
Nove anos foramgastos numa luta judicial entre a arrendatária (?Prudência de GrandesHotéis?) e a proprietária (?Terracap?). O hotel, que nascera para ser oWaldorf Astoria de Brasília, caiu no abandono e na deteriorização.Deixou de ser o centro político-social da capital para se tornar umemaranhado processo na Justiça. Nesses nove anos, o Brasília Palace foisaqueado e destruído. Até os canos foram roubados. Virou abrigo demendigos e teve os painéis originais de Athos Bulcão pichados,arrancados ou quebrados.

Em 1991, os artistas deBrasília organizaram uma manifestação. Protestaram contra o descaso.Foram ao Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico (Depha) e àSecretaria de Cultura pedir o restauro e a conservação do hotel. Oobjetivo era reunir elementos para o tombamento do edifício, de grandevalor histórico e arquitetônico, e construído ao mesmo tempo que oPalácio da Alvorada e a Igrejinha de Fátima.

Somente em1997, o governo do Distrito Federal recuperou o direito de licitar oBrasília Palace. Em março, o então governador Cristovam Buarque assinouo edital de concessão de uso e recuperação. As obras seriamsupervisionadas pelo Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico. Oedital de licitação para a recuperação e exploração comercial garantiaao vencedor a concessão de uso real da área de 65 mil quadrados por 15anos, renováveis por mais 15.

O vencedor pagaria umataxa mensal de ocupação, à ?Terracap?, de 1% do valor da área, avaliada,na época, em R$ 1,2 milhão, ou 2% sobre o faturamento mensal bruto doempreendimento. Depois de cinco anos de atividade, a empresa vencedorateria a opção de compra do imóvel, pagando apenas 20% do valor doempreendimento em funcionamento.

Única empresa a seapresentar à Terracap, atendendo às exigências do edital, o GrupoPaulOOctavio foi o vencedor. Representado na licitação pelo consórcioformado por suas empresas, ?Manhattan Hotéis e Turismo? e ?PrincipalConstruções Ltda.?, o Grupo PaulOOctavio, que tem suas raízesinstitucionais e empresariais fincadas em Brasília, se dispôs arecuperar o hotel.

A idéia é restaurá-lo como eraoriginalmente, com algumas adaptações que visavam a sua modernização,como ar condicionado e escada de incêndio.
Definidas todas asregras, o contrato foi assinado. O passo seguinte foi a contratação doescritório do autor da obra, o arquiteto Oscar Niemeyer, parasupervisionar o restauro. A regra principal era que nada poderia serperdido, interpretado de forma indevida ou desconsiderado pela equipe deengenharia. Era preciso resgatar cada detalhe na sua totalidade. Osprimeiros passos foram direcionados para a contratação e elaboração dosprojetos de restauração. Na seqüência dos ajustes feitos no projeto dearquitetura, foram iniciados os trabalhos de recuperação da estruturametálica.

O Grupo PaulOOctavio arcou com todos osrecursos aplicados na restauração do Brasília Palace. Porém, o retornodo investimento ainda não pode ser mensurado, pois a implantação estáapenas começando e sua operação foi iniciada em regime de soft-open. Nomomento, o mais importante, no processo de restauração, é o resgate damemória candanga, a devolução, à cidade, de sua primeira obra e suareintegração à vida de Brasília. Em breve estará nascendo o primeirohotel butique da Capital do País.