EDSON VALENTE EDITOR-ASSISTENTE DE IMÓVEIS E CONSTRUÇÃO

Comprar um imóvel na planta tem, hoje, uma segurança que dispensa o”ver para crer” de são Tomé, mas ainda pode causar pequenos contratemposapós a entrega das chaves.
Uma lei de 2003 prevê que o prédio sejaconcluído mesmo que a construtora vá à falência -outra empresa, no caso,assume a obra.
Isso não impede sustos como o que Mike Martins, 23,contador, e Silvana Deolinda, 28, jornalista, tiveram ao comprar umapartamento na planta.
“Descobri na vistoria que há uma pequenafavela ao lado do condomínio, que não é visível quando se passa emfrente a ele. Olhando da minha sacada, ela fica bem abaixo e podedesvalorizar o imóvel”, lamenta ela.
Para ajudar na identificação dequestões como essa, que já podem ser detectadas na fase de projeto, aempresa paulistana Instituto Valor Ambiental desenvolveu umacertificação que foca o bem-estar dos futuros moradores de um imóvelmesmo ainda não construído.

Os itens de qualificaçãonão se referem apenas à sustentabilidade do empreendimento. “O enfoque éa qualidade de vida do ocupante”, explica Edson Ferreira, 51, diretor doIVA.
Assim, “temas” como uso racional de energia encontram-se lado alado com, por exemplo, “amenidades” -existência de espaços de lazer nocondomínio.
Ferreira conta que a análise inclui entrevistas comprojetistas e arquitetos, visita ao local da construção e levantamentode dados em órgãos públicos, como a Cetesb (Companhia de Tecnologia deSaneamento Ambiental), e na prefeitura.
Nesta é verificado, porexemplo, o tipo de zoneamento do local, o que pode informar o risco deter um bar como vizinho.
A emissão do certificado leva de 30 a 45dias, com o envolvimento de uma “equipe multidisciplinar de três ouquatro pessoas”. Sua validade é de três anos, e ele classifica o imóvelcomo platina, ouro ou prata, segundo o nível de aprovação para cerca de120 perguntas.
O certificado é acompanhado de um relatório detalhadosobre as condições avaliadas. Ele deve ser exigido pelo interessado noimóvel -que tem ainda a opção de sair, por conta própria, à caça dessasinformações.
Um prédio de Campinas (SP) foi o primeiro a serqualificado, e outros dez estão em processo de avaliação -todos nointerior do Estado de São Paulo.

Conselho brasileiro

O IVA (Índice Valor Ambiental), que carimbaprédios residenciais, comerciais e industriais, não foi avaliado peloCBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável).
“Ainda não oconheço em detalhes”, diz Vanessa Gomes, membro do conselho.
JoãoCrestana, 53, presidente do Secovi-SP (sindicato de administradoras eimobiliárias), afirma que “não conhece” o IVA. “Mas o mercado ganha comavaliações de institutos independentes, se forem sérios.”

ONDE

www.institutovalorambiental.com.br