Secovi-SP e SindusCon-SP realizaram o IV Encontro de Construtores e Incorporadores na sede do Sindicato da Habitação dia 7 de dezembro. Com o tema “Gestão e tecnologia inovando o setor imobiliário”, o evento contou com um time de palestrantes que falou sobre tendências tecnológicas, de inovação e projetos que estão afetando o produto imobiliário.
Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP, área responsável pela realização do seminário, descreveu o cenário atual em que os profissionais presentes no evento estão inseridos e seus desafios. “Vivemos em um ambiente em que concorremos com uma quantidade excessiva de empresas, muitas delas sem capacidade técnica, sem cumprimento de normas, com uma desvalorização de projetos muito grande – há empresas que estimulam engenheiros de obra a mudar o projeto para reduzir custo. O consumidor não tem condições de separar o joio do trigo”, comentou Borges.
“Por outro lado, temos empresas conscientes de que precisamos mudar para melhorar a qualidade e diminuir riscos, já que, hoje, cada vez mais decisões judiciais estão sendo tomadas com base em cumprimento ou não de normas. O público aqui presente tem consciência e pode colaborar para uma mudança cultural no Brasil, disseminando informações como estas vistas aqui”, disse.
“Gerenciando empreendimentos em tempos de inovação disruptiva” foi o tema do primeiro painel, dividido entre Alex Urbano, presidente do PMI (Project Management Institute), e Eduardo Militão, CEO da IBEN Engenharia. Urbano destacou a mudança no perfil do gerente de projetos, que agora deve se concentrar mais nos chamados soft skills, como habilidades de liderança, capacidade de interagir, compartilhar e motivar pessoas. Segundo ele, esses soft skills são mais difíceis de serem desenvolvidos do que os técnicos. “Está fadado ao fracasso aquele gerente de projetos mais técnico. Ele precisa saber lidar com pessoas e ter a visão do todo do negócio”, disse Urbano.
Eduardo Militão falou sobre a tendência da produção imobiliária como serviço, e este repleto de life style. “As pessoas não consomem carro e casa, mas transporte e moradia, por exemplo, que são serviços prestados ao longo de uma vida de acordo com a necessidade de cada fase, estilo de vida entre outros”, disse o CEO da Iben. Ele falou sobre a complexidade cada vez maior em projetos e que o sucesso depende de uma boa definição de escopo – aí ele encaixou as dez áreas de conhecimento do PMBOK (manual de boas práticas de gerenciamento de projetos do PMI): integração, escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos, aquisições e partes interessadas.
Militão trouxe a importância de coleta e armazenamento de dados de forma estruturada, que passarão por um trabalho de mineração/refino para aplicação disruptiva em produtos e serviços futuros. Um grande aliado a esse trabalho é a metodologia PMI.
Escopo de projetos – Maria Angélica Covelo, da NGI Consultoria e Desenvolvimento, abordou o tema “Escopos de projeto para atender à norma de desempenho” em sua palestra. De acordo com ela, no Brasil existem 50 mil empresas de construção e metade não deveria existir porque produz produtos não conformes, que não atendem a normas, critérios e requisitos. “As normas existem para que se tenha uma competição saudável no mercado. Quem atende normas e é conforme deve estar no topo da prioridade do consumidor”, afirmou. Covelo coordenou a revisão dos Manuais de Escopo de Projeto, que ganharão um capítulo com escopo para atendimento dos requisitos da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15.575), modelos de memoriais descritivos, entre outras novidades que poderão ser conferidas a partir de janeiro de 2019, quando a versão beta estará disponível no site e em março a versão definitiva nas novas plataformas (site e aplicativo).
“IoT para o gerenciamento da produtividade na construção civil” foi tratado por Luis Iervolino, diretor da CCDI – Camargo Correia Desenvolvimento Imobiliário. De acordo com ele, até 2020, 50 bilhões de dispositivos (ou 6,5 dispositivos/pessoa) estarão conectados no mundo, o que significa um oceano gigantesco de dados coletados e interligados que podem virar informação para apoiar decisões estratégicas. Alguns exemplos da aplicação de IoT (internet das coisas) nos setores da construção civil e imobiliário são botas, jaquetas, drones, sensores, óculos de realidade aumentada, entre outros, que fornecem informações que alimentam relatórios e documentação de acompanhamento de obra, projeto, checklists e que permitem melhorias na gestão de pessoas, logística e materiais, por exemplo.
Hoje é possível fazer acompanhamento de obras de forma digital, por meio de tablets com informações completas. “Conseguimos resolver e elucidar qualquer dúvida a obra, pois temos à mão o projeto, checklists, lista de fornecedores, contratos, normas, conseguimos registrar problemas com fotos e notas e atribuir a tarefa a alguém, gerando histórico. Há ganho de tempo e aumento de produtividade”, disse Iervolino.
Segundo o diretor da CCDI, com sensores de localização em tempo real de profissionais no canteiro de obras, é possível quantificar tempo trabalhado, permanências em áreas, delimitar áreas de acesso, medindo a produtividade individual dos colaboradores. Na gestão de materiais, com uso de RFID (espécie de etiqueta eletrônica) e QR Code, o desperdício é reduzido drasticamente.
Com a adoção das novas tecnologias, a CCDI conseguiu, entre outros resultados positivos, reduzir de quatro para um chamado de assistência técnica no primeiro ano de entrega de imóvel e reduziu o equivalente a uma árvore por torre construída.
A última palestra abordou como os dados extraídos e combinados de fontes diversas e analisados através de uma solução de Big Data Analytics podem entregar informações extremamente importantes para a melhoria do desempenho do negócio. Kleyton Volpato, responsável na Neoway pela unidade de negócios de construção civil, apresentou um caso prático do mercado imobiliário, demonstrando como é possível obter informações para direcionar os esforços de marketing para clientes que tenham potencial de compra alinhados com o perfil do produto.
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