Se há uma crise lá fora, certamente, não fomos nós quem fizemos. E mais, o mercado imobiliário encontrará muito fôlego ainda nas próximas décadas, e pelas mãos dos ditos segmentos econômicos e super econômicos de imóveis, segundo Rodrigo Uchoa Luna, diretor da Plano & Plano Construções e Participações Ltda, empresa que faz proliferar empreendimentos que atendem diretamente as classes sociais que outrora nem sonhavam com a casa própria, e agora podem, inclusive, contar com itens que antes eram vistos apenas em empreendimentos de padrões mais elevados, como sacadas e áreas de lazer com opcionais.

Ainda de acordo com Uchoa Luna, a tendência é irreversível, e se revela como um grande nicho de mercado que inclusive poderá sustentar o setor ante a uma crise internacional que, certamente, causará reflexos no mercado nacional, mas não ao ponto de desestabiliza-lo. “Nos últimos 3 ou 4 anos, assistimos a uma série de fatos que foram preponderantes para que as classes carentes por habitação fossem atendidas”. O diretor refere-se a fatores macro-econômicos que incluem, por exemplo, o crescimento da riqueza nos estados, os seus significativos índices de PIB’s, a estabilidade empregatícia, com o conseqüente aumento da renda populacional, a redução da taxa Selic, o advento de marcos regulatórios para o setor – como a alienação fiduciária -, a ampliação do uso do FGTS nos financiamentos imobiliários, enfim, “ um conjunto de medidas que facilitam o acesso dos produtos às mãos de clientes em potencial”, segundo o empresário.

Além de tudo, a enorme necessidade de diversificação de empreedimentos para atender a uma nova demanda por imóveis econômicos levaram as empresas a mudar o foco de produção, rumo a um público-alvo chamado nova classe média.”Só para se ter uma idéia, o mercado nacional evoluiu algo em torno de 377% em apenas 3 anos”, revelou Uchoa Luna.

Atenção à crise – se nos EUA houve um uso totalmente irracional dos recursos e crédito nas últimas décadas, ao ponto de ninguém sequer imaginar aonde esse quadro vai dar. Já a tendência do mercado nacional certamente caminha para a estabilidade, mas, segundo o diretor da Plano & Plano, é preciso que o empresariado local fique atento. “Os pilares de sustentação de nosso ciclo virtuoso chama-se emprego e renda. Se o comprador não tiver recursos e crédito, o mercado vai à mingua”, sentencia. Por esse e outros motivos, é preciso que tanto iniciativa privada quanto governo lutem para preservar o que já se conquistou até agora, ou seja, houve um ganho real de renda, principalmente entre as classes C e D. “Com isso, nossa taxa de desemprego é certamente a menor desde o início da década de 90, e não chega aos 8%”, informa o especialista.

Ainda, Uchoa Luna fez referência aos índices sócio-demográficos que voltam os olhos do mundo econômico internacional para o País. “Embora nosso déficit habitacional beire a casa das 8 milhões de unidades, estamos em destaque global em função da nova classe média, e esse dado também mostra o quanto nosso mercado pode explorar e ganhar com essa oportunidade”, analisou.

O painel, coordenado por Mauro Pincherle, diretor de Mercado da vice-presidência de Comecialização e Marketing do Secovi-SP, também contou com a participação de Marcelo Pedro Moacyr, diretor de Engenharia e Construção da Bairro Novo Empreendimentos Imobiliários, que na ocasião fez breve análise das necessidades do mercado nacional, traçando um perfil do cenário futuro do setor no País. “Estamos focados especialmente na área tecnológica e construtiva”, disse.

A Convenção Secovi continua até o próximo domingo, 28/9, paralela à terceira edição do Salão Imobiliário São Paulo (SISP), no Parque Anhembi, zona Norte da capital. Outras informações em www.convencaosecovi.com.br.