Os primeiros meses de 2009 reservaram uma ingratasurpresa aos condomínios paulistanos. A onda de arrastões voltou aassolar os edifícios da cidade. E, desta vez, o alvo parece ser também aclasse média.
Esse quadro tem uma explicação, segundoFlorival Ribeiro, consultor em Segurança há mais de vinte anos. ?Devidoà grande preocupação com o combate a essa modalidade de crime, que teveo seu pico por volta de 2006 e se manteve linear entre 2007 e 2008, asditas quadrilhas esfacelaram-se, e os criminosos partiram parainvestidas particulares, ainda nos condomínios, mas especificamente emunidades isoladas. Tal prática tornou-se mais lucrativa?, afirma ele.
Contudo, à medida que foram adquirindo experiência, osmeliantes começaram a formar novas quadrilhas e voltaram a atacar.Obtiveram ainda mais sucesso, mesmo mantendo o modus operandi deantes, conforme explica Ribeiro, que também é instrutor da UniversidadeSecovi, onde, ao lado de mais dois diretores da entidade ? Sergio Meirae Guilherme Ribeiro ?, ministra o curso Segurança Predial, um clássicoque há vinte edições lota salas de aula na capital e nas regionais doSindicato no interior. ?Todos, funcionários, condôminos e demaisinterlocutores do setor, ficaram desatentos e esqueceram-se doprincipal: o importante é não dar oportunidade?, conclui.
Não se tem notícia ou dados oficiais precisos sobre as ocorrênciascorriqueiras de roubos e furtos em condomínios. Porém, informações doDepartamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) da PolíciaCivil do Estado de São Paulo dão conta que esses delitos ocorremdiariamente, e são bem diferentes dos arrastões. Na opinião do delegadotitular da 2ª Delegacia de Roubos e Furtos do Deic-SP, Edison Remigio DeSanti, a conscientização e a adoção de ações práticas para combater osarrastões devem partir dos próprios condôminos. ?Naturalmente, é precisoinvestir em tecnologia e treinamento, mas esses itens são apenas umaponta do iceberg e meras ferramentas de um grande elo?, diz.
Para ele, são as pessoas que garantirão o funcionamento dequalquer programa de segurança nos edifícios. ?Muitas vezes, ao invés deprestigiarem funcionários que coordenam o acesso de visitantes, osmoradores dão bronca nesses profissionais?, sublinha o delegado. Elegarante que a polícia tem atuado forte no combate a esse tipo de crime.?Trabalhamos continuamente para identificar e prender os marginais quecometem esse e outros delitos?, reafirma o delegado.
Ovice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP,Hubert Gebara, traça algumas considerações importantes sobre o assunto.?Sabemos que existem falhas tanto técnicas quanto humanas, mas opoliciamento público também tem sua parcela de responsabilidade noprocesso. É uma luta árdua, de guerrilha, mas acredito que, com a reaçãoda polícia, com o preparo dos funcionários por meio de cursos e com aconscientização dos moradores, conseguiremos reverter mais uma vez asituação?, assinala.
O vice-presidente do Sindicato defendeum critério apurado na seleção de pessoal ? tanto por parte docondomínio quanto dos condôminos ?, maior investimento e cuidado napreparação e no aperfeiçoamento profissional dos funcionários deedifícios e, naturalmente, na conscientização contínua dos condôminospara a questão. ?Cada qual deve fazer a sua parte, tanto a políciaquanto os demais atores do universo condominial. Não devemos nuncaesquecer que o preço da liberdade é a eterna vigilância?, completa.
Vigilância particular
De acordo com oSindicato das Empresas de Segurança e Vigilância do Estado de São Paulo(Sesvesp), aproximadamente 70% dos condomínios brasileiros (de médio egrande porte) com vigilância armada estão à mercê de empresas poucoqualificadas. O que à primeira vista pode parecer mero detalherepresenta grande risco, porque as armas não bastam para tornar ocondomínio mais seguro. É preciso, ainda segundo o sindicato, um projetode segurança que inclua análise de risco, normas e procedimentos, alémde um plano de contingência, para ser acionado em situaçõesemergenciais. Para que um vigilante armado esteja no interior docondomínio sem representar perigo, é necessário estar atento à posiçãoda guarita e ainda aos equipamentos de segurança disponíveis. Éimportante também obter um levantamento das ocorrências mais comuns naregião.
Por força de lei federal, os vigilantes sãoobrigados, a cada dois anos, a passar por uma reciclagem. Além disso, acontratação de qualquer funcionário ou prestador de serviço tem de sercriteriosa. Não se pode, por exemplo, abrir mão do atestado deantecedentes criminais e de referências.
Por maisassustador que possa parecer o fato de o crime organizado fazer, namaioria das vezes, suas abordagens fortemente armado, raramente seusintegrantes disparam. ?O intuito não é esse, mas sim praticar o delitoem sua essência, ou seja, levar o máximo possível de valores dosmoradores e das unidades do edifício?, comenta Florival Ribeiro.
Como conta o consultor, esses bandidos levam meses, atéanos, arquitetando seus planos baseados em falhas de segurança doedifício, e não será nessa hora ? a menos que um evento extremo osconduza a isso ? que eles porão tudo a perder. ?Assim, nesse momento, oautocontrole é essencial, afinal uma ação rápida e certeira isolará aomáximo o acesso às outras áreas do condomínio?, diz o especialista.
Leia a reportagem completa na edição impressa darevista Secovi Condomínios, número 195 (maio 2009). Adquira seu exemplarna Biblioteca do Secovi-SP (rua Dr. Bacelar, 1043 – Vila Clementino),telefones 5591-1237/1238 e e-mail biblioteca@secovi.com.br.